A noite estava particularmente fria nas montanhas da Romênia, onde a neve cobria o solo como um manto gélido e silencioso. O vento uivava entre os picos, carregando consigo o cheiro de pólvora e sangue. Wolfgang Nosferatus, um soldado de elite do Governo Romeno, avançava à frente de seu esquadrão, seus passos firmes e silenciosos sobre a neve. Ele era um homem alto, de cabelos negros e olhos frios que refletiam a determinação de quem já havia enfrentado inúmeras batalhas. Seu manto negro, adornado com o emblema da família Nosferatus — um morcego estilizado com asas abertas —, balançava suavemente com o vento.
A família Nosferatus era uma das mais antigas e nobres da Romênia, com séculos de história e influência. Eles eram conhecidos por sua astúcia, poder e, acima de tudo, por sua lealdade ao Governo. Wolfgang, no entanto, era diferente. Ele havia crescido fascinado por histórias de aventura e liberdade, especialmente as do mundo de One Piece, um mangá que ele lia secretamente desde criança. Para ele, aquele mundo de piratas, mares abertos e sonhos impossíveis era um escape da realidade opressiva em que vivia.
— Estamos quase lá — sussurrou Wolfgang, sua voz grave ecoando sob o capuz que cobria seu rosto. — Lembrem-se do plano: infiltração silenciosa, libertação dos escravos e eliminação dos líderes. Nada de erros.
Seus homens acenaram em silêncio, cada um deles treinado para seguir suas ordens sem hesitação. Eles confiavam nele. Afinal, Wolfgang era um herói para muitos, um símbolo de justiça em um mundo corrompido. Mas o que ele não sabia era que a verdadeira corrupção estava mais próxima do que imaginava.
A missão era clara: derrubar uma facção da elite que lucrava com o tráfico de escravos. Wolfgang havia descoberto a localização de uma fortaleza escondida nas montanhas, onde os escravos eram mantidos antes de serem vendidos. Ele não podia tolerar tal injustiça, mesmo que isso significasse ir contra ordens diretas de seus superiores.
Ao se aproximarem da fortaleza, Wolfgang notou algo estranho. A segurança era mínima, quase como se estivessem esperando por eles. Um frio percorreu sua espinha, mas ele ignorou o pressentimento, atribuindo-o ao nervosismo pré-batalha. Com um gesto rápido, ele ordenou o avanço.
Dentro da fortaleza, o cenário era desolador. Corredores vazios, salas abandonadas. Até que, de repente, portas de aço se fecharam atrás deles, e luzes brilhantes iluminaram o ambiente. Wolfgang e seu esquadrão estavam cercados.
— Traição! — gritou um de seus homens, mas já era tarde demais.
Das sombras, figuras armadas emergiram, vestindo uniformes do Governo Romeno. No centro deles, um homem alto e de olhar cruel surgiu, sorrindo de forma sardônica. Era o general Viktor Malotov, um dos líderes mais temidos do Governo.
— Wolfgang Nosferatus — disse Viktor, com uma voz que pingava veneno. — Você realmente achou que poderia derrubar a elite sem consequências? O Governo não tolera insubordinação, nem mesmo de seus melhores soldados.
Wolfgang sentiu o sangue ferver em suas veias. Ele olhou para o emblema no peito de Viktor e percebeu a verdade. O Governo não estava tentando acabar com a escravidão; eles estavam por trás de tudo. Ele havia sido usado, manipulado como um peão em um jogo sujo.
— Seu covarde! — rugiu Wolfgang, sacando sua espada com uma velocidade impressionante. — Eu vou acabar com vocês!
A batalha foi feroz. Wolfgang lutou como um demônio, abatendo inimigos com precisão mortal. Sua espada dançava no ar, cortando através de seus oponentes como uma lâmina de vento. Mas os números estavam contra ele. Um a um, seus homens caíram, até que ele ficou sozinho, cercado por dezenas de soldados. Mesmo assim, ele não desistiu. Até que um tiro ecoou, e Wolfgang sentiu uma dor aguda no peito. Ele olhou para baixo e viu o sangue escorrendo de seu corpo.
— Patético — disse Viktor, segurando uma pistola fumegante. — Você nunca foi nada mais que um cachorro obediente. Agora, morra como um.
Wolfgang caiu de joelhos, sua visão escurecendo. Ele sentiu o frio da morte se aproximando, mas em seus últimos momentos, uma única emoção o dominou: raiva. Raiva por ter sido traído, raiva por não ter conseguido proteger os inocentes, raiva por ter falhado.
E então, tudo ficou escuro.
Quando Wolfgang abriu os olhos novamente, o mundo era diferente. Ele estava deitado em uma praia de areia branca, o som das ondas batendo suavemente em seus ouvidos. Seu corpo doía, mas não da mesma forma. Ele olhou para suas mãos e viu que eram mais jovens, mais magras. Confuso, ele se levantou e olhou ao redor.
— Onde… onde estou? — murmurou, sua voz soando estranha para ele mesmo.
Ele se aproximou de uma poça d'água próxima e olhou seu reflexo. O rosto que o encarava não era o seu. Era o rosto de um jovem de cabelos rosa e olhos negros e afiados, e o mais estranho: um par de chifres estava brotando da lateral de sua cabeça. Ele reconheceu esse rosto de algum lugar, mas não conseguia lembrar onde.
— Quem sou eu? — perguntou a si mesmo, tocando o rosto desconhecido.
De repente, memórias fragmentadas inundaram sua mente. Ele viu um navio pirata, um homem ruivo com um chapéu de palha, uma fruta do diabo sendo roubada. E então, ele entendeu. Ele estava no corpo de Who's Who, um jovem membro da CP9, a unidade de inteligência de elite do Governo Mundial. Ele tinha apenas 17 anos e estava em uma missão para proteger a Gomu Gomu no Mi, a Fruta do Diabo que havia sido roubada por Shanks, o ruivo.
Wolfgang sentiu uma onda de choque e confusão, mas também de determinação. Ele sabia que o Governo Mundial não descansaria até eliminá-lo — a falha nessa missão era um atestado de morte. E agora, com as memórias e habilidades de Who's Who, ele tinha uma chance de mudar o mundo.
— Nunca mais irei confiar minha vida a um governo ou autoridade. Minha vida pertence somente a mim. — disse ele, com um sorriso sombrio. — Nessa vida, não irei me ajoelhar perante ninguém.
Ele se levantou, olhando para o horizonte. O sol nascia, pintando o céu de tons dourados. Wolfgang Nosferatus, agora em um novo corpo e em um novo mundo, sabia que sua jornada estava apenas começando. Ele não era mais um soldado leal. Ele era um homem com um propósito: liberdade.
E nada, nem mesmo o Governo Mundial, o impediria.
Wolfgang, agora no corpo de Who's Who, começou a explorar suas novas habilidades. Ele percebeu que o corpo que habitava era incrivelmente ágil e forte, treinado nas artes marciais do Rokushiki, as seis técnicas de combate da CP9. Ele podia sentir o poder latente dentro de si, esperando para ser liberado.
— Shigan, Rankyaku, Soru… — murmurou. Seu desejo era testar cada uma das técnicas, mas seus ferimentos tornavam essa ação extremamente difícil e dolorosa. — Este corpo é impressionante.
Ele também percebeu que, embora suas memórias estivessem fragmentadas, ele ainda mantinha todo o conhecimento que tinha como Wolfgang, incluindo sua paixão por One Piece. Ele sabia que estava em um mundo onde piratas, marinheiros e revolucionários lutavam por seus ideais, e que a Gomu Gomu no Mi era uma peça-chave em um jogo muito maior.
— Shanks… — pensou ele, lembrando do homem que roubou a fruta. — Você não sabe ainda, mas por causa de suas ações esse mundo nunca mais vai ser o mesmo.
Determinado a sobreviver e se vingar, Wolfgang decidiu que precisava de um plano.
Com um último olhar para o horizonte, Wolfgang Nosferatus partiu em direção ao desconhecido. O mundo logo aprenderia a temer seu nome.