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Chapter 7 - Por Que Não Te Vejo?

― Não preciso de sua ajuda ― disse.

Ele de repente parecia triste com a minha resposta, talvez estivesse acertado em cheio em confiar em minha intuição e em Gaia.

― Ah, que pena. ― Suspirou ― Suponho que eu tenha sido um pouco assustador em meio a nossa conversa? 

― Não, não é nada disso! ― respondi.

Eu apenas queria sair dali o mais rápido o possível, mas ele ainda continuava a falar e falar. Comecei lentamente a dar passos para trás, olhando para ele.

Até que lentamente, parecia pegar algo de seu casaco, que estava usando dentro do local. Andei um pouco mais rápido para trás, com medo do que ele poderia estar pegando.

― Mas eu queria tanto...

Enquanto ele falava, tropecei no tapete que havia na entrada da igreja, caindo ao chão de maneira humilhante.

Parecia surpreso com minha queda, deixou rapidamente de pegar o que havia em sua roupa e chegou rapidamente perto de mim, se agachando.

― Você está bem? Não se machucou nem nada, não é? ― Dizia, enquanto me segurava.

Eu havia caído de uma forma boba, tropecei em um tapete que eu não lembrava que estava ali pelo momento, não sentia nada dolorido em meu corpo e nada de errado parecia estar acontecendo com Gaia, que estava voando olhando para mim.

― Estou bem, eu acho. ― disse enquanto limpava a poeira em minha roupa

Klaus nesse momento havia se levantado e estendido sua mão, como se quisesse que eu a usasse de apoio para me levantar.

Ignorei a mão dele e levantei por conta própria, e ao fazer isso, continuei limpando o restante da poeira.

― Suponho que essa seja a minha deixa, Sr. Hagnos.

Agora que havia me levantado, parecia o momento perfeito para ele terminar o que ia dizer.

― O que eu estava querendo te mostrar era isso. ― disse, tirando uma pulseira de seu casaco.

Parecia uma pulseira normal, a princípio, pude olhar que era feita de metal.

― Essa pulseira é novo protótipo do oeste...

Nesse momento, os olhos de Gaia brilharam.

― Pelo o que me foi informado, ela pode mostrar suas estatísticas independente do seu local, além de outras funções, eles me enviaram faz uma semana para cá, e deve começar a ser vendida em não muito tempo. ― explicou ele

Gaia que estava apenas admirando a pulseira, agora estava ofegando, após ouvir a explicação. Isso é realmente tão bom assim?

― Eu vou lhe dar, mas com uma condição. 

Já esperava que ele ia pedir algo, mas não assim diretamente, fui pega de surpresa.

― O que você quer de mim? ― perguntei.

― Me chame de Klaus, como havia lhe pedido. 

Que constrangimento, eu não sei as intenções por de trás dessa pessoa, mas ela claramente tem alguma coisa em mente que vai muito mais além de simples palavras.

Vendo como Gaia estava eufórica apenas de ver essa "coisa", suponho que deva aceitar por essas condições, afinal eu devo apenas chamar ele pelo seu primeiro nome, não é como se isso fosse me trazer problemas.

― Tudo bem, Senhor Klaus.

Ele ainda ficou um pouco desapontado pela resposta, algo que eu não entendia o motivo.

― Suponho que devo cumprir o que prometi, não é? ― disse com um tom de voz lento.

A tarde se passou rápido, havíamos saído daquele local rumo ao local de encontro da expedição. Podia dizer o quão lindo era o local em que estávamos, uma cidade coberta de neve, e que nesse pequeno anoitecer, apenas era possível ver a luz da lareira dentro das casas.

― Gaia, que dia será essa expedição mesmo? ― Eu havia esquecido do detalhe mais importante.

― Será em três dias, tenho que te preparar até lá ― disse Gaia.

Um treinamento talvez? Algo inesperado, e receoso também. 

Estávamos passando por uma parte mais comercial da cidade, localizada no lado contrário da Igreja, onde era possível ver várias lojas, ainda abertas naquele local.

Os comércios eram simples, mas pareciam ser feitos com muito amor. Olhava na cara de cada vendedor de rua e, dava para ver a paixão no olhar deles.

― Não mudou nada. ― Sussurrou Gaia.

Não consegui ver o rosto dela nesse momento, mas com certeza eram palavras de felicidade e sinceridade. 

Caminhamos por um bom tempo, admirando como era a cidade a noite, e não me arrependo nem um pouco disso. Aonde quer que vá, era possível ver a aura de uma cidade alegre com sua condição, pareciam toda a hora orgulhosos deles mesmos.

Caminhamos até tarde da noite, todos os lugares estavam fechando pouco a pouco.

― Deveríamos encontrar algum lugar pra dormir ― disse Gaia.

― Mas, Gaia, a gente não tem dinheiro.

Gaia olhou para mim, com uma cara assustada, como se fosse culpa dela.

― Ah! Foi minha culpa... Estava admirando a cidade e acabei me perdendo nos pensamentos!

Respondi com um sorriso, um pequeno sorriso.

Não adiantou de muita coisa pedir desculpas, não havia nenhum lugar onde pudéssemos vender algum objeto por dinheiro por ali perto, e muito menos tínhamos dinheiro.

Impossível de conseguir algo naquele momento, por conta do horário. A única solução viável seria dormir em algum beco, logo disse a solução a Gaia.

― Suponho que essa seja a única solução... Me desculpe mesmo, Seven... ― Ainda pensava nisso, algo que não me preocupava mais. ― Se for possível, deixe que eu lhe guardo essa noite! Sou ótima em passar madrugadas acordada.

Não tínhamos para onde fugir, então assim foi feito. Dormi em um beco próximo a uma loja, enquanto confiava a minha segurança à Gaia, que estava vigiando o local.

Não posso dizer que a noite foi ótima, o frio avassalador da madrugada inundava toda a minha pele, mesmo com um casaco ainda era difícil para aguentar, talvez se tivesse dormido três horas aquela noite, tenha sido muito.

Mesmo naquele beco, o sol incomodava meu olho e logo acordei. Não sabia que horas era, estava atordoada pela última noite que quase passei acordada. Ainda não consegui enxergar Gaia do meu lado.

Os raios solares me impediam de ver, mas após focar um pouco de tempo, havia uma figura feminina olhando para mim de cima. Seu rosto parecia preocupado, havia estendido sua mão, prestes a colocar em meu cabelo.

Com seus cabelos pretos e longos usava uma trança colocada para a frente, ela vestia um avental e roupas simples. Havia uma cicatriz em sua mão esquerda, algo realmente notável em sua aparência.

― Pobre criança, quem deve lhe ter abandonado assim? ― disse, com um tom de tristeza em sua voz.

Podia olhar melhor agora, seus olhos eram cinzas, uma bela cor. Transmitia uma sensação de bondade ao seu redor, mas não deixava de me sentir preocupada com essa situação.

Me levantei e limpei um pouco da neve que estava em mim, pude observar que estava realmente suja, não tomava banho desde que tenha vindo a este mundo. Algo que eu notei, é que eu sou mais alta do que essa mulher na minha frente, e ela parecia ter notado isso também.

Sua mão que antes tentava tocar minha cabeça quando estava sentada, agora estava tentando tocar meu braço para tentar checar algo, mas sentia uma visível repulsa em fazer isso.

― Não precisa me tocar, se não quiser ― disse para ela, evitando seu olhar.

Ao olhar para outro canto, me dei conta que algo estava faltando, não a encontrava em nenhum lugar. Onde estava Gaia?

Meu rosto gelou, porque ela não estava mais ali? Não sabia o que fazer.

Ela pegou a minha mão, dizendo:

― Vamos, eu tenho que pelo menos te dar um banho.

Mas não pude prestar atenção no que falava direito, apenas via uma coisa na minha frente.

[Recebendo novas informações…]