Capítulo 1 - O Recomeço
A Morte de Horuma
A chuva caía em Tóquio com intensidade, transformando as ruas movimentadas em um caos de guarda-chuvas e faróis refletidos na água. Horuma Akihiro estava com pressa, carregando sua mochila escolar enquanto corria para atravessar a rua. Ele mal tinha percebido o sinal de pedestres mudar para vermelho quando o som de pneus derrapando ecoou atrás dele.
Ele se virou instintivamente, mas não foi rápido o suficiente. A luz brilhante dos faróis tomou conta de sua visão, e um instante depois, tudo ficou escuro.
Horuma não sentiu dor, apenas uma estranha sensação de vazio, seguida por uma leveza inexplicável. Ele abriu os olhos, mas ao invés do asfalto molhado de Tóquio, viu um vasto vazio branco que parecia infinito.
— Isso é... o que está acontecendo? — Ele tentou se levantar, mas percebeu que não tinha corpo físico. Sua voz ecoava no vazio, como se ele estivesse falando consigo mesmo.
De repente, uma figura apareceu à sua frente. Era uma mulher vestida com um manto branco e dourado, com olhos que brilhavam como estrelas.
— Você morreu, jovem.
— Morri...? — Horuma piscou, confuso. — Isso não faz sentido. Eu...
— Foi um acidente. Mas seu destino não termina aqui. Você foi escolhido para reencarnar em um mundo diferente.
— Reencarnar? Como... por quê?
A mulher sorriu levemente.
— Você tem um espírito forte, Horuma. E esse novo mundo precisa de alguém como você. Sua jornada está apenas começando.
Antes que pudesse protestar ou fazer mais perguntas, Horuma foi envolto por uma luz intensa. Ele sentiu seu corpo desaparecer, como se estivesse sendo puxado para uma nova existência.
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O Renascimento
Quando abriu os olhos novamente, Horuma não estava mais no vazio. Ele estava em um lugar quente e confortável, cercado por vozes desconhecidas.
— É um menino! — disse uma voz masculina, cheia de alegria.
— Ele tem cabelos prateados... tão raro. — A voz feminina parecia exausta, mas cheia de amor.
Horuma piscou, tentando entender o que estava acontecendo. Ele percebeu que era um bebê, incapaz de se mover ou falar como antes. Seu corpo pequeno era carregado por mãos cuidadosas, e ele olhou para o rosto de uma mulher de cabelos dourados que sorria para ele.
— Meu pequeno Horuma... você será nossa luz.
Embora fosse incapaz de falar, ele pensou consigo mesmo: Eu renasci. E agora...?
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A Nova Realidade
Os primeiros meses da nova vida de Horuma foram difíceis de aceitar. Ele estava preso no corpo de um bebê, incapaz de expressar seus pensamentos ou compreender completamente o mundo ao seu redor. No entanto, ele logo percebeu que aquele não era um mundo comum.
As pessoas ao seu redor frequentemente mencionavam algo chamado "mana", e Horuma viu várias vezes sua mãe conjurar pequenas luzes flutuantes para acalmar o choro dele ou de seus irmãos.
Aos poucos, ele começou a entender mais sobre a Casa de Lunaris, a família nobre em que havia nascido. Embora fossem aristocratas, sua influência estava em declínio devido à incapacidade de proteger sua terra dos ataques de monstros. Seu pai, lorde Ardan, era um homem severo, mas justo, que dedicava cada momento à reconstrução da honra da família.
Aos dois anos, Horuma surpreendeu a todos ao conjurar sua própria luz mágica pela primeira vez. Ele estava no berço, olhando para o teto, quando ergueu a mão instintivamente. Uma esfera de luz suave apareceu, flutuando acima dele.
— Isso é... magia divina? — exclamou sua mãe, incrédula.
Desde então, ficou claro que Horuma era especial.
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Aos Cinco Anos
Aos cinco anos, Horuma já tinha se tornado uma lenda local na pequena região governada por sua família. Ele treinava diariamente com os tutores contratados por seu pai, absorvendo conhecimento com uma velocidade impressionante. Ele se destacava não apenas em magia, mas também em combate físico, mesmo sendo apenas uma criança.
Uma tarde, ele estava no jardim da mansão, tentando replicar um feitiço que havia lido em um dos livros de sua mãe. Sua irmã mais velha, Liliana, o observava de longe, com os braços cruzados.
— Você nunca para, não é?
Horuma ergueu os olhos para ela e sorriu.
— Se eu quiser me tornar o maior mago de todos os tempos, não posso perder tempo.
Liliana riu e se aproximou, bagunçando os cabelos dele.
— Você é tão convencido.
— Só porque sei que sou bom — retrucou ele, com um sorriso travesso.
Mas enquanto brincavam, algo perturbador aconteceu. Uma sombra monstruosa apareceu nos limites do jardim. Era uma criatura do Abismo, atraída pela energia mágica de Horuma.
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O Clímax do Capítulo
A criatura, com garras afiadas e olhos brilhantes, avançou em direção a eles. Liliana gritou, tentando puxar Horuma para longe, mas ele se recusou a recuar.
— Fique atrás de mim, Lili.
— Horuma, você é só uma criança! Não pode...
Mas antes que ela pudesse terminar, Horuma ergueu a mão e invocou a mesma barreira de luz que havia aprendido anos antes. A criatura bateu contra a barreira, mas não conseguiu atravessá-la.
Com esforço, Horuma começou a conjurar um feitiço mais poderoso. Ele reuniu toda a mana que conseguia e lançou uma onda de luz que destruiu a criatura completamente.
Quando tudo terminou, ele caiu de joelhos, exausto, mas vitorioso.
— Acho que vou me sair bem nesse mundo — disse, ofegante, enquanto Liliana o abraçava com força.