Clara Martins cresceu em um apartamento modesto no bairro da Vila Mariana, em São Paulo. O apartamento era pequeno, mas aconchegante, com paredes cheias de fotos de família e prateleiras abarrotadas de livros. Desde criança, Clara era conhecida por sua curiosidade insaciável. Enquanto seus irmãos mais velhos, Pedro e Ana, preferiam brincar na rua ou assistir TV, ela passava horas no quarto, lendo livros sobre lugares distantes e sonhando com o dia em que poderia conhecer o mundo.
Seu pai, Carlos, sempre a incentivou a estudar. Ele era um homem prático, que acreditava no poder da educação para mudar vidas. "Clara, você tem que ser independente. O mundo é grande, e você merece explorá-lo", ele dizia, enquanto consertava computadores na sala de estar. Já sua mãe, Marta, era mais cautelosa. "Cuidado com os sonhos muito grandes, minha filha. Eles podem te levar longe demais", ela alertava, enquanto preparava o jantar na pequena cozinha.
Na escola, Clara era uma aluna dedicada, mas sempre se sentia um pouco deslocada. Ela não se interessava pelas mesmas coisas que as outras garotas da sua idade. Enquanto elas falavam sobre festas e namorados, ela preferia discutir os últimos episódios dos dramas coreanos que assistia escondida no quarto. Foi assim que ela descobriu sua paixão pela Coreia do Sul. A música, a cultura, a língua... tudo parecia tão fascinante e distante ao mesmo tempo.
No ensino médio, Clara começou a aprender coreano sozinha. Ela baixou aplicativos, assistiu a vídeos no YouTube e até comprou um livro de gramática coreana em um sebo. Seus pais achavam aquilo um pouco estranho, mas a apoiavam. "Se é isso que você gosta, vá em frente", dizia seu pai, orgulhoso. Já sua mãe suspirava: "Só espero que você não vá morar tão longe, minha filha."
Quando chegou a hora de escolher uma faculdade, Clara não teve dúvidas: Relações Internacionais. Ela queria trabalhar com algo que a levasse para o exterior, e a faculdade parecia o caminho perfeito. Durante os anos de estudo, ela se dedicou ao máximo, participando de palestras, workshops e eventos culturais. Foi em um desses eventos que ela conheceu o programa de intercâmbio cultural que mudaria sua vida.
O programa oferecia vagas para ensinar português em escolas estrangeiras. Clara não pensou duas vezes antes de se inscrever. "É agora ou nunca", ela pensou, enquanto preenchia o formulário de inscrição. Quando recebeu o e-mail confirmando que havia sido selecionada para trabalhar em Seul, ela quase não acreditou. "Coreia do Sul! É real!", ela gritou, correndo para contar a novidade para os pais.
A notícia foi recebida com uma mistura de orgulho e preocupação. Seu pai abraçou-a forte, dizendo: "Eu sabia que você chegaria longe, minha filha." Já sua mãe não conseguiu segurar as lágrimas. "Você vai ficar tão longe... mas eu sei que é o seu sonho. Vá, e seja feliz."
Nos meses que antecederam a viagem, Clara se preparou intensamente. Ela pesquisou tudo sobre a Coreia do Sul, desde a cultura até o clima. Comprou roupas de inverno, já que sabia que o frio seria intenso, e começou a se despedir dos amigos e da família. Cada "até logo" era acompanhado de um nó na garganta, mas Clara sabia que aquela era a oportunidade de uma vida.
No dia da partida, o aeroporto estava cheio de emoções. Seus pais a abraçaram como se não quisessem soltar, e seus irmãos prometeram mantê-la atualizada sobre tudo no Brasil. "Não esquece da gente, tá?", disse Ana, com os olhos cheios de lágrimas. Clara sorriu, tentando parecer mais corajosa do que realmente se sentia. "Nunca vou esquecer de vocês. E logo eu volto para visitar."
Enquanto o avião decolava, Clara olhou pela janela e sentiu uma mistura de medo e empolgação. Ela sabia que a jornada à frente não seria fácil, mas estava determinada a aproveitar cada momento. Afinal, era o início de um novo capítulo da sua vida, e ela mal podia esperar para ver o que o futuro reservava.