No planeta Viltrum, onde a força e a supremacia determinavam o destino de cada cidadão, uma nova vida surgiu. Kallen nasceu sob um céu avermelhado, dentro de um dos avançados centros médicos do império. Seu choro ecoou pelos corredores metálicos, mas logo os médicos viltrumitas notaram algo peculiar: seus cabelos eram completamente brancos. Uma característica incomum para sua raça, onde a uniformidade genética era predominante. O silêncio tomou conta da sala de parto por alguns instantes, enquanto os cientistas analisavam a criança.
O comandante médico observava a criança atentamente, anotando cada detalhe. Seus olhos, de um cinza metálico, refletiam a luz artificial do ambiente. "Curioso...", murmurou ele. "Uma anomalia genética?"
Seu pai, Valen, um guerreiro viltrumita de elite, franziu o cenho ao ver o filho. "O que há de errado com ele?", perguntou com a voz firme. Sua mãe, Sera, permanecia deitada, observando o filho com uma expressão séria, mas sem demonstrar preocupação.
"Ainda não sabemos. Mas ele parece saudável", respondeu o médico. "Faremos testes."
Apesar da resposta tranquilizadora, Valen não conseguiu afastar a sensação de que havia algo a mais por trás da aparência incomum de seu filho. Viltrumitas não eram conhecidos por variações genéticas significativas. Algo assim era inédito.
Poucas semanas após o nascimento de Kallen, seus pais foram enviados em uma missão de conquista ao planeta dos Ragnars, uma raça guerreira que resistia ferozmente à dominação viltrumita. O conflito foi brutal. Apesar da força e habilidade de Valen e Sera, a resistência dos Ragnars era esmagadora. O planeta era hostil, seu ambiente árido repleto de montanhas e tempestades de areia constantes. Mesmo com suas habilidades sobre-humanas, os viltrumitas encontraram dificuldades para subjugar os habitantes. A batalha se estendeu por dias, até que os Ragnars finalmente contra-atacaram com força total. Valen e Sera enfrentaram dezenas de guerreiros simultaneamente, mas foram superados pelo puro número e brutalidade dos inimigos.
A luta final foi desesperadora. Valen, coberto de sangue, esmagava os crânios dos inimigos com os punhos, enquanto Sera, ágil como uma tempestade, rasgava fileiras de Ragnars com golpes precisos. Mas os Ragnars eram implacáveis. O líder inimigo, um guerreiro colossal, derrubou Valen com um golpe brutal, quebrando várias de suas costelas. Sera tentou intervir, mas foi cercada e, apesar de sua resistência, acabou sendo abatida por múltiplos ataques coordenados.
Após a batalha feroz, ambos foram mortos em combate, deixando Kallen órfão antes mesmo de entender sua própria existência. A notícia de sua morte foi recebida com frieza pelo alto escalão viltrumita. Para eles, soldados caíam em combate todos os dias. O importante era que Viltrum nunca recuava.
Criado sob a supervisão do império, Kallen crescia em um dos complexos militares de Viltrum. Desde cedo, sua resistência e força física eram notáveis, mas ninguém esperava o que aconteceria a seguir. Para a surpresa dos cientistas e soldados que o monitoravam, ele demonstrou sinais de força viltrumita com apenas um mês de vida. Era comum que crianças viltrumitas manifestassem habilidades sobre-humanas ainda na infância, mas um mês de idade era inédito.
Em uma de suas brincadeiras, tentava cavar um buraco na terra com as mãos, como um bebê curioso explorando o ambiente. Alguns soldados observavam à distância, rindo levemente da cena. "Veja isso. Ele já quer demolir o solo de Viltrum?", comentou um deles.
Foi então que algo inesperado aconteceu. Seus olhos brilharam em um tom vermelho intenso, e um feixe de calor saiu deles, derretendo a rocha abaixo de seus pés. A terra carbonizada fumegava, e um buraco profundo se formou no chão. Os soldados trocaram olhares alarmados. O silêncio dominou o ambiente por alguns instantes, até que um dos cientistas, que monitorava a criança, apertou um botão em seu comunicador.
"Isso precisa ser reportado imediatamente."
Os soldados presentes ficaram estupefatos. Um bebê viltrumita manifestando um poder desconhecido? Relatórios foram rapidamente enviados para os altos escalões do império. Dentro de algumas horas, o próprio Thragg recebeu a informação. O líder supremo dos viltrumitas não demorou a tomar uma decisão.
"Tragam-no até mim", ordenou ele, sua voz imponente ecoando pelo salão do conselho. "Quero vê-lo com meus próprios olhos."
Dias depois, Kallen foi apresentado ao líder supremo dos viltrumitas. Thragg o observou com interesse, seus olhos penetrantes avaliando cada detalhe da criança. O bebê parecia frágil, como qualquer outro de sua idade, mas Thragg sabia que não deveria subestimar o potencial de uma anomalia.
"Uma mutação...", murmurou. "Ou talvez, uma evolução."
Os cientistas começaram uma série de testes para entender melhor a origem desse novo poder. Medições de energia foram realizadas, análises genéticas foram conduzidas, mas nenhuma resposta concreta foi encontrada de imediato. O que estava claro era que Kallen era único.
Para testar seu poder, os cientistas o colocaram diante de uma liga de metal reforçada, um material resistente mesmo para viltrumitas. Kallen, ainda um bebê, olhou para a barreira sem entender. Então, sem esforço consciente, seus olhos brilharam novamente e um feixe de calor vaporizou uma parte do metal. Os cientistas se entreolharam, perplexos.
Enquanto isso, Thragg já via o potencial de Kallen. Ele não era apenas mais um órfão de guerra — poderia ser uma arma, um recurso valioso para o futuro do império viltrumita. Uma criança com um poder tão incomum poderia ser moldada, treinada e, um dia, tornar-se um dos guerreiros mais letais da história do império.
O destino de Kallen estava selado. Ele não teria uma infância comum, pois seu poder o tornava especial demais para ser tratado como qualquer outro viltrumita.