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Chapter 6 - chapter 6

Quando o mordomo retornou, sua postura estava tão rígida quanto antes, mas havia algo em seus olhos que parecia mais cauteloso agora.

Mordomo: "O Sr. Jun concordou em vê-lo. Siga-me."

O portão gemeu ao ser empurrado e aberto, e o grupo seguiu o mordomo para dentro. Cada passo no caminho de pedra escorregadio pela chuva parecia uma descida mais profunda em uma narrativa esquecida.

A mansão os envolveu com sua presença imponente no momento em que cruzaram a soleira. O salão principal era vasto, dominado por uma escadaria central que subia em curvas elegantes, com grades de ferro forjado e degraus de madeira polida tão escuros quanto a noite. Enormes lustres pendiam do teto alto, suas correntes lançando sombras dançantes nas paredes. O ar estava denso com o cheiro de incenso queimando e o aroma amadeirado de móveis antigos. Pesadas tapeçarias adornavam as paredes, cada uma retratando batalhas ou momentos de glória que agora pareciam insignificantes, esquecidos pelo tempo.

Eles foram conduzidos por um longo e silencioso corredor, onde os passos do mordomo ecoavam como a batida de um tambor distante. A mansão parecia viva, como se estivesse respirando silenciosamente, observando os visitantes que ousavam se intrometer. Os candelabros lançavam sombras inquietas nas paredes, dançando no ritmo das chamas bruxuleantes. Finalmente, eles chegaram a uma grande sala, onde uma lareira comandava a atenção, sua luz dourada iluminando parcialmente o espaço e lançando sombras que pareciam se mover com vontade própria.

A sala exalava uma opulência intimidadora. As paredes estavam forradas com prateleiras transbordando de livros em encadernações antigas, e o ar estava saturado com o cheiro de madeira envelhecida e couro. No centro, diante do calor da lareira, estava sentado o Sr. Jun. Ele ocupava uma poltrona de couro escuro como um rei em seu trono, sua postura relaxada, mas imponente. Uma mesa de mogno repousava diante dele, coberta com documentos meticulosamente dispostos, como se cada folha tivesse sido colocada de acordo com algum cálculo secreto. Seu manto de seda preta, bordado com detalhes dourados, parecia absorver a luz do fogo, acentuando os contornos de sua figura alta e magra.

Sr. Jun: "Então, você quer que eu aceite uma proposta de casamento?"

Ele virou uma página de um dos documentos à sua frente, como se os visitantes não fossem mais importantes do que o papel em suas mãos.

Sr. Jun: "Quantas vezes devo dizer que não sou um homem interessado em tais trivialidades?"

O mensageiro, ainda lutando para limpar a água da chuva de sua jaqueta, congelou no lugar. Sua garganta parecia seca, as palavras presas em sua boca.

A mulher ao lado dele, no entanto, deu um passo à frente. Havia algo na maneira como ela se movia – uma elegância que parecia indiferente ao peso do momento, como se nada naquele cômodo pudesse intimidá-la.

Mulher: "Por favor, Sr. Jun. Apenas considere nossa proposta. Estamos dispostos a esperar o tempo que for necessário."

Sua voz era firme, mas delicada, como uma lâmina afiada envolta em seda. Por um momento, o tempo pareceu parar.

O Sr. Jun se inclinou para frente em sua cadeira, apoiando o queixo em uma mão enquanto a estudava. Seus olhos, negros como um céu sem estrelas, varreram-na, como se tentassem desvendar um enigma. O silêncio entre eles foi quebrado apenas pelo som da chuva, ainda batendo insistentemente contra as janelas altas, exigindo ser ouvida.

Sr. Jun: "Você é diferente. Há algo intrigante em você."

O mensageiro, que estava se encolhendo perto da porta, sentiu uma faísca de esperança acender dentro dele. Talvez essa mulher realmente pudesse convencê-lo.

Enquanto o Sr. Jun continuava a examiná-la, a mulher desviou brevemente o olhar, observando o cômodo ao seu redor. Havia algo sufocante no espaço, uma opulência que parecia esconder segredos em cada canto, cada sombra. As tapeçarias pesadas e a mobília imponente pareciam testemunhas silenciosas de histórias que ninguém ousava contar.

Por fim, o Sr. Jun recostou-se na cadeira, cruzando os braços. Seus lábios se curvaram em um sorriso quase imperceptível, um gesto desprovido de calor, mas cheio de cálculo.

Sr. Jun: "Eu aceito sua proposta de casamento. Mas não serei eu. Eu darei minha sobrinha, Mi-Suk, em casamento."

O mensageiro piscou, atordoado, como se não tivesse certeza se tinha ouvido corretamente. A mulher, no entanto, permaneceu impassível. Seus olhos não vacilaram enquanto ela dava um leve aceno de cabeça.

Mulher: "Muito bem, Sr. Jun."

A voz dela estava tão serena quanto antes. Ele observou a reação dela com interesse renovado, mas não disse mais nada. Em vez disso, ele se inclinou para a mesa e pegou um pequeno sino de prata.

O som claro e agudo encheu a sala e, quase imediatamente, o mordomo apareceu, sua figura emergindo das sombras como se estivesse esperando ali o tempo todo.

Sr. Jun: "Prepare tudo para o anúncio. Nossa conversa acabou."

A mulher misteriosa lançou um último olhar para o Sr. Jun, como se tentasse capturar algum fragmento de verdade oculta em seus olhos. Então, sem outra palavra, ela se virou e saiu da sala, seus passos ecoando no silêncio. O mensageiro hesitou, mas ele a seguiu, alívio se misturando com confusão em seu rosto.

Quando a porta se fechou atrás deles, o Sr. Jun permaneceu onde estava. Ele virou o olhar para o fogo na lareira, os reflexos das chamas brincando em suas feições austeras. Um sorriso lento e enigmático se espalhou por seus lábios.

Sr. Jun: "Interessante... muito interessante."

Ele murmurou, quase para si mesmo, enquanto as chamas continuavam a queimar, lançando sombras ainda mais profundas nas paredes da mansão.