Capítulo 1: Únicos
Em uma rua deserta, um jovem simples, vestindo um uniforme escolar branco e calça, caminhava sob a chuva em direção a um beco. Ele estava sendo seguido por três outros jovens. Assim que entrou no beco, começou a correr, mas logo tropeçou e caiu. Ao olhar para trás, percebeu algo aterrorizante: uma de suas pernas havia sido arrancada.
Os três jovens que o perseguiam vestiam o mesmo uniforme escolar.
Enquanto eles se aproximavam, o rapaz ferido tentou se arrastar usando os braços. No entanto, um dos perseguidores pisou com força em seu braço direito.
— Pegamos um bem magrinho hoje. Acho que esse dá pro lanche — comentou um dos jovens, de cabelos amarelos, enquanto pressionava ainda mais o braço do rapaz caído.
— Flavius, pare com isso! Você está estragando a comida — repreendeu uma garota de cabelos pretos, observando com desprezo o jovem no chão.
— Que frescura! Pelo que me lembro, somos monstros, não clientes de restaurante! — rugiu Flavius, em tom de deboche.
— Vocês dois, parem de brigar — ordenou o terceiro jovem, que possuía cabelos pretos com mechas amarelas.
— Mas ele começou, Max... — retrucou Lívia.
— Então termine você mesmo, já que é mais maduro que ela! — disse Max, irritado.
— Meu Deus, eu lhe peço, mande esses demônios para o inferno! — gritou o jovem ferido, cuspindo em Max.
Furioso, Max arrancou o braço direito do rapaz e tampou sua boca para abafar os gritos.
Ninguém ouviu os gritos desesperados. Apenas gemidos de dor ecoaram pelo beco escuro.
Desde o início dos tempos, o ser humano acreditava ser "único". Contudo, logo descobriu que, à sua espreita, existiam sombras que o observavam. Assim, foi revelada a existência de criaturas semelhantes a humanos, mas com características únicas, muitas vezes bestiais.
Ainda assim, muitos ignoravam essa verdade e continuavam a viver normalmente. E assim, os monstros foram parcialmente esquecidos.
Enquanto isso, em outro lugar da cidade, dois jovens saíam de uma igreja. Um tinha cabelos negros, enquanto o outro exibia fios brancos como a neve.
— O que achou, Nero? — perguntou o jovem de cabelos brancos.
— Normal... — respondeu Nero, com indiferença.
— Como assim? Você não sentiu nada? Nem uma nostalgiazinha?
— Não sei... Só parece comum.
— Entendo... Então, te vejo amanhã. Tchau, Nero.
— Tchau, Lucius.
Os dois seguiram caminhos opostos.
Nero caminhava tranquilamente até passar por um beco. Algo estranho chamou sua atenção.
"Sangue nas paredes... e esse cheiro... O que aconteceu aqui?"
Ele pegou o celular, ativou a lanterna e avistou um dente caído no chão. Curioso, abaixou-se para pegá-lo.
"Isso é estranho... Melhor eu ir embora."
Com um leve arrepio, Nero seguiu seu caminho até chegar em casa. Assim que entrou, foi surpreendido por um braço que se enlaçou em volta de seu pescoço.
— Tio, você ainda tá acordado? — perguntou Nero, surpreso.
— Ora, é meu dever como responsável! Mas e aí, como era a garota?
— Tio, já falei que fui a uma igreja.
— Eu entendo... Mas sabe, pode confiar em mim. E lembre-se: use camisinha.
"Desisto. Ele não vai parar com isso até eu entrar na onda."
— Sabe, tio... Tô cansado essa noite, então já vou dormir. Boa noite. — disse Nero, saindo rapidamente em direção ao quarto.
O homem soltou um suspiro cansado.
— Seu pai estaria orgulhoso...
Próximo capítulo: Que porra é essa