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Chapter 6 - Capítulo 6: Noção da Realidade.

Cheguei na sala de aula soltando um leve suspiro, ainda sentindo o peso da conversa com minha mãe. Não gostava de discutir com ela. No fim das contas, ela era minha maior inspiração, mesmo quando discordamos.

Mas antes que pudesse me perder nesses pensamentos, dei um passo para dentro da sala e me choquei diretamente contra algo. Algo... macio.

Levantei os olhos e percebi que havia batido no peito da professora.

Ela me encarou com um olhar severo. — Você está meia hora atrasado.

Levantei as mãos em um gesto defensivo, soltando um sorriso despreocupado. — Só dormi mal essa noite.

Lívia, já sentada em sua carteira, riu e balançou a cabeça. — Mentir nem sempre é bom, Lohan. Ainda mais para a professora.

A professora suspirou, parecendo decidir se me daria um sermão ou não. No final, apenas cruzou os braços. — Vou dar um desconto, já que ainda está se adaptando à cidade e à escola.

Fiz um sinal de vitória com os dedos e sorri. — Para uma professora bonita como você, eu prometo que vou tentar ser um aluno exemplar.

Ela riu levemente, balançando a cabeça. — Pare de bajulação e vá se sentar.

Sem discutir, segui para minha carteira, sentindo o olhar de Lívia sobre mim. Assim que me sentei ao lado dela, ela sussurrou: — Você nunca perde a chance, né?

Apenas dei de ombros, mantendo o sorriso no rosto. Afinal, se eu estava destinado a lidar com coisas estranhas nessa cidade, pelo menos poderia me divertir um pouco no processo.

Passei um tempo encarando o quadro-negro à minha frente, mas minha mente estava longe da aula. A Bruxa Morta. O Lobo Negro. O caso que minha mãe estava investigando.

Eu deveria me envolver nisso? Minha mãe deixou bem claro que não queria que eu me metesse.

Fiquei algum tempo processando. Não o que a professora falava na sala, mas duas coisas que não saíam da minha cabeça.

A Bruxa Morta… e o Lobo Negro que vi na floresta. A investigação que Lohan tinha sobre sua mãe e o caso.

Meu olhar focou no quadro-negro à frente.

Mas algo estava errado.

A sala de aula estava vazia.

Piscando algumas vezes, tentei entender o que diabos tinha acontecido. O quadro estava coberto de arranhões profundos, garras enormes e algumas menores, como se algo tivesse rasgado a superfície com uma fúria desenfreada. Palavras e símbolos espalhavam-se pelo espaço, e entre eles, algo se destacou.

"Vejo você." Escrito em sangue, bem no meu caderno.

O ambiente ficou gélido. Não era só frio… era um vazio cortante. Cinzas caíam do teto como se o mundo estivesse se desfazendo aos poucos. As janelas? Estavam quebradas, o vento sussurrando algo que eu não conseguia entender.

Eu entrei em outro mundo? A Bruxa Morta fez isso comigo?

— Lohan? — A voz de Março soou preocupada.

Antes que pudesse encontrar uma resposta, um toque em meu ombro me trouxe de volta. Foi como se um fio tivesse sido cortado.

Meu corpo reagiu antes da minha mente.

Ele gritou de dor.

Meu coração disparou quando percebi o que fiz. Soltei Março imediatamente. Ele se encolheu no chão, soltando um gemido.

— O que foi isso?! — ele perguntou, ainda com dor.

Antes que eu pudesse responder, Lívia interveio.

— Estamos te chamando faz tempo, Lohan. Você não respondia.

Olhei ao redor. A sala estava normal. Todos estavam lá.

Eu tinha imaginado aquilo?

Engoli em seco, ajudando Março a se levantar.

— Foi mal... Reflexo ruim.

Lívia estreitou os olhos.

— Reflexo ruim, ou instinto de luta? Você reagiu como alguém que já passou por isso antes.

Soltei uma risada sem graça.

— Você é bem observadora.

— Eu gosto de prestar atenção em coisas interessantes. — Ela sorriu de lado.

Meus olhos caíram sobre meu caderno.

As palavras tinham sumido, mas eu lembrava delas. "Vejo você."

A Bruxa Morta.

Ela disse que nos veríamos em breve.

Lívia estalou os dedos na minha frente.

— Se perdeu nos seus pensamentos de novo.

— Só estava focado demais. Talvez eu precise de uma segunda opinião.

— Segunda opinião? — Lívia franziu a testa, mas eu já estava pegando minha mochila.

Sem dar mais explicações, saí da sala rapidamente.

Se minha mãe não podia me ajudar e não queria que eu me envolvesse, eu precisava de alguém que pudesse me dar respostas.

Peguei o celular e disquei um número que não ligava há algum tempo.

Minha irmã mais velha, Aoi.

Continua…