Depois de receber as fotos enviadas por seu subordinado, Malcolm ficou irritado ao ver Thea bebendo de mau humor. Inconscientemente, sempre se preocupava com aquela garota. Era a primeira vez que a via desde que nasceu. Observando seu crescimento em silêncio, ele nunca soube ao certo o motivo de sua atenção inexplicável. Mas assim que Moira revelou a verdade, ele entendeu imediatamente. Não havia necessidade de testes ou provas; seu instinto, refinado ao longo dos anos, lhe dizia que ela era sua filha.
De pé diante das janelas panorâmicas, observando a vista noturna da cidade, Malcolm sentiu que a paisagem que antes tanto fascinava agora parecia entediante.
Derramou um copo de vinho com força, frustrado. Sentia-se deprimido, quase procurando uma briga, mas não havia ninguém à altura. Star City estava sob seu controle absoluto, e o Arqueiro Verde ainda se escondia em sua caverna quebrada. Talvez devesse ir até Gotham City, onde haveria desafios? Melhor não. Malcolm sabia que dominava Star City, mas Gotham... bem, aquela cidade era um caso à parte. Além disso, havia o filho do Batman, a quem até mesmo Ra's al Ghul admirava. Melhor evitar dores de cabeça desnecessárias.
Enquanto ponderava, o dono do bar ligou:
— Chefe, a pessoa que pediu já está bêbada.
Sem saber qual era a relação entre a garota e seu chefe, o dono do bar manteve um tom vago.
— Cuide dela. Não deixe que nada aconteça com ela. Avise seus subordinados: ninguém toca nela, entendeu? — Malcolm ordenou severamente.
— Sim, sim! — respondeu o dono do bar, apressando-se em cumprir as ordens.
A mensagem era clara: ninguém devia encostar nela, principalmente os homens. O dono do bar, sem querer problemas, ordenou que Thea fosse levada a um quarto reservado, longe dos frequentadores do local. Instruindo seus seguranças a ficarem de guarda, posicionou-se na porta, armado, pronto para intervir caso necessário.
Malcolm, observando tudo à distância, conhecia bem seus homens. Se algo acontecesse a Thea, haveria consequências. Desligou o telefone, vestiu o traje negro da Liga dos Assassinos, pegou seu arco e atravessou os telhados da cidade, pronto para proteger sua filha. Se alguém ousasse tocá-la, uma flecha seria o suficiente para resolver o problema.
Thea, no entanto, não estava completamente embriagada. Ainda restava um resquício de consciência. Ao notar o ambiente ao seu redor, percebeu que duas mulheres a vigiavam de perto. Aliviada por não estar em perigo, adormeceu profundamente.
. . . .
Na manhã seguinte, uma dor de cabeça terrível a despertou. Descobriu que, apesar da bebedeira, suas roupas estavam intactas. Pelo menos seu "pai barato" sabia manter seus homens sob controle.
— Você precisa de algo? — perguntou uma das mulheres, ainda de prontidão.
Thea apontou para uma delas:
— Me traga um copo de água.
A mulher, excessivamente maquiada e vestindo roupas exageradas, caminhou de forma desajeitada com seus saltos altos, o que irritou Thea. Enquanto isso, a outra ajudou-a a se recompor. Thea, sem dizer mais nada, saiu do bar de cabeça erguida. Um dos seguranças chamou um carro para levá-la à Mansão Queen. Quanto à conta da noite... bem, ela não se preocupava com detalhes tão pequenos.
No bar, os funcionários assistiram ao carro desaparecer na estrada. O dono do estabelecimento, ainda à porta, acenou para seus seguranças. Nenhum deles ousaria comentar o ocorrido.
. . . .
— Querida, finalmente voltou! — Moira exclamou, chorando, ao abraçá-la com força.
Sua mãe sempre foi uma pessoa contraditória. Embora não possuísse o poder oculto de Malcolm, tinha conexões políticas sólidas, suficientes para uma futura candidatura à prefeitura. Thea sabia que sua mãe não passaria a noite inteira sem informações sobre seu paradeiro, mas, ao ver sua preocupação genuína, suspirou e retribuiu o abraço.
— Estou bem, mãe. Só preciso descansar um pouco.
Subiu para seu quarto, trocou de roupa e deitou-se. No bar, temera revelar segredos em meio ao sono, mas agora, exausta, finalmente relaxou. Sua missão atual estava concluída. No mundo dos jogos, isso significaria que havia fortalecido sua reputação no campo de Malcolm, alcançando um nível de culto. Agora, era hora de entrar na próxima fase de fortalecimento.
. . . .
Enquanto isso, no Laboratório de Tecnologia Avançada no Centro da Cidade, Dr. Wells — ou melhor, Eobard Thawne, o vilão final da primeira temporada de The Flash — entrou em seu esconderijo secreto.
— Gideon, conseguiu rastrear o alvo na linha do tempo?
Uma imagem holográfica azul surgiu na parede e respondeu mecanicamente:
— Doutor, a interferência temporal causada pelo alvo é mínima. Apenas detectamos sua presença em Star City. Precisamos de mais dados para uma análise detalhada.
Isso fez Wells suspirar. Gideon era uma criação do Flash do futuro, baseada em tecnologia de um século à frente. No presente, a ciência ainda estava atrasada demais para que ele pudesse extrair todo o potencial da inteligência artificial. Se precisasse de mais poder computacional, teria que mobilizar cientistas do mundo inteiro. Felizmente, a interferência temporal parecia insignificante e não ameaçava seu plano... por enquanto.
Já fazia dez anos desde que chegara a este mundo. Sem seus poderes, fingia ser um doutor frágil e doente todos os dias. Era cansativo. Além disso, precisava treinar seu maior inimigo, o Flash. Um vilão se esforçando tanto para criar seu próprio oponente... que ironia.
Ordenou que Gideon continuasse monitorando as notícias de Star City e o informasse sobre qualquer mudança. Depois, sem a necessidade de fingir sua paralisia, saiu rapidamente da sala secreta.