Abro meus olhos lentamente com muita dificuldade, a primeira vista só enxergo borrões se movendo, começo a piscar para assim talvez desembaçar, não consigo nem se quer mover um músculo de meu corpo, o esforço de abrir a boca é tão grande que na tentativa de falar.
- Ahh... - As pessoas que ali estavam no recinto se direcionaram a mim.- O... qu...- E por certa razão a agitação toma o lugar. Em seguida um homem de jaleco branco e alto invade o local.
- Félix? - fico curioso como o tal sabia meu nome.- Consegue me ouvir?- me esforço para balançar levemente minha cabeça confirmando. - Ótimo... - Em seguida ele solta um ar de alívio.
Em sequência o tal homem de jaleco alto que classifiquei como médico me faz uma ordem de várias perguntas seguindo-se examinando partes de meu corpo. Quando aparenta estar quase terminando, esculto o estrondo da abertura da porta, assim algumas pessoas adentra a ala. Aparentemente as figuras humanas eram familiares para mim, no total de três pessoas a mais a frente com o olhar de desespero? veio bruscamente em minha direção.
- Não acredito... - E assim lágrimas emergia de seus olhos azuis. - Meu amor você acordou... - A senhorita limpa os rastros de lágrimas em seu rosto, e assim afastando mechas loiras para atrás de suas orelhas.
Fico um momento examinando seu rosto para tentar reconhecê-la.
- Félix, não está me conhecendo? - Dizia ela assegurando minha mão. Torço meu olhar. - Félix sou eu...
- Mãe?... - porque não consegui reconhece-la? seu rosto estava diferente. - É você?...
O alívio é estampado em seu sorriso e lágrimas. A mulher loira balança sua cabeça para assim confirmar minha pergunta.
- O que aconteceu... com seu rosto?- levo minha mão a sua face acariciando sua bochecha. Ela me olha estranhamente e depois se volta ao médico.
Depois de um tempo Félix começa a compreender sua situação. Félix teve um acidente na escola, onde acabou tendo uma queda na escadaria dos fundos, fazendo-o bater seguidamente sua cabeça, não foi relatado a ele como e o porque do acidente muito menos a origem, só foi dito que um aluno prestou socorro a ele. Durante o acidente Félix teve uma perda de sangue muito grande, os esforços dos primeiros socorros foi imenso para mantê-lo consciente. Durante sua cirurgia acabou tendo uma parada cardíaca dificultando ainda mais para os médicos. Por fim Félix acabou entrando em coma e assim ficou por 5 meses... até agora.
Por algum motivo Félix está com falhas em sua memória, os médicos passaram a analisar seu estado em alguns dias e constataram que Félix perdeu sua memória de 4 a 5 anos atrás, oque dificultou o reconhecimento de seus familiares que ali estavam.
Ja se passava algumas semanas, com a fisioterapia Félix começou a se movimentar melhor aos poucos, Félix tinha além de sua mãe seus dois irmãos mais velhos que não visitavam muito como sua mãe.
- Mãe pode pegar aquele livro ali por favor. - Ela me olha com seu rosto de surpresa. - que foi?...
- Você quer ler um livro?- não tinha entendido sua pergunta, porque não leria?
- Sim? algum problema?
- É que faz anos que não vejo você encostar em um livro. - Dizia ela se levantando indo em direção a estante que ali se encontravam alguns livros.
- Nossa... eu mudei tanto assim nesses anos. - abaixo minha cabeça com a face pensativa.
- Desculpe não queria dizer isso... é só... - Diz ela com um sorriso forçado.
- Sem problemas mãe se é a verdade, só tenho que aceitar. - Sorrio de canto a ela.
Esculto batidas na porta, e assim peço para entrar, emerge pelo portal uma jovem menina que apresentava ter 17 a 18 anos, seus cabelos ondulados se movimentaram com seu caminhar.
- Amorzinho finalmente consegui vim te ver.- Dizia ela toda empolgada.
- Quer que deixo vocês a sós?- exclamava minha mãe se levantando.
- Espere... quem é ela? - Cochicho para minha mãe a puxando pelo braço.
- Uai amorzinho, quem mais poderia ser? sua namorada. - Dizia ela abrindo um leque em sua frente abanando levemente.
- Desculpe-me Sabrina mas meu filho acabou perdendo uma parte de sua memória.- pronunciava minha mãe a jovem que assim se assustou com a notícia.
- O que?! meu bebê não se lembra de mim? não acredito...- E está evidente o drama em seu rosto.
- Então vou deixar meu filho contigo para ver se lembrará de algo...- com um olhar pervertido minha mãe consegue se afastar de mim saindo pela porta.
- Mas. - não consegui me pronunciar.
- Então até onde meu bebê lembra mim?- Sabrina puxa uma cadeira sentando-se ao meu lado.
- Desculpa mas eu não lembro de nada sobre você. - tentei aparentar ser educado o máximo.
- Sem problemas, assim criaremos novas memórias. - Eu não me senti confortável nem um pouco com aquela conversa.
E assim pelo menos uma vez ao dia Sabrina o visitava, trazendo conversas sobre seu relacionamento e como ela era perfeita até chegar o dia de alta de Félix.
Finalmente o dia de ir para casa chegou, mesmo sem saber onde eu moro hoje em dia, deve ser bem melhor do que ficar preso em um hospital. Minha mãe e meus dois irmãos que ali me acompanhavam me ajudavam a me locomover até o automóvel, percebi que meus irmãos não conversaram comigo desde que os reconheci. Lembro que eles trabalhavam muito e não passava muito tempo em casa mas mesmo assim sempre deram atenção a mim. Engraçado que ninguém ainda me falou de meu pai.
Durante o caminho a sua residência.
- Mãe e o pai?- todos parecem tensos dentro do carro, aparentemente ninguém quer se pronunciar.
- Algum problema? - começo a ficar com medo da resposta.
Eles se olham, e o silêncio se prolonga.
- Se tiver algo errado me falem logo. cadê o pai?- Os indago querendo minha resposta logo.
- É que...- finalmente minha mãe começa a se pronunciar. - Ele...
- O pai faleceu!- e assim Jorge o irmão mais velho fala com arrogância.
- oque?!
Continua...