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Cavaleiros do fim

🇧🇷GgabrielMmorais
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Synopsis
Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse. Um título passado de geração em geração, sempre carregado por figuras temidas e poderosas. Desta vez, porém, quatro irmãos selaram um pacto com um demônio, tornando-se os novos Cavaleiros — Guerra, Fome, Peste e Morte. Mas, ao contrário de seus predecessores, eles ainda eram humanos, divididos entre a destruição e a redenção. "Quando o fim estiver próximo, é melhor correr, mas quando você é o apocalipse, dá para lutar com o fim... e dá para vencer." Assinado: Morte.
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Chapter 1 - Capítulo 1: O início do fim

(Olá, pessoal! Estou apenas começando e ainda estou pegando o jeito. O primeiro capítulo será mais descritivo para introduzir a história, mas as coisas começarão a ficar mais diretas e cheias de ação nos próximos capítulos! Se você pudesse deixar um comentário com seus pensamentos, esse tipo de coisa ajudaria muito. Boa leitura!)

Durante a Europa medieval, Florença era uma das cidades mais ricas, um centro de comércio e finanças. No entanto, em 1348, nem mesmo sua prosperidade foi suficiente para poupá-la da temida peste negra. Milhares morreram, e o terror espalhou-se como fogo em palha seca.

 

Longe da cidade, no alto de uma montanha, havia uma fazenda isolada onde um simples camponês vivia com seus filhos. Eles cultivavam trigo, cevada e vegetais, criavam cabras e galinhas. Havia também uma nascente um pouco mais abaixo da montanha, de onde buscavam água sempre que necessário.

O camponês era um homem marcado pelo tempo. Suas mãos calejadas e rosto queimado pelo sol refletiam anos de trabalho duro nos campos. O peso da responsabilidade caiu sobre seus ombros muito cedo, mas ele nunca deixou seus filhos verem o quanto isso o desgastava.

"Estou quase terminando com os animais aqui!" Respondeu Dante, o mais velho dos filhos, enquanto ajustava as cordas no estábulo. Desde criança, ele carregava o mesmo fardo do pai, protegendo os irmãos e ajudando na fazenda. Seus cabelos, escuros como a noite, balançavam ao vento, e seus olhos tinham a seriedade de alguém que aprendera o significado do dever muito cedo.

"As toras estão cortadas! Exatamente como o senhor!" Exclamou Andrus, surgindo ao lado do irmão. O segundo mais velho sempre seguia os passos de Dante, determinado a provar seu valor. Seus longos cabelos castanhos eram como folhas secas no outono, mas era sua força inegável que o definia.

"Você já deveria ter terminado tudo aí fora!", gritou Samara da janela da cozinha, com a voz cheia de impaciência. A terceira dos quatro irmãos, e sem dúvida a mais responsável. Desde cedo, assumiu o papel maternal, aprimorando suas habilidades na cozinha após a perda da mãe quando ainda era criança. Seus longos cabelos avermelhados lembravam a terra fértil onde cultivavam, e seu olhar firme deixava claro que ela não tolerava atrasos.

"Calma ai, cabelos de fogo. Estávamos trabalhando tanto quanto você. Além disso, a comida não vai acabar." Andrus provocou, com certo ar de soberania.

"A próxima vez que falar do meu cabelo será a última." Samara disse, segurando uma das facas que estavam sobre a mesa. Ao entrarem na casa, os irmãos foram recebidos entusiasticamente por Luke, o cachorro da família. O animal pulava ao redor deles, abanando o rabo e lambendo, principalmente Dante, que se ajoelhou para acariciar seu amigo de infância.

Depois de alguns momentos, ele se virou e andou, carregando uma tigela de sopa que havia tirado da mesa, até um dos cômodos onde a porta estava parcialmente aberta. Com um suspiro, ele se encostou nela e bateu de leve.

"Você consegue sentir o cheiro, meu irmãozinho? Nossa irmã fez sua sopa de legumes favorita. O que você acha?" Sussurrou Dante, com um sorriso suave enquanto passava a sopa pela fresta da porta.

"Parece incrível, Dante... O cheiro é maravilhoso. Gostaria de poder sentar com vocês à mesa...", disse Theodore, tentando esconder o nó na garganta.

A voz do filho mais novo era suave, quase abafada pelo vento frio que soprava pelas frestas da velha cabana. Sua respiração era fraca, acompanhada pelo som rouco e seco que se tornara parte de sua vida cotidiana. Theodore, o caçula da família, era a razão pela qual eles tinham fugido para as montanhas a alguns anos. Quando os primeiros sintomas da tuberculose apareceram, seu pai, Eadric, tomou uma decisão difícil: deixar a cidade. Deixar tudo para trás e procurar um lugar onde o ar fresco pudesse lhe dar mais tempo. Mas mesmo ali, Theo parecia um fantasma de si mesmo, sua pele pálida e olhos fundos contando uma história de luta silenciosa.

Ele vivia isolado, separado por paredes que não apenas o protegiam, mas também o aprisionavam. Seu mundo era limitado: uma janela para observar a vida de seus irmãos e uma fresta na porta, a única conexão com sua família durante as refeições. A doença não só roubou sua liberdade, mas também seu direito de pertencer.

A cidade não lamentou sua ausência. Muito pelo contrário.

Lá, Theodore era visto não como um menino, mas como um aviso do que não deveria ser tocado. As pessoas desviavam o olhar sempre que ele passava e, quando era inevitável, afastavam-se apressadamente, cobrindo o nariz com as mangas. Eles sussurravam nos becos, nos mercados e até na igreja, onde se dizia que os doentes eram fardos, castigos divinos disfarçados de corpos fracos.

"Aquela criança deveria ter morrido ao nascer..." As velhas sussurravam, apertado os terços contra o peito.

"Doenças como essa se espalham... que seu pai tenha a decência de mantê-lo longe."

Quando Eadric ainda morava na cidade, ele sabia que ninguém lhe venderia pão se soubessem que era para Theodore. Ele não receberia ajuda, nem mesmo olhares de compaixão. A tuberculose não era apenas uma doença física, era uma marca. Uma sentença.

No mercado, os vendedores limpavam as moedas que ele tocava. Alguns jogavam água fervente nos lugares onde tocava, como se pudesse deixar algo invisível para trás. E quando ele tossia, os murmúrios sempre vinham.

"Um imundo."

"Que ele morra logo!"

Foi por isso que eles foram embora. Porque não havia mais futuro ali.

O cachorro, Luke, foi comprado para que Theo não se sentisse tão sozinho, para que ele tivesse algo além das sombras e do silêncio. E agora, enquanto o garoto sorria fracamente do outro lado da porta, segurando a vontade de se juntar à família à mesa, Dante sentiu algo se agitar dentro dele.

Raiva.

Raiva da cidade, que os tratava como pragas. Raiva do mundo, que parecia querer roubar tudo de Theo.

E, acima de tudo, raiva de si mesmo por não poder fazer mais.

Mas há um momento, breve e precioso, em que tudo isso desaparece.

De manhã, quando o sol ainda tocava suavemente a grama e a brisa carregava o aroma fresco das árvores, Theo podia sair. Não muito, nem muito longe, mas o suficiente para sentir o chão sob os pés e o vento no rosto. O suficiente para correr atrás de Luke, rir enquanto o observava girar tentando pegar o próprio rabo, esquecer, mesmo que por alguns minutos, que seu corpo o traía um pouco mais a cada dia.

Naqueles momentos, não havia doença ou isolamento. Apenas um garoto e seu cachorro, compartilhando um pedaço de felicidade roubado do tempo.

E Dante sabia... eram esses momentos que mantinham seu irmão vivo.

Do lado de fora do quarto, a tosse pesada de Theodore podia ser ouvida. O som seco e incessante ecoava pela casa, cada ataque rasgando o silêncio e apertando o peito de Dante, que fechava os olhos desamparadamente.

Eles estavam reunidos à mesa, jantando em um silêncio desconfortável. O aroma de sopa de legumes e pão fresco assado enchia o ar, mas ninguém realmente saboreou a refeição. Cada colherada era engolida sem entusiasmo, pois o som da tosse de Theodore tornava impossível ignorar sua ausência.

Em momentos como aquele, com a Peste Negra se espalhando, não havia como ir à cidade para pegar remédios.

Dante deixou a colher cair na mesa, seu olhar fixo no prato. Ele respirou fundo antes de se virar para o pai.

"Pai... podemos conversar lá fora?"

Eadric olhou para o filho mais velho, ouvindo o peso da preocupação em sua voz. Ele assentiu silenciosamente e se levantou, caminhando até a porta com Dante logo atrás dele.

Lá fora, o vento frio da montanha soprava contra seus rostos, mas Dante não se importou. Ele se virou para o pai, seu olhar cheio de angústia.

Ele podia sentir o peso da injustiça esmagando seus ombros.

"Pai, Theo não está melhorando..." Ele disse, sua voz embargada. E com a situação na cidade, o que podemos fazer? Ele quase não nos vê mais, e os poucos momentos de paz que ele tinha, quando a tosse não dominava seus pensamentos, acabaram!"

Lágrimas ameaçaram cair, mas Dante as conteve, cerrando os punhos.

Eadric suspirou pesadamente. Ele sabia que seu filho estava sofrendo, mas ele também estava. Mais do que qualquer um imaginava.

"Eu entendo, meu filho. Mas você não pode ser abalado. Não agora. Ele colocou as mãos firmemente nos ombros de Dante. Você precisa se manter forte, porque seus irmãos precisam de você. Você consegue fazer isso?"

A pergunta o fez hesitar. Ele entendeu o que seu pai queria dizer, mas não conseguia aceitar.

"Eu não concordo com isso! Dante empurrou as mãos do pai e deu um passo para trás." Por que você não deixa eu ou Andrus irmos à cidade para pegar pelo menos um remédio? Eu sei que as coisas estão ruins, mas não posso simplesmente sentar e assistir meu irmão definhar!"

O coração de Eadric afundou. Ele não queria ouvir. Não porque discordasse, mas porque a verdade doía.

De repente, seu rosto endureceu e sua voz soou firme e cheia de medo.

"Escute, Dante. Olhe para mim!" Seu tom fez seu filho se calar. "Ele é meu filho também! Eu o amo também! Mas não me peça para arriscar perder outro filho sem que eu possa fazer nada a respeito!"

Eadric respirou fundo, tentando conter a emoção que ameaçava transbordar.

"Nem você nem Andrus irão para a cidade. Isso não é negociável. Entendido?"

O silêncio entre eles era pesado. Eadric então cambaleou, quase caindo, mas conseguiu se segurar em Dante, que rapidamente o apoiou.

"Ei, pai! Você está bem?" Dante disse, sua voz cheia de preocupação.

"Sim, sim, só um pouco de náusea e dor de cabeça. Talvez eu tenha passado muito tempo no sol." Seu pai respondeu, sua voz fraca, mas com um leve sorriso no rosto enquanto ele lutava para se levantar.

"Eu acho que você deveria entrar e descansar um pouco," Dante sugeriu, levando seu pai para o quarto pela porta dos fundos. Depois de colocá-lo na cama, ele rapidamente voltou para o lado de fora da casa, onde o ar fresco da montanha parecia aliviar o peso de sua mente. Ele precisava de um momento para refletir sobre tudo o que eles tinham discutido.

Lá dentro, a tosse de Theodore soava como um lembrete cruel da realidade.

Enquanto isso, Samara tentava falar com Andrus, tentando dissipar o peso no ar.

"Dante se preocupa muito conosco... ele vai acabar ficando com rugas antes do tempo" Ela brincou, forçando um sorriso.

Andrus não respondeu. Seu olhar estava distante, fixo na mesa como se sua mente estivesse em outro lugar. Sem dizer uma palavra, ele se levantou e caminhou em direção ao seu quarto, deixando o prato praticamente intocado.

"Ei, aonde você está indo? E a comida?" Samara suspirou, frustrada. Ele olhou ao redor, notando que ninguém mais parecia ter apetite.

Ela cruzou os braços e afundou na cadeira, olhando para Luke que abanava o rabo ao lado dela.

"Parece que somos só você e eu, pequeno..." ela murmurou, acariciando a cabeça do cachorro. Seu peito apertou. "Gostaria que as coisas fossem diferentes para nós..."

Dentro do quarto, Andrus sentou-se na beirada da cama, apoiando os cotovelos nos joelhos e enterrando o rosto nas mãos. O silêncio ao redor dele não trouxe conforto. Pelo contrário, só fez seus pensamentos ficarem ainda mais altos.

Ele respirou fundo, cerrando os punhos. Ele queria culpar alguém. Ele queria um nome, um rosto, uma razão para toda aquela dor.

Seu olhar subiu lentamente para o teto, e então um sussurro escapou de seus lábios, cheio de desejo e fraqueza.

"Se a mamãe estivesse aqui... ela saberia o que fazer..."

E pela primeira vez em muito tempo, Andrus se permitiu sentir a dor da ausência dela.Dante voltou para dentro de casa, batendo os pés para tirar a sujeira dos sapatos. Ele deu um breve sorriso para Samara, tentando tranquilizá-la.

"Obrigado pela sopa, Samara. Estava uma delícia." Ele disse, caminhando em direção ao quarto que dividia com o irmão.

"Você mal tocou na comida..." Samara murmurou tristemente.

"Eu não estava com muita fome..." Dante respondeu, tentando soar despreocupado.

Assim que saiu da cozinha, Samara tentou segurar as lágrimas que escorriam pelo rosto.

Quando chegou ao quarto, Dante viu o irmão se mexendo inquieto na cama.

"Ainda acordado?" Ele perguntou, mesmo já sabendo a resposta.

"Afaste-se!" Andrus resmungou, sem desviar o olhar.

Dante suspirou e deitou-se no beliche de cima, olhando pela janela. O silêncio durou alguns segundos antes que ele finalmente falasse:

"Não podemos ficar sentados sem fazer nada! Precisamos ir à cidade amanhã. Theo precisa de remédios. Ele não vai durar muito mais tempo sem..."

Nenhuma resposta.

"Você está me ouvindo!?" Dante insistiu, já irritado.

"Quem se importa?" Andrus retrucou.

Dante se virou surpreso.

"Do que você está falando?"

"Você sabe exatamente do que estou falando! Não podemos nos arriscar por esse peso morto!"

A raiva explodiu instantaneamente.

"Você deve estar brincando comigo!"

"Brincando com você!?" Andrus sentou-se abruptamente, seus olhos cheios de frustração. "Você vai parar de agir como nosso pai? Só porque você é o mais velho, você acha que precisa tomar todas as decisões? Você acha que é responsável por todos!?"

Silêncio caiu entre eles por um momento. Então, Andrus continuou:

"Se você quer ir para a cidade, vá. Mas sozinho. Não me envolva nessa loucura. Eu ficarei aqui, ajudando com o que realmente importa."

"Ele ainda é nosso irmão! Você não pode estar falando sério!"

"Pense o que quiser. Eu não me importo. Agora me deixe em paz." E com isso, Andrus se virou, encerrando a conversa.

Dante permaneceu sentado, atordoado. Ele queria acreditar que seu irmão estava apenas frustrado, mas suas palavras ecoavam algo mais profundo. Nem seu pai nem seu irmão... Ninguém queria agir.

Mas ele não podia simplesmente ficar sentado e não fazer nada.

Amanhã, ao amanhecer, ele partiria para a cidade sozinho.

Na manhã seguinte, Dante foi o primeiro a acordar. O sol ainda mal iluminava o céu quando ele saiu da cama, se vestiu rapidamente e caminhou pelo corredor silencioso. Seu destino era certo: o quarto de Theodore.

Parado na porta, ele hesitou por um momento antes de bater levemente.

"Theo? Você está acordado, irmão?" Ele perguntou em um sussurro, tomando cuidado para não perturbá-lo se ele estivesse dormindo.

Houve um breve silêncio, seguido pela voz rouca de Theodore.

"Sim, estou, Dante..."

A resposta foi rápida demais. Ele estava acordado há algum tempo, mas tentava esconder.

Dante sorriu, aliviado.

"Isso é bom, fiquei com medo de ter acordado você. Como você está?" Você dormiu melhor ontem à noite?

Theo suspirou e então, para a surpresa de Dante, soltou uma risada leve.

"Na verdade... nunca dormi tão bem. Hoje à noite consegui recuperar o sono que perdi em tantas noites..."

O rosto de Dante se iluminou.

"Sério!? Isso é ótimo!" ele exclamou animadamente. "E você nem precisou de remédio! Quem sabe, talvez você esteja melhorando com o tempo? Você parecia tão mal ontem, estou feliz em saber que está melhor!"

Theodore sorriu, mas seus olhos tinham algo diferente. Uma hesitação, um peso oculto em sua voz enquanto ele murmurava:

"Sim... sem remédio..."

Suas palavras soaram baixas, quase como um segredo.

Tenho que contar ao papai, ele ficará feliz em saber que está melhor!

Com esse pensamento, Dante correu para o quarto do pai, mas quando abriu a porta, tudo o que encontrou foi uma cama desfeita. Nenhum sinal dele.

Franzindo a testa, ele andou pela casa, chamando por ele. Nada. Ele saiu para a plantação, depois para o estábulo, mas não havia sinal dele.

"Só um momento, Theo", ele disse, tentando conter sua inquietação. "Não consigo encontrar o pai..."

Ele forçou um sorriso, mas sua ansiedade estava começando a crescer. Ao se virar de volta para a mesa, algo chamou sua atenção: um pedaço de papel cuidadosamente dobrado estava sobre a madeira. Com mãos trêmulas, ele pegou a carta e a desdobrou. Seus olhos examinaram as palavras rabiscadas às pressas, a caligrafia firme, mas urgente.

*"Meus filhos,

Há alguns dias, fui à cidade comprar remédios. Sei que deveria ter contado a vocês, mas não queria preocupá-los. Theo sabia, mas pedi que ele guardasse segredo. Fiz isso porque queria ter certeza de que não estava infectado antes de dizer qualquer coisa. Esperei. Observei. Mas agora percebo que não posso mais ignorar. Senti os primeiros sintomas e é por isso que tomei a decisão de me isolar. Não quero que vocês corram riscos. Não quero que passem por isso.

Sei que pode ser difícil de entender, mas o mais importante agora é que vocês fiquem juntos e cuidem um do outro. Andrus, você sempre foi forte, continue assim pelos seus irmãos. Dante, nunca perca a gentileza que há em você. E, meu pequeno Theo, obrigada por confiar em mim.

Samara, minha querida, você sempre teve um coração forte, mais do que pode imaginar. Mesmo diante de tudo, nunca deixe de ser quem você é. Sua força e generosidade sempre foram uma luz para mim, e sei que isso os guiará em momentos difíceis.

Todos vocês são a razão de tudo o que fiz e continuo a fazer. Se as coisas não saírem como esperamos, quero que se lembrem de uma coisa: eu os amo, sempre amei e sempre amarei.

Com todo o meu amor,

Pai"*

Dante releu as palavras, desacreditando no que estava lendo, a frase pesando em seu peito como chumbo.

"O que é isso? Do que ele está falando?" Ele murmurou, sua voz falhando, seus dedos apertando o papel.

Então, ele ouviu um soluço vindo do quarto de Theodore.

"Theo?" Ele chamou, seu coração apertando com o grito abafado.

Ele correu para a porta e a abriu.

"Irmão? Do que ele está falando?" Ele perguntou, o medo crescendo dentro dele.

Theo não respondeu imediatamente. Ao fundo, tudo o que ele conseguia ouvir era o som de lágrimas caindo no chão.

"Não... não..." Dante sussurrou, sua voz falhando. "Pai! Pai!" O grito ecoou pela casa enquanto ele corria para fora.

O barulho acordou Andrus e Samara, que se levantaram.

"O que está acontecendo? Onde está Dante, Theodore?" Andrus perguntou, batendo forte na porta do irmão. Silêncio. A falta de resposta, juntamente com sua crescente inquietação, o fez decidir seguir Dante.

"Theo? Theo?! Para onde Dante e o pai foram? O que está acontecendo?!" Samara perguntou, sua voz tremendo. Suas mãos agarraram seu peito, enquanto Luke, o cachorro, se aproximava como se sentisse sua angústia.

Theodore estava tremendo, lágrimas rolando pelo seu rosto enquanto ele lutava para respirar. "Eu não queria isso... Ele não tinha que ir... Não por mim..."

"Theo, por favor... Me diga o que está acontecendo!" Samara implorou, seus olhos se enchendo de lágrimas.

Seu irmão levantou o rosto, seus lábios tremendo. "Eu tentei impedi-lo, Samara... Eu disse a ele para não ir... Eu implorei a ele! Não é minha culpa, não é minha culpa..." Ele repetiu, balançando a cabeça, como se tentasse se convencer.

Samara sentiu seu coração apertar. "Eu não entendo..." Ela disse, enquanto uma única lágrima corria por seu rosto.

"Então eu explico tudo!" Andrus rugiu, irrompendo pela porta.

A força da investida quase empurrou Dante para trás enquanto ele tentava se conter.

"Nosso pai está doente! Ele pegou aquela maldita praga na cidade porque saiu para comprar remédio para esse doente que temos em casa!"

As palavras de Andrus atingiram Samara como uma lâmina. Seu estômago revirou.

"Não, Andrus... Por favor... Eu disse a ele para não ir... Você tem que acreditar em mim!" Theodore soluçou, seus olhos vermelhos e inchados. "Por favor, Dante, você sabe que eu não queria isso!"

Dante olhou para a porta do quarto de Theodore, incapaz de dizer nada. O choque o paralisou, mas ele tinha que agir — agora.

"Me solte, Dante!" Andrus lutou, tentando seguir em frente. "É tudo culpa dele! Eu te disse! Aquele peso morto... Não foi o suficiente que nós cuidamos daquele merdinha doente?! Agora nem sabemos onde nosso pai está!"

Com um rugido de fúria, Andrus bateu na porta de Theodore, enquanto Dante lutava para segurá-lo...

"Espere Andrus, o que você está pensando em fazer!?"

FIM DO CAPÍTULO 1