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Sonho

LUAN_DUARTE
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Sonho15 hours ago
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Chapter 1 - Sonho

Acordei sentindo um toque suave no meu braço, seguido por uma voz doce e delicada que me chamava com insistência:

— Papai... Papai!

Meu coração acelerou imediatamente. Papai? Certamente, não era comigo. Eu não tenho filhos... ou tenho?

Minha mente ainda estava embaçada pelo sono, e meus olhos tentavam se acostumar à luz do quarto. Mas então, algo prendeu minha atenção.

Uma aliança

Brilhante, discreta, perfeitamente encaixada no meu dedo anelar.

Foi nesse momento que olhei para a garotinha à minha frente. E então, algo aconteceu.

Seu nome surgiu em minha mente, nítido, como se eu sempre o soubesse: Elizabeth. Liz.

Ela era adorável. Tinha a pele clara e os olhos castanhos claros, que brilhavam como pequenos sóis, cheios de inocência e curiosidade. Seus cabelos negros escorriam até a metade das costas, macios como seda.

Mas o que me fez prender a respiração foi a semelhança.

Ela parecia com você.

Cada traço do seu rosto estava ali, refletido nela com uma delicadeza indescritível.

Antes que eu pudesse sequer pensar em perguntar o que estava acontecendo, Liz mencionou outro nome: Mark.

"Tenho outro filho?" A ideia me pegou de surpresa, mas parecia tão natural. Mark existia. Mas, segundo Liz, estava na casa de um amigo.

Minha mente ainda tentava organizar os pensamentos quando, de repente, algo completamente inesperado aconteceu.

Um husky siberiano entrou no quarto... fantasiado de Elvis Presley.

Sim, você leu certo.

Um cachorro de olhos penetrantes e postura confiante, vestido com um pequeno macacão brilhante e um óculos escuro.

Eu pisquei algumas vezes, completamente sem entender a situação.

— Liz... por que o cachorro está assim?

Ela soltou uma risada gostosa, daquelas que fazem o coração derreter.

— Ah, papai, ele late tanto que parece estar sempre cantando! Então demos o nome de Beethoven.

E naquele momento, tive certeza de que estava vivendo o sonho mais aleatório e perfeito da minha vida.

Liz segurou minha mão e me puxou para fora do quarto.

Foi então que eu te vi.

E o tempo parou.

Se hoje sua beleza já é algo que me deixa sem fôlego, no sonho, era como se a própria Afrodite tivesse descido à Terra.

Seu olhar brilhava como constelações inteiras, seu sorriso carregava um mistério sedutor, e sua presença irradiava algo hipnotizante.

Meu peito apertou. Por um instante, esqueci até como se respirava.

Foi nesse momento que Beethoven, como se tivesse ensaiado, começou a "cantar" ao som de Can't Help Falling In Love, de Elvis Presley.

E então, você falou:

— Por que ainda não está pronto para o casamento da Mônica?

Meu cérebro, ainda tentando lidar com as informações, travou.

Quem é Mônica?

Você abriu a boca para responder, mas... falou em russo.

Seu tom de voz era o mesmo, sua expressão também, mas as palavras? Completamente indecifráveis.

Tentei entender, mas a única frase que consegui lembrar foi:

— Я тоже не знаю, но нас пригласили... (Também não sei, mas fomos convidados...)

Fiquei encarando você, tentando absorver aquilo. Desde quando você falava russo? Ou melhor... desde quando eu entendia russo?

Sem muitas opções, fui até o quarto para me trocar. Sobre a cama, um terno elegante: paletó, camisa social, calça de alfaiate... e uma gravata.

E foi aí que percebi um grande problema: eu não sabia dar nó em gravatas.

Após várias tentativas frustradas — e quase me enforcando no processo — você apareceu na porta, me observando com uma expressão divertida.

— Você quer ajuda ou prefere se matar sozinho? — sua voz veio carregada de diversão.

Antes que eu pudesse responder, você veio até mim e, sem dizer mais nada, pegou a gravata e a ajeitou com destreza.

Mas antes que eu pudesse agradecer... você me puxou e roubou um beijo.

Foi rápido. Intenso. Avassalador.

Meu coração parou. Meu corpo congelou. Meu mundo girou.

Quando você se afastou, sorriu maliciosamente, como se soubesse exatamente o efeito que tinha acabado de causar.

Fiquei completamente sem reação.

Levei os dedos aos lábios, sentindo ainda o calor do seu toque. Um sorriso involuntário surgiu no meu rosto. Não aconteceu o mesmo quando acordei (confia).

Mas agora... agora era minha vez.

Te olhei intensamente e, sem aviso, te puxei de volta para um beijo. Dessa vez, eu assumi o controle.

Senti quando você ficou surpresa, quando seu corpo se entregou ao toque dos meus lábios, quando seu coração acelerou junto ao meu.

Quando me afastei, te vi ofegante, os olhos brilhando de surpresa.

E então, lancei meu sorriso mais provocador.

Foi nesse momento que a porta se abriu de repente.

Liz nos olhou com os olhos arregalados e perguntou:

— Papai, por que a mamãe está assim?

Respirei fundo, tentando disfarçar o sorriso.

— Ela só está com calor, querida. Já já melhora.

Liz assentiu, completamente inocente, e saiu saltitando pelo corredor.

Antes que eu pudesse reagir, levei um tapa.

— Isso foi por me deixar assim! — você murmurou, antes de sair apressada do quarto.

Que fofa.

Seguimos para o casamento, e tudo correu bem. A noiva se casou, celebramos, e voltamos para casa.

Mas bastou pisar na porta para que eu acordasse.

Tentei desesperadamente dormir de novo, implorando para voltar àquele sonho, mas foi inútil.

O dia inteiro, fiquei perdido entre lembranças.

Do beijo.

Da Liz.

Da sensação indescritível de te ver ali, tão minha.

O Beethoven? Nem tanto.