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BETWEEN MONSTER AND BLOOD

TSUKI_Sama
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Chapter 1 - Monstros

O vento cortava as ruínas da cidade morta como um lamento fantasmagórico. O mundo estava podre, uma casca vazia do que um dia foi. O concreto rachado dos prédios ainda sustentava a sombra de uma civilização que não existia mais. Postes tombados, carros carbonizados e esqueletos espalhados pelas ruas, retorcidos em expressões de horror, contavam a história de um fim violento e sem glória.

Eli, uma garota pequena de olhos verdes como esmeraldas perdidas na escuridão e cabelos negros como as sombras que a cercam, ela aparenta ter entre 17 a 20 anos e 1,55m de altura.

Ela vagava pelas ruas sombrias daquele lugar caminhando em silêncio, seus passos leves e calculados ecoando entre os escombros. Os olhos verdes esmeralda varriam cada canto, atentos. A espingarda de cano serrado descansava em suas mãos pequenas, mas firmes. Ela não podia se dar ao luxo de baixar a guarda. Nunca.

Seu estômago roncava em protesto. Já fazia três dias desde sua última refeição decente – um coelho magro que conseguiu caçar nos arredores da cidade. Agora, ela precisava encontrar algo mais. Comida de verdade.

Ela se aproximou de um prédio de concreto gasto e coberto de musgo. O letreiro quebrado indicava que, um dia, aquele lugar foi um mercado. As portas de vidro haviam sido destruídas, e cacos espalhados pelo chão refletiam a luz pálida do céu nublado. O cheiro de mofo e carne podre impregnava o ar.

Eli respirou fundo e avançou para dentro.

O interior era um cenário de desolação. Prateleiras caídas, pacotes rasgados e manchas escuras pelo chão – sangue antigo, seco e enegrecido pelo tempo. Havia corpos ali, alguns mais velhos do que outros. Ela não se demorou neles. Não adiantava sentir nojo ou piedade. Não mais.

Movendo-se em silêncio, Eli vasculhou entre os destroços. Sabia que dificilmente encontraria algo fresco, mas comida enlatada podia ter resistido. Suas mãos ágeis remexeram entre embalagens rasgadas, latas amassadas e pacotes de arroz estourados.

Seu coração acelerou quando encontrou algo útil: duas latas de feijão e uma de milho, um verdadeiro banquete comparado ao que vinha comendo.

Um ruído.

Eli congelou.

Um som baixo, úmido. Como algo rastejando sobre concreto.

Virando-se lentamente, segurou sua espingarda com mais firmeza. Os olhos varreram as sombras entre as prateleiras caídas. Nada.

Seu coração martelava contra o peito.

Foi então que o som veio novamente. Mais próximo.

Um estalo repentino.

Eli pulou para trás no mesmo instante em que uma coisa surgiu das sombras.

A criatura era baixa, quadrúpede, a pele disforme e pegajosa, coberta de feridas abertas e pulsores pulsantes. Seu crânio era longo, a mandíbula se esticava em um ângulo impossível, revelando fileiras de dentes irregulares e afiados. Os olhos – se é que tinha algum – eram apenas buracos negros na carne podre.

Ela não teve tempo de pensar.

A coisa saltou, veloz como um lobo enlouquecido. Eli mal conseguiu rolar para o lado antes que a criatura se chocasse contra uma prateleira, derrubando tudo em um estrondo metálico.

O impacto levantou poeira, cegando-a por um segundo.

Tateando o chão, ela se levantou de joelhos e engatilhou a espingarda.

O monstro já estava de pé. Saliva escorria de sua boca disforme, pingando no chão e corroendo o concreto como ácido.

Eli mirou. Atirou.

O disparo ensurdecedor ecoou pelo mercado.

O tiro pegou no ombro da criatura, arrancando um pedaço de carne apodrecida e expondo ossos retorcidos, mas isso não a deteve. O monstro rosnou e atacou de novo.

Dessa vez, foi mais rápido.

Eli não teve tempo de esquivar. A coisa bateu contra ela com força, derrubando-a no chão. Sua espingarda escorregou de seus dedos, deslizando para longe.

A dor explodiu em seu peito quando a criatura a prensou contra o concreto sujo. Suas garras cravaram na carne de Eli, e um cheiro insuportável de putrefação a envolveu.

Ela gritou, lutando para afastá-la, mas as garras fincaram mais fundo. O monstro aproximou o rosto grotesco do seu, a boca se abrindo mais e mais, como se fosse engoli-la inteira.

Seu sangue gelou.

Em um ato desesperado, Eli enfiou os dedos nos buracos negros onde deveriam estar os olhos da criatura.

O monstro urrou em dor, se contorcendo. Aproveitando a brecha, Eli se contorceu para o lado, deslizando para longe de suas garras.

Ela engatinhou até sua espingarda. Seus dedos tocaram o cabo frio no mesmo instante em que a criatura investiu novamente.

Eli girou no chão e puxou o gatilho.

O segundo tiro atingiu bem no meio da cabeça.

A criatura estremeceu. Seu corpo convulsionou violentamente, os músculos se torcendo de maneira antinatural. Então, caiu para o lado, finalmente imóvel.

O peito de Eli subia e descia rapidamente. Suas mãos tremiam.

Ficou ali, deitada no chão frio e sujo, recuperando o fôlego. O cheiro de sangue e pólvora queimava suas narinas.

Depois de um tempo, se forçou a se levantar. Pegou sua mochila, jogando as latas dentro.

Mas antes de sair, olhou para a criatura morta.

Aquela coisa não estava ali por acaso. Isso significava que outras poderiam estar por perto.

O barulho dos tiros…

Eles ouviram.

Eli precisava sair dali. Rápido.

Mas talvez já fosse tarde demais.

Eli cambaleou, pressionando o peito ensanguentado. A dor pulsava como fogo sob sua pele, e cada movimento era um esforço. Mas ela não podia parar. O mercado não era seguro. Os tiros chamariam mais daquelas coisas.

Ela seguiu em direção à saída, os passos incertos ecoando no piso rachado. O ar lá fora parecia mais pesado do que antes.

Então, ao atravessar as portas destruídas, ela congelou.

Havia algo ali.

Um ser alto, envolto em um manto negro esfarrapado, parado bem na frente da saída. Seu rosto estava coberto por uma máscara completamente branca, sem nenhuma expressão, sem olhos, sem boca. Apenas um vazio liso e inquietante.

Eli sentiu o sangue gelar.

Sem hesitar, ergueu a espingarda, mirando bem no centro daquela máscara. Seu dedo se preparou para puxar o gatilho—

E então, tudo virou de ponta-cabeça.

O mundo girou em um instante impossível. Seu estômago revirou, seu equilíbrio desapareceu. Como se a realidade ao seu redor tivesse sido arrancada de suas mãos.

Seus olhos se arregalaram em puro terror.

O que estava acontecendo?

Foi rápida demais. Ela nem viu. Nem entendeu.

A arma escorregou de seus dedos trêmulos.

Seu corpo caiu, o chão se aproximando como um borrão.

A última coisa que viu foi aquela figura, parada ali, sem reação, sem voz, apenas observando.

O mundo escureceu.