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Crônicas de uma dona de casa

Rose_Rodrigues_8178
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Synopsis
Crônicas de uma Dona de Casa – Um relato sincero, intenso e, por vezes, cômico sobre a rotina de uma mulher que equilibra filhos, casa, casamento e a própria sanidade. Mas essa não é qualquer rotina—é a vida de uma mãe atípica. Nathan, autista e não verbal, expressa o mundo de um jeito único, e cada pequena conquista dele é uma vitória imensa. Davi, com sua energia inesgotável, transforma a casa em um verdadeiro campo de batalha. E entre terapias, refeições bagunçadas e noites mal dormidas, há também Natalha, com seu jeito peculiar e seus hiperfocos que a fazem falar sem parar. Ao lado dela está Rogério, um marido bondoso e trabalhador, que cuida da família, mas, como tantos homens, esquece que a mulher também precisa sair da rotina para se sentir viva. Entre o calor insuportável, as demandas intermináveis e as pequenas alegrias do dia a dia, essas crônicas revelam a exaustão, o amor e os sonhos de quem vive para cuidar de todos, mas às vezes só queria um minuto de paz. Sem filtros, sem romantização—apenas a realidade de uma dona de casa que ama sua família, mas que, de vez em quando, só queria fugir para um lugar silencioso.
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Chapter 1 - QUATRO HORAS DE SONO E UMA ORAÇÃO NÃO FALADA

O despertador não toca. Quem precisa de despertador quando a vida já está programada para começar às seis? Levanto, levo meu esposo ao trabalho, e no caminho, faço planos. Hoje eu oro com calma. Hoje eu faço ginástica. Hoje eu...

Chego em casa e lá está ele. Nathan, meu filho autista, já acordado. Ele não fala, mas não precisa. Seu olhar me chama. Leite, já sei. Aqueço, dou na sua mão, e enquanto ele toma, ouço passos miúdos. Davi, dois anos, energia de doze. Agora é hora de correr.

Tento organizar a casa. Limpo um lado, olho para o outro, já bagunçou. Respiro. Onze da manhã. Hora de tentar acordar minha filha, Natalha. Quinze anos, TDAH. Meia hora para sair da cama, vinte minutos para o cérebro carregar. Peço para arrumar o quarto. Não dá tempo. O trabalho no escritório do avô a espera.

O almoço chega. Os pequenos fazem arte. Comem? Jogam no chão? Difícil dizer. Preguiça de almoçar. Mais preguiça de lavar a louça. Mas logo lembro: Nathan tem terapia. Corro. Arrumo os dois. Corro mais.

Na volta, todos estão famintos. Comem como se não houvesse amanhã. Depois, nova corrida: buscar o esposo no trabalho. Chego. Faço café. Pequenos querem mais comida. Natalha também. Faço.

Pela casa, faço uma coisa, outra, várias ao mesmo tempo. Atendo todo mundo. O dia não para, mas eu queria parar. Nem que fosse um minuto.

A noite chega, mas o silêncio, não. O sono deles custa a vir. As neurodivergências não perdoam. Fico na sala, esperando. Esperando. Meia-noite. Agora sim.

Não li a Bíblia. Não sentei para orar. Mas falei com Deus o dia inteiro. Espero que Ele me entenda.

Quase duas da manhã. Quatro horas de sono me esperam.

Boa noite.