Chereads / Quando a Água Conduz o Amor / Chapter 1 - Quem são vocês?

Quando a Água Conduz o Amor

Sorr4yla
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Synopsis

Chapter 1 - Quem são vocês?

06:30

 Era uma manhã de trabalho como qualquer uma, Heitor estava se arrumando para sua rotina rigorosa, mas agradável. Ele foi até a cozinha cumprimentar seu pai, que fazia questão de estar de pé às cinco da manhã.

 O homem se aproximou do pai, que ainda era maior que ele, dando bença para o mesmo. O mais velho falava sobre seus velhos amigos e seus erros imperdoáveis na pescaria, o tipo de assunto que Heitor conseguia fingir interessante, quando estava mais interessado nas notícias que passavam na pequena tv de tubo posicionada na cozinha.

 Ele tentava focar na tv, na esperança de ter algo mais interessante do que as conversas que o homem falava, mas algo que saiu de sua boca chamou sua atenção de maneira quase imediata, fazendo Heitor quase cuspir o que estava comendo.

 — E escuta, mais cedo saiu a notícia de que uns seres de vilarejos vizinhos estão migrando, seja lá porquê, vê se toma cuidado com eles...

 — Espera... Não são perigosos não, né?...

 — Eu sei lá se eles atacam ou não, mas avisa o povo pra não se meter com eles, mesmo não sendo hostis, eles podem querer se defender.

 Heitor suspirou e pegou um pão com geleia antes de se despedir do pai e sair a trabalho. O homem foi verificar os lagos e rios principais enquanto comia, não vendo muita mudança senão um grupo de adolescentes segurando alguém que gritava em desespero num pequeno lago.

 O homem se aproximou, vendo que os meninos seguravam uma criança sereia típica, que chorava aos prantos. Quando os garotos viram o líder se aproximar logo soltaram a garota, que não tinha pra onde ir ou fugir. A aparência séria de Heitor sempre assustava quem o via.

 — Meninos... Onde diabos vocês acharam essa gatota?! — perguntou com um tom frio na voz.

 — Ela estava na beira do rio — um dos meninos afirmou, sua a voz levemente trêmula —, achamos que era um peixe grande...

 Heitor olhou a garota de canto, que soluçava em desespero. Ele ordenou que um deles trouxesse um balde grande para levar a criança pra um lugar longe das pessoas, e assim outro adolescente fez. Assim que recebeu o balde, o encheu de água e colocou a garota dentro, deixando os adolescentes de lado e levando a garota para o rio, onde havia mais umas sereias e tritões.

 O homem deixou a garota ir e olhou para os seres que rodeavam o rio, a maioria, ao ver o mesmo, se afastavam ou fugiam, mas um deles agia diferente. Parecia ser um tritão híbrido de enguia, tinha um olhar pebetrante e se aproximava cada vez mais. Heitor se afastou do lugar, indo direto para o centro do vilarejo, pegando um mega fone pra chamar a atenção do povo.

 Assim que tinha gente o suficiente pra ouvi-lo, o homem suspirou e levantou a cabeça, mostrando a superioridade que ele tinha. Era um homem tão respeitado que até os mais jovens paravam o que faziam pra ouvir ou se aproximar dele, mesmo se não entendessem do assunto. Seu pai sempre o deu bastante dignidade.

 — Pessoal, escutem — homem falou, seu tom sempre firme — Umas sereias e tritões de vilarejos próximos estão vindo pra cá. Tente evitá-los se não quiserem problemas, e se tiverem algum, chamem a mim ou a minha equipe. Nunca tivemos contato com seres assim, então qualquer interação forçada será um grande perigo...

 Todos cochichavam entre si sobre as informações, logo, Heitor chamou sua equipe para sua sala principal e liberou o resto das pessoas. Ele foi até sua sala, onde haviam umas mesas, itens de pesca profissionais nas paredes e parte de um chão aberto com acesso ao mar.

 Chegando lá, se encontrou com seus colegas de trabalho, que aparentavam estar nervosos com a informação que recém receberam. Todos se aproximaram numa roda para conversarem.

 — Você tem certeza que foram sereias e tritões? — Raquel perguntou de maneira curta e grossa. — Mesmo se fossem reais, de onde eles viriam?

 — Meu pai falou sobre esses seres... E mais cedo vi uma pequena sereia típica nas mãos de uns adolescentes... Tirando o fato que vi um conjunto deles no rio...

 Zinovi havia ficado mais quieto enquanto ouvia os outros conversarem. Normalmente ficava assim para ter certeza que não se confundia com o que eles falavam, mas dessa vez, parecia mais pensativo.

 — Se eles são metade gente, poderia ter uma pequena chance deles se comunicarem conosco, certo? — Sylas perguntou, um leve brilho de esperança em seus olhos.

 — Uma chance bem pequena... Pode quebrar as espectativas, amigo...

 — A gente nunca teve nenhuma aula sobre eles — Raquel exclamou. —, o que a gente faz?...

 — Corre.

 Zinovi finalmente falou, puxando Heitor para o lado, longe de onde o mesmo tritão enguia estava se aproximando. Ao ser notado, o mesmo se rastejou até o chão aberto, voltando pro mar.

 — Pura merda... Eu já vi aquele tritão antes... — Heitor murmurou.

 — Eles acha que o lugar é deles... Quer marcar território... — Zinovi afirmou.

 — Você conhece eles, Zi? — Raquel questionou.

 — Sim... Eles vivam na meu lugar... Antes de eu mudar pra cá...

 Sylas se aproximou silenciosamente do chão aberto, olhando para baixo e vendo o mesmo tritão, seus olhos eram firmes, e sempre parecia preparado para avançar. O homem saiu e se afastou daquele canto, rindo de maneira nervosa.

 — Tá bom... Isso está ficando medonho... — disse, tocando o peito.

 — Aquilo era literalmente uma enguia — Raquel assegurou — A gente tem madeira e seja lá o quê pra afastar de correntes elétricas.

 — Mas o que impede que ele machuca os outros? — Zinovi perguntou, tendo mais controle da situação. — Antes nós só ignorava quando eles aproximavam, mas eles não quer nos ignorar.

 — E como vocês lidavam com eles na sua região?...

 — Não lidavam — respondeu. —, às vezes eles pedia comida e nós dava. Eles era amigo, mas não sei o que fez pra eles ficaram assim...

 Enquanto conversavam, Heitor se aproximou novamente do lugar aberto, escutando os outros de longe, mas mantendo o olho no tritão, que não havia saído do lugar, ele mal parecia ter piscado em nenhum momento quando Heitor o encarava.

 Querendo testar aquele tritão e até se arriscar um pouco, decidiu pegar um peixe largo que eles guardavam num baú com água e gelo, jogando o peixe até o tritão, estando pronto pra fugir caso ele atacasse, mas o tritão só pegou o peixe e saiu nadando pra longe.

 O barulho do peixe batendo na água chamou a atenção dos outros, criando um gelo entre o grupo, tal gelo que foi quebrado pela Raquel, seu tom frio de sempre ecoando pela sala.

 — Heitor... O que caralhos você fez? Não foi você quem disse sobre não interagir com eles?

 — Mas ele mal se movia... Eu dei o peixe e ele saiu quase na mesma hora... Sinal claro de fome...

 — Eles não podiam comer na casinha deles não!? — Sylas perguntou, já sem paciência.

 — E quem confirma se de onde eles vieram tinha comida de sobra?

 Eles se olharam entre si, a questão da aparição daqueles seres silenciosamente se resolviam, como se estivessem discutindo por telepatia e se entendendo perfeitamente. O dia só estava começando, e tinha bastante coisa para fazer e cuidar.

𝐒𝐨𝐫𝐫𝟒𝐲𝐥𝐚♡