Weder Compartilha Seu Plano
O vilarejo, talvez perto da casa de Freur ou em algum ponto onde os amigos costumam se reunir.
Weder, agora com 18 anos, se aproxima dos outros, seu rosto sério e determinado. Ele sabe que a missão que tem pela frente não será fácil, mas está pronto para tomar um risco, especialmente após todo o tempo que passou no exército. Seu olhar encontra os amigos de Kawe, que já cresceram, mas ainda compartilham o mesmo espírito de busca por respostas.
Weder: "Eu tomei minha decisão. Vou me alistar no exército."
Todos se entreolham, surpresos, mas sabem que Weder tem uma razão para isso. Ele já demonstrou ser alguém focado e determinado, e agora, com o golpe que aconteceu no reino, isso não pode mais ser ignorado.
Emylia: "Você quer ir para o exército... por que?"
Weder: "Eu preciso descobrir o que realmente aconteceu naquele golpe. Acredito que o exército tem informações que ninguém mais tem. O rei foi derrubado, mas o que aconteceu com o príncipe e a princesa? Eles sumiram, e ninguém fala sobre isso. E eu vou encontrar a resposta."
Kawe (pensativo): "E o que exatamente você vai fazer lá?"
Weder: "Vou me infiltrar. Vou usar o exército para descobrir o que eles sabem sobre o golpe, as intenções do protetor do reino e, principalmente, o paradeiro do príncipe e da princesa. Sei que não posso fazer isso sozinho."
Krutz (com seu jeito direto): "E qual é o nosso papel nisso?"
Weder: "Quero que todos ajudem a procurar qualquer pista sobre o príncipe e a princesa. Se souberem de algo, qualquer coisa que pareça importante, me avise. Eu preciso de todas as informações possíveis."
Kawe, sempre atento e calmo, olha para Weder. Ele sabe que isso será uma missão difícil, mas também entende a importância da busca de Weder.
Kawe: "Você não está sozinho. Vamos ajudar no que for preciso. Encontrar pistas vai ser difícil, mas sabemos que você não vai desistir."
Emylia (determinada): "Eu também vou ajudar. Se o príncipe ou a princesa ainda estão vivos, alguém deve saber por onde eles passaram. Vamos procurar tudo que pudermos."
Krutz (com um sorriso irônico, mas sério): "E se a coisa ficar feia, já sabe que eu vou estar lá para dar uma mão."
Weder (acena com a cabeça, sério): "Eu confio em vocês. Não vou descansar até saber a verdade."
Com um último olhar determinado, Weder se afasta. O grupo permanece ali, em silêncio, refletindo sobre o peso da missão que acabaram de assumir. Embora cada um tenha sua própria jornada, eles sabem que seus destinos estão entrelaçados, especialmente com tudo o que está acontecendo ao redor deles.
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Capítulo: A Verdade Enterrada
O som da cidade vibrava ao redor de Kawe e Emylia enquanto caminhavam pelas ruas estreitas da capital. O cheiro de pão recém-assado se misturava com o de ferrugem e suor dos soldados que passavam apressados. Eles haviam acabado de se instalar em uma pousada simples quando a recepcionista entregou uma carta a Kawe.
Ele franziu a testa ao ver o selo vermelho e dourado com um emblema desconhecido. Seus dedos trêmulos rasgaram o lacre e seus olhos correram pelas palavras escritas com uma caligrafia firme e imponente:
"Kawe Liverston,
Seu pai, Logker Liverston, era um de nós.
Você precisa ouvir a verdade. Venha até a sede do clã Onazuma."
A carta parecia queimar em suas mãos. A mente de Kawe foi inundada por memórias do passado—seu pai treinando com ele, sua mãe em luto, a katana deixada como herança. Seu coração acelerou.
— Kawe? — Emylia perguntou ao ver o olhar sombrio no rosto do amigo. — O que foi?
Ele não respondeu. Dobrou a carta, virou-se e saiu pela porta sem uma palavra.
— Kawe, espera! — Emylia correu atrás dele, mas a multidão da capital o engoliu rapidamente.
O Encontro com o Clã
Kawe não pensou duas vezes antes de invadir a sede do clã Onazuma. Dois guardas tentaram barrá-lo na entrada, mas ele os empurrou para o lado com facilidade, movido por pura raiva. Ele atravessou o grande salão de madeira escura, o cheiro de incenso impregnando o ar.
— Saiam do meu caminho! — rugiu, seus punhos cerrados.
De repente, soldados surgiram de todos os lados e o imobilizaram. Joelho no chão, braços torcidos para trás, ele gritou de raiva.
Foi então que ouviu o som de passos calmos.
Kawe ergueu os olhos e viu um velho parado à sua frente. Ele era magro, de pele enrugada, usando um quimono preto adornado com símbolos dourados. Em sua mão direita, uma bengala de madeira escura. Seu olhar afiado perfurou Kawe como uma lâmina.
O silêncio reinou por alguns instantes antes que o velho falasse:
— Esperava mais de você. Pensei que seria mais racional.
Com um único movimento, ele bateu a bengala no chão, e Kawe sentiu uma estranha pressão no ar, como se sua própria respiração tivesse sido arrancada.
— Você nos considera inimigos, e nós te consideramos um inimigo também — continuou o velho, sua voz fria como gelo. — Mesmo assim, invade nossa base de peito aberto, sem estratégia alguma. Você realmente é mais burro do que pensei.
Ele ergueu a bengala e, num piscar de olhos, revelou o que estava escondido dentro dela—uma katana. A lâmina fina brilhou à luz das tochas.
O velho apontou a espada para o pescoço de Kawe e sorriu de lado.
— Agora me diga… eu deveria cortar a sua cabeça agora ou depois?
Continua...
A Decadência do Reino
Weder caminhava pelas ruas da capital, observando atentamente cada detalhe ao seu redor. A cidade era grande, movimentada e cheia de vida, mas não da forma que ele esperava. No centro, os edifícios eram altos e luxuosos, as ruas eram limpas, e as pessoas vestiam roupas refinadas. Nobres passavam em carruagens adornadas, conversando e rindo como se não houvesse nada de errado. No entanto, conforme Weder se afastava do centro, a realidade se tornava bem diferente.
Os becos eram apertados e fétidos, com crianças sujas correndo descalças entre barracos mal iluminados. Os olhares das pessoas eram cansados, desconfiados. O cheiro de comida estragada misturava-se ao de suor e fumaça de fogueiras improvisadas. Ele notava que muitas lojas estavam fechadas, algumas claramente abandonadas.
Após algum tempo, ele encontrou uma taverna de aparência simples, mas movimentada. Ele entrou, caminhando até o balcão e pedindo uma bebida. O atendente, um homem robusto com cicatrizes nos braços, o olhou com curiosidade antes de servi-lo.
— Você não parece ser daqui — comentou o taverneiro, limpando um copo com um pano encardido.
— Estou de passagem — respondeu Weder, bebendo um gole. Ele olhou ao redor e depois se inclinou ligeiramente sobre o balcão. — Esse lugar sempre foi assim?
O taverneiro soltou uma risada amarga.
— Antes do golpe, esse distrito era um dos melhores para se viver. O antigo rei pode não ter sido perfeito, mas pelo menos ele se preocupava com o povo. Desde que aquele maldito usurpador tomou o trono, fomos esquecidos. Os impostos subiram, os guardas deixaram de patrulhar a área, e os nobres lá de cima só se preocupam com os próprios bolsos.
Weder franziu a testa.
— E ninguém pensou em se rebelar? Se o povo se unisse, poderiam forçar o rei a ouvir vocês.
O taverneiro riu de novo, dessa vez de forma mais cínica.
— Você é ingênuo, garoto. Os nobres não estão nem aí para a gente. Para eles, não passamos de lixo. Se tentássemos nos rebelar, seríamos esmagados antes mesmo de chegar às portas do castelo.
Weder ficou em silêncio, refletindo sobre as palavras do homem. Ele terminou sua bebida e se levantou, deixando algumas moedas no balcão antes de sair.
Do lado de fora, a noite já havia caído. Ele estava prestes a voltar para a hospedaria quando ouviu um grito abafado vindo de uma viela próxima. Ele se aproximou discretamente e viu um grupo de três soldados do exército do reino cercando um comerciante idoso. O homem estava de joelhos, segurando um saco de moedas enquanto os soldados riam.
— A taxa subiu de novo, velho — disse um dos soldados, chutando o saco de moedas para longe. — Ou você paga, ou seu negócio some da noite para o dia.
O comerciante implorou:
— Eu já paguei os impostos esse mês! Por favor, eu tenho uma família para sustentar!
Outro soldado puxou a gola da camisa do velho e o ergueu um pouco do chão.
— E eu tenho sede. Então me pague uma rodada na taverna e talvez eu esqueça dessa sua dívida.
Weder cerrou os punhos, sentindo a raiva crescer dentro de si. Se o próprio exército estava extorquindo civis, então o problema era ainda maior do que ele pensava. Ele respirou fundo e se forçou a se acalmar. Ele sabia que, sozinho, não poderia mudar nada naquele momento. Se tentasse interferir, provavelmente seria jogado numa cela ou, pior, morto.
Ele deu um último olhar para a cena e seguiu seu caminho, mas agora tinha uma certeza: ele precisava entrar no exército, subir na hierarquia e mudar as coisas por dentro. E para isso, ele contaria com Krutz.
O Alistamento de Weder e Krutz
O sol da manhã iluminava a enorme praça em frente ao quartel militar da capital. Homens jovens e robustos formavam filas para o alistamento, ansiosos para se tornarem soldados do reino. Alguns estavam ali por honra, outros por dinheiro, e alguns apenas para ter um prato de comida garantido todos os dias.
No meio da multidão, Weder e Krutz caminhavam lado a lado, observando os detalhes ao redor. O quartel era uma construção imponente, com muros altos de pedra e estandartes do reino tremulando ao vento. Guardas patrulhavam os arredores, garantindo que tudo ocorresse sem problemas.
Krutz olhou para Weder com uma expressão desconfiada.
— Tem certeza disso? Eu prefiro lutar de verdade do que ficar marchando por aí e ouvindo ordens de uns idiotas.
Weder sorriu de canto.
— Confia em mim. Se queremos mudar alguma coisa, precisamos estar dentro do sistema.
Krutz cruzou os braços.
— E por que eu tenho que esconder que tenho magia?
— Porque um soldado normal não recebe muita atenção — explicou Weder. — Se souberem que você tem magia, vão te tratar diferente. Você pode acabar sendo usado como uma peça em algum plano que não conhecemos. Primeiro, entramos e entendemos como o exército funciona. Depois, vemos a melhor hora para mostrar o que temos.
Krutz bufou, mas assentiu.
— Tá bom, tá bom. Mas se um idiota vier pra cima de mim, eu não vou segurar os socos.
Os dois se juntaram à fila, esperando sua vez. Oficiais passavam entre os recrutas, observando cada um com olhos treinados. Um deles, um homem de meia-idade com cicatrizes no rosto e uma armadura bem cuidada, chamou a atenção de Weder. Ele parecia ser alguém importante dentro do quartel.
Quando chegou a vez deles, um soldado com uma prancheta fez as perguntas básicas.
— Nome?
— Weder.
— Krutz.
— Idade?
— 20 — respondeu Weder.
— 19 — disse Krutz.
O soldado os analisou por um momento antes de continuar.
— Alguma experiência em combate?
Krutz deu um passo à frente.
— Eu sou forte o bastante pra quebrar ossos com um soco. Isso conta?
O soldado ergueu uma sobrancelha, sem parecer impressionado.
— Vamos ver isso mais tarde. Agora, altura, peso e estado de saúde.
Eles responderam as perguntas, e o soldado anotou tudo na prancheta. Então, apontou para uma área separada.
— Vocês dois, sigam para os testes físicos.
Eles seguiram pelo portão do quartel, onde vários recrutas eram levados para uma grande área de treinamento ao ar livre.
— Agora começa a parte divertida — disse Krutz, estalando os dedos.
Weder sorriu, mas sabia que aquele era apenas o começo. O que eles encontrariam dentro do exército ainda era um mistério, mas uma coisa era certa: eles precisavam subir na hierarquia o mais rápido possível.
Cena - O Confronto com o Líder do Clã Onazuma
Kawe estava em um estado de fúria cega. Seus músculos tensos e sua respiração pesada demonstravam a raiva crescente dentro dele. Ele estava cercado por guardas e soldados do clã Onazuma, e todos pareciam esperar que ele fosse se dobrar. Mas Kawe, com o olhar furioso fixado no líder à sua frente, não estava disposto a se submeter.
O velho, com uma expressão fria e impassível, observava Kawe com um sorriso sádico. "É tão fácil me matar aqui e agora", disse o líder, sua voz baixa, quase como um sussurro. "Mas não vou fazer isso, não ainda. Eu tenho planos para você, garoto."
Kawe, ainda imobilizado, mordeu os dentes, respondendo com desprezo: "Nunca vou fazer parte dos seus planos, velho maníaco. Pode tentar, mas não vai me usar."
O líder do clã Onazuma não respondeu com palavras, apenas se moveu com a agilidade de um homem muito mais jovem, desferindo um chute violento na cabeça de Kawe. O impacto fez o corpo do garoto balançar, e ele caiu no chão, sua cabeça girando de dor. Mas o velho não parou por aí.
Com uma risada cruel, ele pisou na cabeça de Kawe, pressionando-a contra o solo frio e duro. "Quem você acha que é para falar assim comigo, hein?" O líder cuspiu essas palavras como se Kawe fosse nada. "Seu bastardo de merda."
Kawe sentiu a dor se espalhando por sua cabeça e pelo pescoço, mas ele não cedeu. Mesmo com a pressão esmagadora sobre sua cabeça, ele não se dobrou. O líder, no entanto, não parecia se importar. Continuava pressionando, os soldados ao redor observando em silêncio.
"Você não quer saber a verdade?" O velho perguntou, sua voz quase divertida. "Sobre o que aconteceu naquele dia? Sobre como seu pai nos traiu, trocando de lado para ficar com uma escrava imunda?"
Kawe, com toda a raiva que estava sentindo, gritou. "Cala a boca, seu velho de merda! Não ouse difamar minha mãe e meu pai! Eu juro que vou te matar!" Ele tentava, mas a dor era insuportável, e sua visão estava turva.
O velho inclinou-se para frente, seu rosto contorcido em um sorriso cruel. "Você vai fazer o quê, garoto? Vai me matar? Me mostre o que você tem, se puder."
Kawe, com toda a força que restava, tentou se levantar, mas os soldados logo o imobilizaram novamente. Ele estava cansado, frustrado, mas algo dentro dele não permitiria que ele ficasse ali, derrotado. Ele queria vingança, queria fazer justiça por sua família.
O velho fez um gesto para que seus soldados se afastassem por um momento, e então ele sorriu de forma sádica. "Vai colaborar agora, Kawe, ou vai continuar com essa postura idiota?"
A porta se abriu, e Kawe congelou. A figura que entrou fez seu coração parar por um momento: Emylia, sua amiga de infância, estava sendo arrastada pelos soldados. Seu rosto estava machucado e sangrando, e ela parecia fraca, quase desfalecendo.
Os olhos de Kawe se arregalaram em puro pânico. Ele queria gritar, queria correr até ela, mas estava restrito pelas mãos firmes dos guardas. A visão de Emylia em tal estado o fez sentir uma onda de desespero e raiva incontrolável.
O líder, agora sentado em uma cadeira com um sorriso vitorioso, olhou para Kawe e disse: "E aí, Kawe? Vai colaborar, ou vai continuar sendo uma pedra no meu sapato?" Ele se acomodou, como se estivesse saboreando a tensão no ar. "Porque, se não colaborar... bem, a escolha é sua."
Kawe sentiu seu sangue ferver. Ver Emylia ali, naquele estado, era mais do que ele podia suportar. "Eu vou te matar, seu velho de merda!" ele gritou, a raiva pura transbordando. "Se não fizerem nada, eu mesmo vou acabar com vocês!"
O velho apenas sorriu mais ainda, um sorriso que transbordava malícia e poder. "Você vai aprender a colaborar, Kawe. Por bem ou por mal."