brilho fraco da energia ectoplasmática, um resíduo das almas perdidas que vagavam sem destino. O céu, de um tom esverdeado e sinistro, refletia uma realidade desfigurada, como se o próprio tecido do universo estivesse se desintegrando. As ruas de Northelis, uma das cidades mais antigas e distorcidas desse mundo espectral, estavam desertas, mas não por completo. Fantasmas errantes se moviam de um lado para o outro, suas formas vagamente humanas, mas com características distorcidas. Algumas vezes, surgiam flashes de rostos conhecidos, daqueles que uma vez viveram, mas agora eram apenas reflexos pálidos de suas antigas existências.
Danael Norde andava pelas ruas com passos cuidadosos, como se cada movimento seu fosse analisado por olhos invisíveis. Ele sabia que estava sendo caçado. Os Guardiões Violeta, seres imortais a serviço dos 12 Reis, estavam em sua cola, e se ele fosse pego, seu destino seria selado. Eles o caçavam porque ele era a maior aberração que o Mundo Fantasma já havia conhecido. Filho de Dorquinas Norde, um homem humano, e Judith Norde, uma fantasma, Danael era uma mistura, um híbrido, algo que deveria ser impossível. Sua própria existência desafiava as leis naturais do universo, um erro em forma de vida.
A cidade de Northelis era uma prisão para os habitantes deste mundo. Embora os fantasmas tivessem sua liberdade, eles não eram realmente livres — sempre estavam presos às suas memórias, às suas histórias, às suas angústias. Danael também era prisioneiro, mas de uma maneira diferente. Ele não pertencia a nenhum lugar. Nem ao Mundo Fantasma, nem ao Mundo Humano. A sua natureza o tornava um ser sem raízes, e isso era uma maldição.
Ele passava por ruínas de prédios que um dia foram grandiosos. Agora, cobertos de líquenes espirituais e musgos ectoplasmáticos, esses prédios eram sombras de sua antiga grandiosidade. O ar estava pesado, quase denso, e cada respiração era um lembrete de que o tempo no Mundo Fantasma não seguia as regras do Mundo Humano. O tempo aqui era distinto, dilatado, como se os próprios segundos fossem estraçalhados pela eternidade.
A porta de uma cafeteria apareceu diante de Danael, e ele entrou, com o desejo de encontrar um refúgio por alguns minutos. O lugar estava vazio, exceto por alguns fantasmas que pareciam estar em um estado de semi-consciência, seus corpos vagos e translúcidos, como se tivessem sido esculpidos na névoa. Danael sentou-se em uma mesa distante, tentando se ocultar nas sombras, mas algo no ambiente não parecia certo.
Foi então que ele percebeu. Uma figura encapuzada o observava do outro lado da sala. Seus olhos, de um tom violeta profundo e quase sobrenatural, brilhavam de maneira hipnótica. Danael sentiu uma sensação de desconforto. Não era apenas o olhar dessa pessoa, mas a presença dela. Algo nela parecia familiar, mas ao mesmo tempo era uma ameaça palpável.
"Você está esperando por alguém, não está?" A voz, suave e grave, parecia vir de longe, como se as palavras tivessem viajado através de milênios antes de finalmente alcançá-lo.
Danael, ainda desconfiado, olhou para o estranho. "Quem é você?" ele perguntou, sua mão já se aproximando de sua lâmina espiritual, sempre pronto para qualquer ataque.
O estranho sorriu por trás do capô, revelando apenas seus olhos violeta. "Eu sou uma resposta. Ou talvez, uma pergunta. Depende de como você escolher ver."
O homem se levantou da mesa lentamente, e seus passos não faziam som algum. Ele caminhou até onde Danael estava sentado, seu olhar nunca se desviando do híbrido. "Você sabe o que você é, Danael? Você é uma aberração, uma ameaça ao equilíbrio de ambos os mundos. Mas você tem algo que eles querem. Os 12 Reis. Eles o caçam, porque sua existência pode destruir tudo o que eles construíram."
Danael franziu a testa. "Por que está me dizendo isso? O que você quer?"
O homem olhou para ele com uma expressão enigmática. "A verdade. O que você faz com ela... é sua escolha. Mas esteja avisado, o que está em jogo é muito maior do que você imagina."