Raphael Nunes nasceu em uma família modesta, onde o conforto era medido em sorrisos compartilhados e esforços diários. Nem ricos, nem totalmente pobres, seus pais viviam numa condição que oscilava entre o querer e o ter. Sua mãe, dedicada veterinária, nutria o dom do elemento Natureza, enquanto seu pai, ex-soldado na famosa guerra dos 599 anos, hoje liderava com orgulho um pequeno ramo na construção de armas e armaduras – portador do elemento Guerra, um dom tão raro quanto desafiador de se obter logo nos primeiros anos de magia.
Desde cedo, Raphael esteve imerso em um mundo onde a magia era parte do cotidiano. Em uma terra onde cada pessoa podia acolher até três elementos em seu corpo, o garoto sempre parecia ter um brilho especial, um contato intuitivo com a essência mágica que muitos jamais experimentariam.
Raphael era um jovem de estatura magrinha, pouco mais de 1,50 metros, sem nenhuma especialidade aparente, apesar de sentir magia já desde novo – simplesmente, um garoto à espera do seu destino. Seus traços o destacavam: heterocromia marcava seus olhos, um azul que lembrava os céus límpidos e um roxo tão profundo quanto os mistérios da noite; seu cabelo curto e muito escuro contrastava com a pele clara, não etérea como a água, mas suave e singela como um sorvete de baunilha em dias de verão.
A casa onde moravam era simples, composta por dois quartos, um banheiro e uma cozinha que também servia de sala de estar. No quintal, uma dispensa robusta guardava os vestígios do trabalho do pai – ferramentas, peças e memórias que falavam de batalhas passadas e de um futuro forjado a ferro e magia. Localizada distante tanto da escola quanto do antigo castelo real – outrora lar do pai de Raphael –, a residência era um refúgio simpático.
Naquele momento, Raphael caminhava pelos corredores do sotão, que naquele momento fazia de seu quarto lá. Sem amigos para se divertir, ele carregava consigo o peso de ser diferente. Mesmo com o toque mágico sempre presente, algo em seu destino parecia desafiar as expectativas dos que o cercavam.