O Último Trem
A chuva caía fina sobre a cidade, pintando as ruas com reflexos das luzes dos postes. Helena apertava o casaco contra o corpo enquanto corria para a estação. Se perdesse aquele trem, perderia tudo.
Seu coração martelava no peito. Ela precisava vê-lo. Precisava dizer tudo o que ficou preso na garganta durante anos.
Quando chegou à plataforma, seus olhos varreram o lugar desesperadamente. O relógio marcava 23h59. O último trem da noite estava prestes a partir.
E então ela o viu.
Miguel estava ali, encostado em uma pilastra, segurando uma mala e olhando para o chão. Seu rosto carregava um misto de tristeza e resignação. Ele estava indo embora. Para sempre.
Helena prendeu a respiração e correu até ele.
— Miguel!
Ele levantou os olhos, surpreso.
— Helena...? O que você está fazendo aqui?
Ela sentiu as palavras se embolarem na boca. Ela não sabia por onde começar. Mas então o alto-falante anunciou a partida do trem, e o desespero tomou conta dela.
— Não vá — ela implorou. — Por favor, não vá.
Miguel sorriu, mas era um sorriso triste.
— Você chegou tarde demais, Helena. Eu esperei... esperei tanto tempo.
— Eu sei! — ela disse, com a voz embargada. — Eu fui covarde, eu deixei o medo me parar. Mas não posso deixar você ir sem saber que…
Ela engoliu seco. Seus olhos marejaram.
— Eu te amo, Miguel. Sempre amei.
O trem apitou. As portas se abriram.
Miguel fechou os olhos por um momento, como se estivesse gravando aquelas palavras na alma.
Então, ele deu um passo para frente. Helena sentiu seu coração parar.
Mas, ao invés de entrar no trem, ele largou a mala no chão.
— Diga isso de novo — ele pediu, a voz quase um sussurro.
Ela sorriu entre as lágrimas.
— Eu te amo.
E, pela primeira vez em anos, Miguel não precisou mais esperar.
Ele a puxou para um abraço apertado, sentindo que, finalmente, estava onde sempre deveria estar.
O trem partiu. Mas ele não estava mais dentro dele.
Ele estava em casa.
Fim.
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