O acordo entre Keyon e os líderes da Black Mamba havia sido selado, mas as tensões ainda pairavam como nuvens pesadas no horizonte. Amara, Idris e Khalil concordaram em não interferir nas ações de Keyon, desde que ele não ameaçasse a estabilidade do continente africano em escala continental ou global. Embora a conversa tivesse terminado em um tom aparentemente diplomático, ambos os lados sabiam que a confiança era uma moeda escassa.
Keyon, Cleo e Arlen retornaram à base, suas mentes repletas de planos e estratégias. Apesar da neutralidade acordada, Keyon sabia que a Black Mamba não compartilharia informações vitais sem motivo. Ele entendia que a organização poderia estar testando-o ou, pior, manipulando as circunstâncias para manter sua posição de controle.
"Não confio neles completamente," disse Cleo, enquanto revisava um mapa em sua mesa no salão principal da base. "O acordo é conveniente, mas algo nos olhares deles me diz que há mais do que revelaram."
Keyon, que estava sentado em uma cadeira imponente, com os dedos entrelaçados sob o queixo, concordou com um leve aceno. "Eles nos deram informações, sim, mas são cuidadosamente selecionadas. A Black Mamba é estratégica, e eles certamente querem limitar nossa influência no mundo sobrenatural."
Arlen, encostado em uma das colunas do salão, cruzou os braços. "Ainda assim, não podemos ignorar essas informações. Podemos usá-las como ponto de partida, mas precisamos ir além do que nos forneceram. Se quisermos fortalecer nossas fileiras, teremos que encontrar aqueles que realmente importam, não apenas os peões que eles jogaram em nossa direção."
Keyon se levantou, sua presença preenchendo o espaço. "Exatamente. Vamos começar com o que temos, mas faremos nossa própria pesquisa paralela. Cleo, organize nossas operações de inteligência. Quero identificar quais dessas figuras são úteis e quais são distrações. Arlen, prepare-se para liderar os encontros iniciais. Precisamos ser cautelosos ao abordar cada indivíduo."
Cleo pegou a lista de nomes e locais fornecidos pela Black Mamba e começou a examiná-la em detalhes. A seleção incluía indivíduos de várias origens sobrenaturais: orcs, vampiros de gerações inferiores, adapters, magas e guerreiras xamãs. No entanto, Keyon percebeu que a maioria das informações se concentrava em seres menos poderosos, com apenas alguns nomes realmente intrigantes.
O primeiro alvo era um grupo de orcs que vivia nas periferias de uma cidade portuária. Esses orcs não se diferenciavam muito fisicamente dos humanos, mas sua força e resistência sobre-humanas os tornavam seres formidáveis. Keyon decidiu que Arlen lideraria o contato inicial, acompanhado por Cleo, enquanto ele observava à distância.
Chegando ao local, o grupo encontrou um pequeno clã de orcs, liderado por um homem chamado Bakar. Ele era alto, musculoso, com cicatrizes visíveis que contavam histórias de batalhas passadas. Seus olhos brilhavam com desconfiança enquanto encarava Arlen e Cleo.
"Vocês não parecem ser do tipo que vem aqui para negócios comuns," disse Bakar, sua voz grave ecoando no espaço.
Arlen deu um passo à frente, erguendo as mãos em um gesto pacífico. "Não estamos aqui para ameaçá-lo ou a seu clã. Queremos oferecer uma oportunidade."
"Oportunidade?" Bakar riu, uma risada áspera e desconfiada. "O que um orc como eu poderia querer de vampiros?"
Cleo, sempre a diplomata, interveio. "O que você quer é irrelevante. O que você precisa é mais importante. Sei que seu clã tem enfrentado dificuldades, disputas com outros sobrenaturais, talvez até perseguições humanas. Podemos oferecer proteção, recursos e um lugar ao nosso lado. Tudo o que pedimos em troca é lealdade."
Bakar ficou em silêncio, ponderando as palavras de Cleo. Ele sabia que havia verdade no que ela dizia. Seu clã estava diminuindo em número, lutando para sobreviver em um mundo que os considerava párias. Mas ele também sabia que alianças vinham com custos.
"Proteção tem um preço," disse ele finalmente. "E lealdade não é algo que oferecemos facilmente. O que nos garante que vocês não vão nos descartar quando não precisarem mais de nós?"
Arlen sorriu, sua expressão revelando uma confiança calma. "Você ainda não viu do que somos capazes, mas garanto que, se nos trair, será a última coisa que fará."
Apesar do tom ameaçador de Arlen, Bakar percebeu que havia uma força inegável por trás dessas palavras. Após mais algumas horas de negociações, ele finalmente concordou em juntar-se a Keyon, trazendo consigo seu clã.
O próximo alvo era um grupo de adapters – humanos que haviam despertado habilidades únicas após terem sido expostos a circunstâncias extremas ou ao contato com entidades sobrenaturais. Entre eles estava uma mulher chamada Nadia, cuja habilidade de manipular energia cinética era incomparável.
Keyon decidiu encontrá-la pessoalmente. Nadia vivia reclusa em uma vila remota, onde era conhecida por proteger os moradores de ameaças sobrenaturais. Quando Keyon e Cleo chegaram, ela os recebeu com uma postura defensiva, suas mãos brilhando com uma energia dourada.
"Eu não quero problemas," disse Nadia, olhando para Keyon com cautela. "Mas se vocês os trouxerem, eu não hesitarei em responder."
Keyon levantou a mão, sinalizando que não tinha intenções hostis. "Não estamos aqui para lutar, Nadia. Pelo contrário, queremos oferecer uma aliança. Seu poder é formidável, mas sozinho, tem seus limites. Sob minha proteção, você pode alcançar um potencial muito maior."
"Proteção?" Nadia riu, embora não houvesse humor em sua voz. "De quem exatamente? Humanos que têm medo de mim? Ou das coisas que rastejam na escuridão?"
Keyon deu um passo à frente, sua presença esmagadora fazendo a respiração de Nadia vacilar por um momento. "Proteção contra tudo. Sob minha liderança, você não será uma pária. Será uma força a ser reconhecida. Um pilar em algo muito maior."
Após um longo momento de silêncio, Nadia baixou suas mãos. Havia algo na aura de Keyon que não podia ser ignorado. Ele não era apenas um vampiro poderoso; ele era um líder natural, alguém que poderia realmente cumprir o que prometia.
"Se você quebrar sua promessa," disse ela finalmente, "eu não hesitarei em destruir tudo que você construiu."
Keyon sorriu levemente. "Eu esperaria nada menos."
Enquanto os esforços de recrutamento continuavam, Keyon sabia que a Black Mamba estava observando atentamente. As informações que haviam recebido eram úteis, mas claramente incompletas. O número de indivíduos realmente poderosos era pequeno, e Keyon sabia que os líderes da organização estavam segurando informações cruciais.
"Precisamos ser mais incisivos," disse Cleo, enquanto analisava os relatórios das operações. "Eles estão nos testando, nos alimentando com fragmentos enquanto mantêm as peças principais escondidas."
Keyon assentiu. "Deixe que brinquem com seus joguinhos. Quanto mais eles subestimarem nossa capacidade, maior será o impacto quando estivermos completos. E então, até mesmo a Black Mamba terá que reconsiderar sua posição."
Com novos aliados entrando em suas fileiras e um plano cuidadosamente traçado, Keyon continuava a expandir seu domínio no mundo sobrenatural. Mas, enquanto sua força crescia, ele sabia que a verdadeira batalha ainda estava por vir. As teias de intrigas estavam apenas começando a se formar, e ele precisava estar preparado para lidar com os inimigos que certamente surgiriam das sombras.