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Jogos do Vazio

Balaal
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Synopsis
Invocados de mundos diferentes, guerreiros de variados tipos são forçados a lutarem entre si, a fim de decidirem o único vencedor.
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Chapter 1 - Capítulo 1. O Coliseu

O sol queimava a areia fina que cobria o solo de tijolos da arena. Pequenos galhos voavam com a brisa suave que soprava passando pelos dois portões principais. Alguns lagartos, mortos de sede, serviam de alimento para lagartos maiores e, por algum motivo, canibais.

Em doze celas separadas, dentro dos calabouços profundos daquele coliseu, guerreiros invocados aleatoriamente pelo "Proprietário" estavam descansando, ainda ignorantes de sua situação.

De repente, o som de uma buzina ensurdecedora soou por toda a ala prisional da arena, fazendo o chão e as barras de metal estremecerem.

[BUUUUZZZZZZZZZ]

'Mas que merd...!?'

Liuer Nam, um homem com cabelo castanho acobreado, pele relativamente clara e marcada por cicatrizes diversas e uma barba grande, porém mal cuidada, saltou com o som repentino da buzina. Inicialmente, forçou sua visão para enxergar alguns metros à frente, esforço necessário devido às remelas que estavam prendendo suas pálpebras umas nas outras.

Liuer olhou em volta, com um desespero contido. Após algum tempo, viu que um machado estava em cima da cama surrada, provavelmente feita para incomodar propositalmente. Em um breve momento de alívio, Liuer suspirou e apertou o punho do machado com força, levantando da cama logo em seguida, sem baixar a guarda. Olhou ao redor novamente, mas viu nada além de escuridão. Cheirou e sentiu o fedor característico de lodo e carne podre. Escutou goteiras e ratos irritados com alguma inconveniência, talvez uma briga interna. Por último, sentiu com as mãos as pedras ásperas e úmidas, cortantes como uma lâmina. Apesar de seus esforços, aquele ambiente não deixou de ser desconhecido. Então, a partir do momento em que pensou estar sozinho ali, seu primeiro instinto foi: fugir.

Liuer Nam, concentrando algo como um brilho esverdeado em volta de seu corpo, pensou na frase: "Magika: Corte Áureo". Ele balançou seu machado com um movimento diagonal veloz, mirando nas barras de metal da cela.

A lâmina prateada de Liuer cortou o ar, desenhando um rastro verde luminoso que deixou o calabouço minimamente mais claro por um breve momento, como se o sol o tivesse visitado.

O impacto ecoou por todo o calabouço, repetindo inúmeras vezes até que o som parasse de soar. Quando a poeira, levantada pelo golpe, baixou, Liuer franziu o cenho. As barras de metal de sua cela não haviam sofrido um arranhão sequer.

Furioso, Liuer se preparou novamente para lançar um golpe com ainda mais força, mas antes que o pudesse fazer, uma voz jovem, rouca, mas imponente, o interrompeu.

"Não adianta. Acha que nós já não tentamos?"

Liuer baixou seu machado, apoiando uma de suas mãos na empunhadura revestida por couro de Fargën — semelhante a uma quimera, mas com corpo de touro e cabeça de corvo.

"Nós? E quem são vocês?"

A voz misteriosa aproximou-se das barras de sua cela, revelando um homem alto, esbelto e musculoso. Trajando roupas nobres cobertas de adereços e jóias escuras, e uma capa extravagante de cor azul marinho e branco.

"Niguém sabe. Digo, ao menos eu não conheço nenhuma dessas pessoas, nem mesmo você, grandalhão."

Arqueou a sobrancelha e deixou sua boca curvar para cima em tom de provocação, fazendo uma das veias de Liuer saltar mais do que o normal.

Antes que a discussão começasse, a troca de palavras foi interrompida por alguém além dos dois conversadores.

"Que Budha esteja com vocês... Namu Amida Butsu..."

A voz parecia serena, mas carregada de uma pressão que fez ambos, Liuer e o homem pomposo, engolirem em seco.

"Tsk, calem a porra da boca, vocês todos."

A moça mais ao fim do corredor arranhou as barras da cela, causando um som estridente e extremamente irritante. O tom de sua voz era aveludado, mas ácido, e suas palavras tocaram todas as paredes daquela prisão como um eco distante.

Era evidente para todos os prisioneiros que eles não eram os únicos ali. Alguns tentaram se localizar, sair, até mesmo se conhecer, mas nada parecia transformar aquela situação em algo menos preocupante. Por um tempo, o silêncio tomou conta daquele aparente calabouço. Os sons de gotas caindo no chão, ratos "conversando" entre si, insetos voadores batendo suas asas e um vago tremor acima do teto daquelas celas se tornaram predominantes.

Então, a buzina de antes soou novamente, no entanto, dessa vez, foi acompanhada por uma voz distorcida que falou brevemente com todos os invocados.

[BUUUUZZZZZZZZZ]

"MEUS CAROS HERÓIS! VOCÊS FORAM SELECIONADOS PARA PARTICIPAR DO MAIOR TORNEIO DE TODOS OS UNIVERSOS! SAIAM, SAIAM AGORA E VENHAM PARA A ARENA! O PRIMEIRO EVENTO IRÁ COMEÇAR EM DEZ MINUTOS!"

"Torneio?!"

Foi a palavra que surgiu em um pensanento mútuo, quase verbalizado.

[clan... clank... claNK... clANK... cLANK... CLANK!]

O som metálico das portas abrindo sequencialmente ecoou, e, mesmo hesitantes, eles saíram de suas celas, caminhando vagarosamente na direção de uma luz ínfima que brilhava ao norte.

A cada passo, a luz brilhava mais. O som de gritos, vaias e urros fazia o ambiente silencioso em que estavam parecer mais lotado do que realmente era. Conforme chegavam mais perto da luz, a voz distorcida que ouviram antes ficava mais alta.

"CAROS INVESTIDORES, EU, O "PROPRIETÁRIO", APRESENTO... A ENTRADA DOS HERÓIS DA VIGÉSIMA SÉTIMA EDIÇÃO DO TORNEIO PELO TRONO!!!!"

Aquela espécie de narrador, que parecia um ser humano, mais precisamente um homem de vinte e poucos anos de idade, animava a plateia estranha enquanto flutuava no ar, trajando um casaco de pele extravagante que fluía com o vento.

O coliseu era enorme, praticamente maior que uma cidade. Dividido em sessões em diferentes estações, com diferentes construções, não parecia ter um limite. Algumas dessas construções lembravam castelos medievais fantasiosos, outras lembravam pavilhões da china antiga, outras lembravam prédios modernos e arranha-céus de um futuro distante.

A plateia que gritava pelos participantes era composta por seres de todos os tipos, orcs, humanos, seres feitos de luz, ciborgues, animais humanóides, até mesmo objetos inanimados com vida.

Os invocados tamparam os olhos brevemente por causa da repentina mudança em claridade, mas a maioria se assustou com a grandiosidade do lugar em que estavam.

A pessoa, ou ser, flutuando no meio da arena se destacava como um fogo na floresta. Era totalmente incomum, um ponto vermelho e brilhante na vastidão daquele lugar.

"NESSA EDIÇÃO, MEUS CAROS..."

Ele abriu os braços levemente e subiu mais ainda no ar.

A plateia ficou em silêncio. Uma sensação inquietante tomou conta de todos os invocados que testemunhavam aquele momento.

De repente, como se fosse premeditado, uma ventania forte vinda de sete direções diferentes fez com que o casaco de pele do homem que flutuava voasse por todos os lados, criando uma cena extravagante, digna de um verdadeiro show de entretenimento.

"O PRIMEIRO DESAFIO SERÁ: UMA RODADA DE ELIMINAÇÃO!

Os gritos da plateia ficaram mais altos e uma palavra distinta podia ser ouvida: "Tarnak", aparentemente usada para se referir ao estranho narrador.

Todos ficaram atentos, alguns levantaram suas armas, outros apenas suaram frio por um instante, mas a voz do narrador auspicioso cortou o momento de preocupação.

"AH, POR DEUSES... ESTOU DEIXANDO VOCÊS ESPERAREM! COMECEM, COMECEM JÁ!"

O chão começou a se mexer, partido em hexágonos enormes abaixo de cada invocado ali presente. Movimentos rápidos de embaralhamento foram feitos e, no fim do processamento daquele estranho mecanismo mágico, os invocados estavam dispostos de forma em que ficassem um em frente a outro, separados em duplas.

Paredes gigantescas, feitas de algum tipo de magia translúcida, surgiram do chão para impedir que os invocados se translocassem entre os hexágonos.

O homem com roupas nobres, Felix El' Prion, candidato a patriarca do ramo principal da família Prion em seu mundo, encarou o homem que estava parado no outro hexágono que os juntou ali. Ele dobrou um dos joelhos e suspirou profundamente, apoiando uma de suas mãos no quadril, seus cabelos escuros fluindo com o vento.

Do outro lado estava Tian Yi, um cultivador extremamente temido em seu mundo, o Murim. No Jianghu, ele era conhecido como "Demônio da Lâmina Carmesim". Nada era muito aparente sobre suas vestes hanfu escuras e simples, mas seus olhos avermelhados e cabelos negros longos como uma cachoeira chamavam atenção de quem o encarasse. Sua postura elegante e fria era suficiente para dizer que tipo de homem ele era.

"Não acredito que vou ficar preso com um mendigo... Talvez em outra vida eu tenha pecado além da conta."

Felix observou as vestes estranhas daquela pessoa com desdém. Em sua família, pessoas de baixo calão usavam trapos semelhantes, por isso, subestimou a força daquele que achava ser inferior.

A plateia silenciou-se por alguns instantes, incapaz de ver o que estava acontecendo dentro das arenas menores.

O "Proprietário" balançou a cabeça e deu um tapa na própria testa, fazendo sua cabeça girar no eixo de seu pescoço de forma cômica, antes de ajustar seu terno.

"COMO PUDE ME ESQUECER!?"

[SNAP!]

Ele estalou os dedos. O som de seu dedo batendo e gerando faíscas mágicas resoou por toda a arena. Com um simples estalar de dedos, o Proprietário fez aparecer janelas enormes, com aparência de holograma, ao redor de todo o coliseu, permitindo que os espectadores assistissem as batalhas que estavam prestes a acontecer.

O homem flutuante respirou fundo, limpando a garganta logo em seguida.

"BEM, ISSO ESTÁ FICANDO CHATO... VAMOS MELHORAR AS COISAS!"

[SNAP!]

Outro estalar de dedos. Dessa vez, uma janela semelhante àquelas que flutuavam pela arena apareceu diante de todos os invocados.

***

MISSÃO URGENTE!

DESCRIÇÃO: ENFRENTE E MATE A PESSOA QUE ESTÁ EM SUA FRENTE OU MORRA.

DIFICULDADE: EXTREMA

RECOMPENSA: ???

PENALIDADE: MORTE INSTANTÂNEA

TEMPO LIMITE: 10 Min

***

O olhar no rosto de Felix mudou, seus olhos, antes desdenhosos, agora encaravam aquela janela com medo e ansiedade. Ele os coçou com a palma da mão algumas vezes, rezando com todas as forças para que aquilo não fosse mais que uma ilusão induzida pela fome. Mas não, isso realmente estava acontecendo.

Em outro lugar, Liuer Nam teve dificuldades em acreditar naquilo e em quem estava enfrentando. Ele clicou a língua algumas vezes até se contentar, então, virou o pescoço de forma assustadora até que fizesse um barulho estranho de ossos estalando. Aquilo era uma ótima motivação para afiar seu machado outra vez.

Os invocados, em sua maioria, tiveram a mesma reação. Terror. Aquilo não parecia ser mentira, muito menos parecia haver uma saída daquela arena. Eles estavam fadados a lutar entre si e, enfim, morrer. Não havia escapatória.

Em alguns instantes, o relógio começou a contagem.

[09:59]

Felix apertou os punhos com força, de concentrando para manter a expressão de tranquilidade e superioridade.

"Tsk... Merda... Isso não parece ser brincadeira."

O homem pomposo olhou para seu adversário, ainda com a mesma expressão no rosto: sério, frio, sem emoções. A aura que emanava era sufocante. O sentimento de pequenez tomou conta do coração de Felix. Ele sentia-se esmagado, pressionado por alguma coisa vinda daquele homem, algo que não podia ver, mas podia sentir. Ele associou isso à ficar diante de um guerreiro arcano experiente de seu mundo.

"Hmpf... Você não conversa muito, né? Bem, não esperaria mais de alguém que não teve educação básica."

Tian Yi suspirou e moveu seu pé levemente para a direita, encarando Felix com olhos cansados e uma expressão de pena.

"Você fala demais."

[Arte Demoníaca da Lâmina Carmesim: Corte Intransponível]

SWOOOOSH!

Em um instante, Tian Yi estava atrás de Felix, um rastro de uma energia vermelha foi deixado para trás, formando um caminho desde onde estava previamente. Sua espada não estava mais embainhada, ele a segurava com a mão direita e a energia estranha fluía de sua lâmina.

A plateia urrou, gritos de animação e excitação foram ouvidos por todo o lugar.

"Está decidido?!"

"Acabou, não tem como ele ter parado isso!"

Os espectadores, entusiasmados com a primeira luta que estava acontecendo, começaram a assumir coisas. Rumores surgiram, torcidas apareceram. No entanto, apesar de estar imóvel, Felix ainda não tinha caído.

"Desgraçado... Além de mendigo, é um fraco sem honra?!"

Felix segurava sua espada — a qual brilhava devido a uma aura roxa que a envolvia — em posição de guarda, após bloquear com maestria o golpe desferido por Tian Yi.

O cultivador olhou, surpreso. Não estava acostumado a ser bloqueado de tal forma. Talvez aquele homem tagarela não fosse tão fraco quanto deixava transparecer. Ele ajeitou a postura e estreitou os olhos em curiosidade.

"Qual é o seu nome?"

Felix inicialmente não reagiu à pergunta, mas pensou que fazê-lo com o tom certo de provocação resultaria em uma boa oportunidade para desestabilizar seu oponente. Ele apontou sua espada tingida de prata e ouro para a direção geral de Tian Yi, que franziu o cenho brevemente.

"Por quê eu te diria? Você vai morrer aqui, seria como conversar com um cadáver!"

Um impasse. Ninguém se mexia. A arena estava fissurada na batalha que começou. O foco de muitos dos espectadores estava na janela que transmitia a luta do homem pomposo e seu adversário calado.

O relógio fazia um som estridente de mecanismos se chocando a cada segundo. Felix sabia que precisava se apressar.

[09:20]