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Fogo e desafio

Luiza_Filomena
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Chapter 1 - Noite Quente, Destino Ardente

A cidade fervia naquela noite. O calor era denso, grudava na pele como um toque indesejado, tornando o ar pesado e sufocante. No bar, a fumaça de cigarro se misturava ao cheiro forte de álcool e perfume barato. Risadas ecoavam, copos tilintavam, e as luzes baixas criavam sombras dançantes sobre os corpos suados que se moviam ao ritmo da música.

Isabela não deveria estar ali. Não naquele bar, não naquela cidade, não naquela maldita confusão de pensamentos que a atormentava. Mas o que mais poderia fazer? Depois de flagrar seu namorado na cama com sua própria amiga, cada canto daquele mundo parecia envenenado. Odiava se sentir assim—ferida, exposta, traída. Então, afogava tudo na tequila, na música alta, no desejo de esquecer.

Ela passou os dedos pelo copo, girando o líquido âmbar enquanto encarava o reflexo no balcão. Estava linda, e sabia disso. Vestido curto, cabelos soltos, batom vermelho. Mas seu olhar carregava algo diferente—um perigo disfarçado de tédio, um aviso silencioso de que ninguém deveria se aproximar.

Até que Camila entrou no bar.

Diferente de Isabela, Camila não estava ali para esquecer nada. Ela já estava acostumada com a dor. Crescera sem laços, sem um passado que valesse lembrar. Seus pais biológicos a rejeitaram antes mesmo que pudesse abrir os olhos para o mundo, e, no fundo, nunca conseguiu escapar dessa sombra. Mas, naquela noite, não queria pensar nisso. Precisava apenas de algo… ou alguém para se distrair.

Seu olhar percorreu o ambiente, analisando cada detalhe com calma predatória. Camila não se deixava levar facilmente. Gostava do jogo, da tensão antes do toque, da expectativa antes do beijo. E foi nesse momento que seus olhos cruzaram com os de Isabela.

Nenhuma das duas desviou.

O encontro foi inevitável. Entre corpos que se moviam, entre passos desencontrados, elas se esbarraram no meio do bar.

O impacto foi forte. Isabela deu um passo para trás, estreitando os olhos. Camila arqueou a sobrancelha, esperando um pedido de desculpas. Mas Isabela não cedia. E Camila tampouco.

— Você não olha por onde anda? — Camila provocou, voz arrastada, um leve sorriso de canto.

— Olho. Só não esperava que alguém se jogasse no meu caminho. — Isabela rebateu, desafiadora.

Elas ficaram ali, no meio do bar, trocando farpas silenciosas. Nenhuma das duas queria dar o primeiro passo para trás.

Então, simplesmente se afastaram, seguindo direções opostas—ou pelo menos era o que pensavam.

Minutos depois, sem perceber, estavam sentadas lado a lado no balcão.

Isabela soltou um suspiro audível quando notou Camila ao seu lado.

— O quê? Você de novo? — ela resmungou, pegando o copo e virando o resto da bebida.

Camila sorriu, divertindo-se.

— Aff, me erra, hein.

Mas nenhuma delas se levantou. Nenhuma delas recuou. O calor daquela noite só estava começando.