Capítulo 11: A Causa do Ódio – Parte 2
Nero e Crispus caminhavam pela cidade no meio da noite. As ruas ainda tinham algumas pessoas circulando, e pequenos bares permaneciam abertos.
O ar estava pesado, carregado com o cheiro de cinzas e metal. Os passos de Nero e Crispus ecoavam de maneira estranha, como se alguém os seguisse de perto. Nos telhados, sombras se moviam rapidamente, mas, sempre que olhavam para cima, elas desapareciam, como espectros brincando com sua percepção.
— Parece que hoje não tem como escapar deles — disse Nero.
— Eles chegaram? — Crispus perguntou, acelerando o passo.
— Sim...
As figuras vestidas de branco começaram a se misturar à multidão.
— Entrem em formação. Começamos ao meu sinal — sussurrou um dos encapuzados.
Nero olhava ao redor, atento a qualquer detalhe. Notou que havia um bar que aquelas pessoas evitavam. Sem hesitar, puxou Crispus em direção ao local.
— Nero, por que o bar?
— Eles estão evitando entrar. Tem algo aqui.
Nero se sentou e pediu uma bebida.
"Será que evitam porque só há humanos aqui? Ou porque não havia monstros antes? Se for isso, nós precisamos..."
— Olá, você é novo por aqui? — Um homem, também vestindo um manto branco, sentou-se ao lado de Nero.
"Sério? Se for investigar alguém, pelo menos use um disfarce."
— Sim, cheguei ontem. E você? — respondeu Nero calmamente.
— Já estou aqui há um tempo. Chefe, me traga a mais forte!
De repente, o barman colocou a bebida na frente de Nero, que começou a beber.
— Nossa, você é forte para uma bebida dessas. Já bebeu antes?
— Não, esta é a minha primeira bebida.
— Entendo. O que achou do gosto?
— Forte — disse Nero, tomando um gole.
— Você bebe devagar demais. Se estivesse sob pressão, já estaria morto. Mas isso não me surpreende. Afinal, híbridos nunca tomam decisões rápidas, não é? — O homem continuou conversando, enquanto Nero permanecia impassível.
— Do que você está falando? — Nero fingiu confusão.
— Boa resposta... Então, por que anda com esse lixo? — O homem tentou mais uma provocação.
— Se está se referindo à minha família, sugiro que...
— Calma, só estou falando a verdade. Sou um híbrido como você, então considere isso um conselho. Uma hora ele vai te trair — disse o homem, pegando a bebida e esvaziando o copo de um só gole.
Nero apertou o punho sob a mesa, mas manteve o rosto neutro. O comentário não o incomodava apenas pelo insulto, mas pela certeza com que ele falava.
"Por que esse cara parecia tão certo disso?"
— Agradeço o conselho, senhor, mas eu decido o que faço. Vamos. — Nero colocou a mão no ombro de Crispus.
O homem ajeitou o manto e lançou um último olhar para Crispus.
— A propósito, se mudar de ideia, diga que Eryon o enviou. — Ele sorriu de canto. — Boa sorte. Você vai precisar.
Nero e Crispus saíram e caminharam por algumas ruas até que Nero parou de repente.
— Nero, o que achou daquele cara? — Crispus perguntou, desconfortável.
— Ele não parecia ser grande coisa... Mas aquela aura não me engana. Ele está acima de nós.
Nos becos próximos, pares de olhos brilhavam na escuridão, refletindo a fraca luz das tochas e lâmpadas da cidade. Mas não eram olhos comuns. Eram predatórios. Fixos em cada ser da multidão, aguardavam o momento certo para atacar.
O silêncio cresceu ao redor deles. Passos leves ressoavam nas sombras. Não estavam apenas sendo observados.
Estavam sendo caçados.
— Preparem-se. Está na hora de mostrar nossa força a este mundo!
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Próximo Capítulo: A Causa do Ódio – Parte 3
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