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Chapter 4 - 4 - 'O' jogo começa

capítulo 4 - 'O' "jogo" começa

"Jogador?"

Antes que Daniel pudesse sequer processar o significado daquela palavra, uma voz feminina e autoritária soou atrás dele.

— Você demorou. Seu corpo reagiu antes da mente.

Ele se virou abruptamente, o coração disparado, para encontrar uma mulher de traços oníricos que o observava com um olhar avaliador. Seus cabelos prateados, longos e ondulados, balançavam suavemente com a brisa, refletindo um brilho azulado, enquanto seus olhos, de um azul cristalino e penetrante, misturavam impaciência e curiosidade. Cruzou os braços e inclinou ligeiramente a cabeça, demonstrando uma autoridade serena que contrastava com a delicadeza dos detalhes arcanos bordados em seu traje – uma fusão elegante entre armadura leve e vestido cerimonial.

Tudo nela exalava uma presença forte e enigmática. Daniel, atônito, pensou: "Um elfo?" Ao mesmo tempo, uma dúvida lhe sussurrava que talvez estivesse imerso em uma espécie de narrativa lúdica, onde cada movimento e palavra eram como jogadas de um jogo milenar. Ainda assim, as palavras travaram em sua garganta diante da realidade intensa daquele ser.

A mulher ergueu uma sobrancelha, impaciente.

— Então? — sua voz era firme, mas não hostil. — Não vai perguntar onde estamos?

Em meio ao turbilhão de sensações, Daniel se esforçava para compreender a situação. A figura à sua frente parecia sair de um sonho, seus olhos como se lesassem cada pensamento seu.

— Bem-vindo, Daniel — disse ela, com uma cadência que lembrava uma canção antiga e a segurança de quem já trilhou muitos caminhos difíceis.

— Eu sou Akane, sua guia neste mundo — continuou, aproximando-se com passos leves e seguros.

Enquanto caminhavam, Akane falava de maneira enigmática, explicando com uma mistura de seriedade e irreverência que aquele mundo, embora real em sua brutalidade, era tratado pela deusa com a leveza de uma partida.

— Este universo é um emaranhado de segredos antigos e dados esquecidos, tecido por forças que desafiam a compreensão comum. Mas, acima de tudo, ele é um palco onde as regras são impostas para testar os que aqui chegam. Venha, siga-me.

Mesmo apreensivo, Daniel sentia-se irresistivelmente atraído por essa corrente invisível que o puxava para um destino inevitável. O ar ao redor tinha um gosto metálico, e a gravidade parecia brincar com seu corpo, fazendo-o duvidar se aquele mundo era tão real quanto um sonho vívido.

Logo, eles chegaram a uma loja de equipamentos simples, escondida entre barracas modestas num movimentado mercado. O ambiente era despojado, com estantes que exibiam armas de aparência rústica e ferramentas básicas. Akane o guiou até o balcão com naturalidade.

— Aqui é onde você começa — explicou com clareza. — A mecânica deste mundo é simples: sua missão é não morrer. E, se souber jogar bem suas cartas, poderá conquistar mais do que simples metal frio.

Daniel franziu a testa, intrigado.

— Mas, qual o propósito de tudo isso?

Akane sorriu ironicamente, os olhos brilhando com um toque de malícia.

— O mundo aqui é aberto e livre. Você pode seguir seu próprio caminho, mas lembre-se: cada escolha tem seu preço. Eu estou aqui para te ajudar a entender o básico, nada mais.

Ela o observava com curiosidade, como se avaliasse não apenas um novo visitante, mas alguém que carregava um potencial singular.

— Venha, vamos escolher sua arma — continuou, com um tom suave porém direto. — Não espere grandes coisas; aqui, o que você encontra é bem... rudimentar.

Dentro da pequena loja, as opções eram limitadas: espadas curtas, machados enferrujados, arcos frágeis e adagas de lâmina cega. Entre tudo, Daniel foi atraído por um machado robusto de aparência comum.

— Isso vai servir, não? — pensou, pegando o item, que parecia ser o mais acessível dentre as poucas escolhas.

Agora, com o machado em mãos, Daniel se voltou para Akane, um pouco desconcertado.

— Como eu consigo dinheiro para armas melhores? Acho que estou começando a entender como tudo funciona... mais ou menos.

— Ah, simples — respondeu Akane com um sorriso de lado, os olhos cintilando de diversão. — Trabalhando, claro! Vai ter que ralar um pouco se quiser algo além de um pedaço de metal enferrujado. Bem-vindo ao sistema, Daniel. E lembre-se: aqui, em Elarion, você precisará de mais do que força para prosperar.

Enquanto a conversa prosseguia, os dois saíram da loja e adentraram a magnífica cidade de Elarion, uma visão etérea erguida no cume de montanhas sagradas e envolta por um mar de nuvens. Os edifícios de mármore branco, com detalhes dourados, brilhavam como um amanhecer eterno, irradiando uma luz sobrenatural que permeava cada recanto.

— Bem-vindo a Elarion — disse Akane, a voz baixa e quase reverente, como se contemplasse a magnitude da cidade. — Aqui, a deusa zela por todos que buscam seu próprio destino.

Daniel, tentando absorver a grandiosidade, hesitou ao ouvir a palavra "deusa".

— Deusa? — perguntou, com a expressão de quem tentava juntar as peças de um quebra-cabeça confuso. — Você está falando daquela garota que apareceu pra mim quando cheguei?

Akane parou por um instante, levantou uma sobrancelha e respondeu com uma expressão de dúvida:

— Que garota? Você deve estar se confundindo, humano.

Intrigado, Daniel insistiu:

— A garota que apareceu flutuando na minha frente segundos antes de eu te conhecer!

Ele se sentia cada vez mais perdido, como se as peças não se encaixassem.

— Eu sou o único ser com quem você teve contato quando chegou aqui, jogador — replicou Akane, misturando confusão e leve tensão. — Talvez sua mente tenha sofrido uma instabilidade. Você me parece o jogador mais esquisito com quem já conversei.

Daniel deu um passo para trás, ainda com o machado nas mãos, absorvendo aquela revelação.