• O amanhecer lançava longas sombras sobre as ruas de pedra da capital Britanniana enquanto Lumiel se preparava para partir. A aura de opulência e poder que emanava da cidade contrastava fortemente com a imagem da pobre fronteira que o aguardava, um gesto quase automático, o metal frio contra sua pele servindo como um lembrete da realidade brutal que o esperava. A vitória sobre o exército Somali lhe havia rendido glória efêmera e um território inóspito para o que estava por vir.
• Um toque em seu ombro interrompeu seus pensamentos. Era Lucas, o capitão do primeiro regimento, conhecido por sua lealdade e astúcia. O rosto cansado, mas marcado por uma expressão de respeito genuíno, contrastava com a exuberância militar usual.
-"Fiquei impressionado com suas táticas de batalha, Barão Lumiel," Lucas começou, sua voz grave ecoando levemente no local.
-" E mais ainda quando descobri que vc iria governar o território na fronteira com Omã... Estamos no fim do inverno, mas aquelas terras são pobres. Recomendo que você compre bastante comida para durar até a primeira safra. E tome cuidado com bandidos também. Aquela região é um ninho deles."
• Lumiel observou Lucas, um leve sorriso se formando em seus lábios. A preocupação genuína nos olhos do capitão era uma prova de que, mesmo em um mundo tão diferente, as relações humanas - e suas fraquezas - permaneciam as mesmas. Ele poderia explorar essa fraqueza, essa sinceridade quase pueril.
-" Agradeço o conselho, Capitão Lucas," respondeu Lumiel, sua voz suave e fria, contendo uma ponta de sarcasmo.
-" Sua preocupação é tocante. Mas não se preocupe, sei me virar. A escassez de recursos me ajudará a avaliar a capacidade de adaptação daqueles que sobreviverem sob meu governo." Ele deixou a frase pairar no ar, um toque de crueldade em sua intenção. A sobrevivência do mais apto, numa região pobre e infestada de bandidos.
• Lucas franziu a testa, sem entender a nuance sombria na declaração de Lumiel. Ele apenas assentiu, a preocupação em seu rosto se aprofundando.
-"Tenha cuidado, Barão," disse ele, antes de se virar e partir.
• Lumiel observou a partida de Lucas, um sorriso frio adornando seus lábios. A generosidade do conselho era um presente, mas essência do conselho era exatamente o que ele buscava. Ele já havia começado a planejar as medidas que tomaria para assegurar não só a sobrevivência da vila, mas também para fortalecer seu poder. A escassez, como ele havia dito, seria um método de seleção para o fortalecimento de seu futuro governo. A jornada para sua nova propriedade seria longa e perigosa, mas Lumiel já antecipava as possibilidades que a espera. A fome, a violência, o caos... Eram ferramentas tão boas quanto outra.