O tempo passou lentamente desde que Gregory se infiltrou no Freddy e desapareceu com os animatrônicos. A comoção inicial já tinha se dissipado, e as crianças, acompanhadas de seus pais, foram deixando a Pizzaplex conforme o horário de fechamento se aproximava.
Eu, por outro lado, ainda estava lá. Sentado despreocupadamente em cima de um dos robôs de atendimento, bebendo meu refrigerante através de um canudo. O silêncio que se instalava no ambiente só tornava tudo ainda mais intrigante.
Curioso, observei os arredores. Os animatrônicos já haviam sido levados para seus respectivos "camarins", como eu ouvira alguns funcionários comentando. Se minha suspeita estivesse correta, Gregory também teria sido levado para lá, ainda escondido dentro de Freddy. Mas, sem confirmação, tudo não passava de um palpite.
O mais curioso, no entanto, era a ausência de qualquer reação da segurança em relação a mim. Câmeras de vigilância e seguranças robóticos estavam em plena operação, mas nenhum deles parecia me notar.
Obviamente, isso não era coincidência.
Eu estava usando uma habilidade que me permitia ocultar minha presença, tornando-me essencialmente invisível para os sistemas de monitoramento. Para ser sincero, nunca fui fã desse tipo de furtividade. Parecia... desonesto. Não pelo conceito em si, mas porque tirava a emoção da coisa. Mas, neste caso, era um mal necessário.
Soltei um suspiro, terminando meu refrigerante antes de jogar o copo vazio para trás, ouvindo o som abafado dele caindo no chão.
— Tá na hora de parar com isso.
Desativei a habilidade e, imediatamente, pude sentir minha presença se tornando "visível" novamente para o ambiente. Se houvesse qualquer sistema registrando anomalias antes, agora ele definitivamente saberia que algo estava errado.
Mas isso só tornava tudo mais interessante.
Com um pequeno sorriso, me levantei do robô e ajeitei minha roupa, pronto para explorar a Mega Pizzaplex de Freddy Fazbear por conta própria.
Caminhei alguns passos, ponderando se deveria ir atrás de Gregory. Mas, pensando bem... o garoto conseguiria se virar sozinho. Ele era esperto o suficiente para ter chegado até aqui.
Decidi seguir explorando a Pizzaplex.
Assim que avancei pelo ambiente iluminado pelo neon, uma sensação estranha percorreu meu corpo. Algo... errado. Como se algo estivesse lá embaixo, muito abaixo deste lugar. Algo que não deveria existir, algo que quebrava o equilíbrio natural das coisas.
Estreitei os olhos.
Por um breve momento, cogitei ir atrás de Gregory. Mas aquela sensação persistia, corroendo minha intuição. Não. Primeiro, eu precisava descer até o térreo, ou seja lá o que estivesse lá embaixo.
As luzes da Pizzaplex piscavam em tons vibrantes, ofuscantes. Robôs de segurança vagavam pelos corredores—altos, de formato humanoide, mas sem rostos. Faziam suas rondas, escaneando qualquer presença suspeita.
Me escondi atrás de uma parede, esperando o momento certo. Assim que um dos robôs passou perto demais, estendi a mão e o puxei para minha direção com força. Meus dedos atravessaram seu peito metálico, agarrando os circuitos internos antes que ele pudesse emitir qualquer alarme.
Arrastei o corpo inerte para um canto seguro, longe da visão dos outros seguranças.
Puxei a manga da minha jaqueta, revelando um bracelete hi-tech escuro. Com um clique, conectei os cabos do robô de segurança ao dispositivo.
Imediatamente, informações começaram a ser transferidas. Códigos, rotas, protocolos de segurança... e um mapa completo da Mega Pizzaplex.
Um pequeno sorriso surgiu em meus lábios.
Ativei meu capuz, e com ele, uma máscara, kitsune negra surgiu, os olhos brilhando em neon azul. Uma interface holográfica tomou conta do meu campo de visão, projetando os dados recém obtidos.
— Pronto. Agora, para todos os sistemas de segurança... eu sou apenas mais um deles.
Minhas pupilas percorreram o mapa, analisando as rotas possíveis. O caminho que eu tomaria passaria pela cozinha e, logo depois, pelo camarim da Glamrock Chica. Interessante.
Decidido, tracei meu trajeto. Pegaria o elevador de carga para descer aos andares inferiores. O próximo nível? A pista de corrida da Wolf Roxanne.
Porém, uma dúvida permaneceu em minha mente.
Deveria avisar Gregory?
Olhei ao redor, ponderando. Mas não. O que eu estava prestes a descobrir poderia ser mais importante do que crianças desaparecidas. E Gregory... Gregory sabia dos riscos desde o momento em que entrou aqui.
Com essa decisão tomada, dei um passo à frente.
Era hora de descobrir o que realmente se esconde nas profundezas da Pizzaplex.
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Meia-noite.
O som ecoou pelos corredores da Mega Pizzaplex, anunciando que as portas estavam oficialmente trancadas. Luzes mais fracas tomaram o ambiente, sombras se alongaram, e um silêncio desconfortável se instalou.
Atrás da interface da minha máscara de kitsune, observei os corredores e os monitores do meu dispositivo. Trancados aqui até o amanhecer… ótimo. Como se isso fosse um problema. Gregory e eu só precisávamos evitar os robôs e encontrar uma saída. Simples. Máquinas não pensam, não sentem, só seguem programação. Fácil de manipular, fácil de derrubar.
Gregory, por outro lado, era um fator imprevisível. Uma criança assustada, vulnerável. Eu não podia garantir que ele ficaria quieto ou saberia como se portar em momentos de pressão.
Meus pensamentos foram interrompidos por um aviso nos sensores térmicos da minha máscara. Um sinal de calor próximo.
Humano?
Minha primeira suposição foi um segurança noturno, mas algo estava… estranho. O padrão de movimentação não condizia com um patrulheiro. E então, algo se moveu no corredor. Me escondi rapidamente atrás de uma duto, deslizando furtivamente sem fazer barulho. Fechei a grade com cuidado, mas não sem antes ver quem, ou o que, se aproximava.
Aquilo… não era normal.
Uma fantasia de coelho branco, feminina, vagava pelo corredor onde eu planejava entrar.
Ela usava um laço na cabeça, e o traje parecia costurado à mão, cheio de remendos. O rosto da fantasia carregava um sorriso sádico e artificial, mas o que me causava real desconforto era a presença que ela emanava.
Cruel.
Fria.
Predatória.
E a faca em sua mão reforçava essa sensação.
Ela caminhava com passos leves, quase saltitantes, o olhar vermelho escaneando o ambiente. O mais curioso? Os robôs não a notavam. Nem as câmeras.
Isso significava que seu traje tinha um propósito além da estética. Ela compreendia programação o suficiente para burlar o sistema da Pizzaplex, tornando-se invisível à segurança automatizada. Mas o que realmente me deixou alerta foi outro detalhe…
Aquela coisa emanava morte.
Era um cheiro metálico, um gosto amargo no ar. Não era apenas alguém fantasiado. Era uma assassina.
Insana.
Imprevisível.
Não queria problemas com ela, ainda. Desde que ela não se metesse no meu caminho, eu também não me meteria no dela.
Ou pelo menos, era isso que eu esperava.
Continua…