Era uma manhã como qualquer outra na pequena vila de Greenhaven. O sol nascia timidamente sobre as colinas, iluminando os campos de trigo que se estendiam até onde a vista alcançava. João, um jovem fazendeiro de vinte e poucos anos, estava ocupado consertando uma cerca que havia sido danificada por uma tempestade na noite anterior. Seus músculos doíam, mas ele não reclamava. Trabalhar a terra era tudo o que ele conhecia, e ele amava cada minuto disso.
No entanto, algo estava diferente naquele dia. O ar parecia mais pesado, carregado de uma energia que ele não conseguia explicar. Enquanto martelava a última estaca no lugar, ele ouviu um som estranho vindo da floresta próxima. Era um sussurro, quase imperceptível, mas que parecia chamar seu nome.
— João... — a voz ecoou, suave e misteriosa.
Ele parou, olhando em direção à floresta. Ninguém estava por perto, apenas os pássaros e o vento balançando as folhas das árvores. Mas o chamado persistiu, mais forte desta vez.
— João, venha...
Curioso e um pouco assustado, ele deixou o martelo no chão e seguiu o som. A floresta era densa, com raízes retorcidas e galhos baixos que pareciam tentar impedir sua passagem. Mas ele continuou, guiado por uma força que não conseguia entender.
Após alguns minutos de caminhada, ele chegou a uma clareira. No centro, havia uma pedra grande e plana, coberta por musgo e gravuras antigas. Sobre a pedra, estava um objeto que ele nunca havia visto antes: um amuleto de prata, com um símbolo brilhante que lembrava uma árvore com raízes profundas.
— Pegue-o — a voz sussurrou novamente.
João hesitou. Algo dentro dele dizia que, ao tocar no amuleto, sua vida mudaria para sempre. Mas a curiosidade foi mais forte. Ele estendeu a mão e, ao tocar no objeto, uma onda de energia percorreu seu corpo. De repente, a clareira foi tomada por uma luz intensa, e ele sentiu o chão desaparecer sob seus pés.
Quando a luz se dissipou, João estava em um lugar completamente diferente. A floresta havia desaparecido, substituída por uma paisagem surreal. O céu era de um azul profundo, com duas luas brilhando no horizonte. As árvores eram enormes, com troncos que pareciam torres e folhas que brilhavam como ouro. No ar, flutuavam pequenas criaturas luminosas, como vagalumes, mas com asas de borboleta.
— Onde estou? — ele murmurou, olhando ao redor.
— Você está em Elyndor — respondeu uma voz suave e melodiosa.
João se virou e viu uma figura que parecia saída de um sonho. Era uma mulher alta e esbelta, com cabelos prateados que brilhavam como estrelas. Ela vestia uma túnica branca e segurava um cajado adornado com gemas cintilantes.
— Eu sou Lira, uma guardiã deste mundo — ela disse, com um sorriso gentil. — E você, João, foi escolhido para uma grande missão.
— Uma missão? — ele perguntou, confuso. — Eu sou apenas um fazendeiro.
— Exatamente — respondeu Lira. — Sua conexão com a terra, seu amor pela vida simples e sua coragem são o que este mundo precisa. Elyndor está em perigo, e você é a chave para salvá-lo.
João olhou para o amuleto em sua mão, que agora brilhava com uma luz suave. Ele sabia que não havia como voltar atrás. Sua vida simples havia acabado, e uma nova jornada estava prestes a começar.
— O que devo fazer? — ele perguntou, determinado.
— Primeiro, você deve aprender a usar o poder que agora carrega — disse Lira. — O amuleto que você segura é um fragmento da Árvore da Vida, a fonte de toda magia em Elyndor. Ele lhe concederá habilidades únicas, mas também trará grandes responsabilidades.
João sentiu o peso das palavras de Lira. Ele não era um herói, nem um guerreiro. Mas, ao olhar para o amuleto, ele sentiu uma centelha de esperança. Talvez, apenas talvez, ele pudesse fazer a diferença.
— Estou pronto — ele disse, com uma voz firme.
Lira sorriu e estendeu a mão.
— Então, vamos começar.
E assim, a jornada de João em Elyndor teve início. Ele deixou para trás a vida que conhecia, embarcando em uma aventura que mudaria não apenas seu destino, mas o destino de um mundo inteiro.