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Entre o Amor e a Vida

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Chapter 1 - O Encontro ao Amanhecer - Capítulo 1

A cidade ainda dormia enquanto Anne caminhava pela praça central, o sol começando a tingir o céu de um laranja suave. Cada passo dela era uma tentativa de escapar das pequenas inquietações que sempre a acompanhavam – um desejo de mudança, de algo que a tirasse da rotina. Ela sempre sentiu que algo estava prestes a acontecer, mas nunca soubera o quê. A vida pequena e pacata da cidade parecia sufocante, até o momento em que seus olhos cruzaram com os de Damyan.

Ele estava ali, parado na esquina de uma das ruas mais tranquilas, observando a movimentação como se estivesse em um lugar desconhecido. Não havia pressa em seus gestos, nem ansiedade. Só uma calma perturbadora. Damyan tinha algo de diferente, algo que não se explicava com palavras, mas que capturava a atenção de quem o olhasse por mais de um segundo.

Anne não conseguiu evitar. Seus passos desaceleraram involuntariamente, e seu olhar se fixou nele. Era um homem de presença intensa, mas com uma suavidade no rosto que contrastava com o olhar atento, quase desafiador. Eles se encararam por um breve momento, e aquele instante se arrastou como se o mundo tivesse desacelerado.

Foi ele quem falou primeiro, com a voz grave, mas suave, como se quisesse marcar o início de uma conversa que se prometia mais longa do que ambos imaginavam.

Damyan:

Me desculpe. Eu acho que... estamos na mesma direção?

Anne, sem saber o que responder de imediato, apenas se permitiu sorrir com leveza. Não foi um sorriso forçado, mas um daqueles sorrisos espontâneos que nascem quando se percebe algo peculiar em uma pessoa. O tipo de sorriso que, se alguém visse de fora, saberia que algo estava se formando entre eles, mesmo que não fosse imediatamente óbvio.

Anne:

A direção... bem, não sei. Acho que estou indo para qualquer lugar, na verdade. Mas se você também estiver indo em direção ao centro, acho que podemos seguir juntos.

Damyan a observou por um momento, um sorriso discreto se formando em seus lábios, como se ele tivesse entendido algo que ela mesma ainda não havia notado. Não era algo clichê ou uma simples simpatia. Era um entendimento silencioso, como se, por alguma razão estranha, ambos se reconhecessem no espaço vazio entre as palavras.

Damyan:

O centro, então... Parece que o dia tem mais a oferecer do que imaginamos.

Eles começaram a andar lado a lado, cada um com seus próprios pensamentos, mas algo sutil no ar tornava o silêncio entre eles confortável. Não havia pressa. Anne podia sentir a tensão no ar, mas era uma tensão que não incomodava. Era uma expectativa silenciosa de algo que ainda estava por vir. Enquanto caminhavam, Damyan começava a contar mais sobre o que o havia trazido à cidade, embora não fosse tão direto, como se estivesse ponderando sobre o que dizer.

Damyan:

Estou aqui há pouco tempo. Fui transferido para a filial do meu trabalho. Só estou me adaptando... tentando entender o ritmo das coisas por aqui.

Anne:

A cidade tem o seu próprio ritmo, sim. Mas, de alguma forma, é um lugar onde tudo acontece muito devagar. As pessoas se conhecem, se observam, e as pequenas coisas acabam ganhando muito mais significado do que deveriam.

Damyan:

Eu gosto disso. Em uma cidade onde nada parece pressa, as coisas têm tempo de acontecer. De se revelar.

Anne o observava enquanto ele falava, notando como suas palavras, apesar de simples, eram carregadas de uma intensidade difícil de ignorar. Ele parecia ser alguém que não tinha pressa de se encaixar, como se já soubesse que tudo viria no tempo certo. Isso a fazia sentir-se estranhamente à vontade, embora algo ainda permanecesse intocado entre eles.

Anne:

Você parece... bem tranquilo.

Damyan olhou para ela, os olhos brilhando com um leve desafio, como se estivesse esperando uma reação dela.

Damyan:

Eu diria que tenho meus próprios segredos. Talvez, quando me conhecer melhor, eu te conte o que realmente me faz tranquilo.

Ela não respondeu de imediato. O tom de mistério no que ele disse despertou uma curiosidade que ela não queria admitir, mas não conseguia evitar. Era como se ele estivesse convidando-a a entrar em um mundo onde ela nunca havia se permitido estar antes. E o pior (ou talvez o melhor) era que, sem saber como, ela já estava se deixando levar por essa sensação.

Eles caminharam por mais alguns minutos, e Anne percebeu que a cidade não parecia tão pequena e sem graça como antes. Havia algo nele que trazia uma energia diferente para o lugar. Algo que a fazia querer explorar mais, mas também a deixava com receio do que poderia descobrir.

Anne:

Sabe... eu sempre pensei que, se fosse para mudar algo na minha vida, teria que ser grande. Algo que fosse impossível de ignorar. Mas você... você me faz questionar se as mudanças realmente precisam ser tão grandiosas.

Damyan a observou com uma expressão pensativa, sem pressa de dar uma resposta.

Damyan:

Talvez a mudança esteja nos pequenos momentos... Nos olhares que trocamos sem querer, nas palavras ditas em silêncio. Não precisa ser grande, Anne. Às vezes, o maior impacto vem do que não podemos ver de imediato.

E, enquanto Anne olhava para ele, percebeu que esse pequeno momento – aquela conversa, aquele sorriso – estava deixando uma marca nela. Algo mais profundo, mais duradouro. Algo que ela ainda não sabia o que era, mas sentia que estava apenas começando a entender.