Com o Imugi derrotado, o grupo se reuniu ao redor do que restava do Monólito de Éter. A carne que antes pulsava com uma energia maligna agora parecia morta e fria, exalando um odor pútrido. Mollusk, ainda em estado de alerta, caminhou até a base da estrutura. Foi então que ele viu as marcas – símbolos e inscrições feitas com precisão perturbadora.
"Essas marcas... Isso não foi obra do Complex, pelo menos não diretamente," disse ele, inclinando-se para analisar melhor os desenhos. "São inscrições que reconheço. Foi feito por alguém... da nossa universidade!!?."
O grupo ficou em silêncio, a revelação pairando no ar como um trovão distante.
"O quê? Você está dizendo que um dos nossos fez isso?" perguntou Kaido, cerrando os punhos, as garras prontas para serem usadas novamente.
"Não faz sentido," respondeu Astra, franzindo a testa enquanto observava os corpos fundidos à carne do monólito. "Por que alguém da universidade desencadearia algo assim? O Complex já é perigoso por si só."
Antes que pudessem chegar a qualquer conclusão, um som profundo e ressonante começou a ecoar do monólito. A carne começou a se despedaçar, pedaço por pedaço, caindo no chão como uma chuva macabra de carne e sangue.
"Afastem-se!" gritou Mantis, puxando todos para longe enquanto o monólito se desmoronava completamente.
No centro do que restava, algo brilhava com uma luz vermelho-sangue. Era um cristal, pequeno, mas intensamente vibrante, como se pulsasse com uma energia viva. Astra deu um passo à frente, sentindo um estranho arrepio subir por sua espinha.
"Isso... não é natural," murmurou ela.
"Não toque nisso!" gritou Mollusk, bloqueando o caminho dela. "Pode estar carregado de energia do Complex. Não sabemos o que pode fazer."
O grupo observou o cristal com cautela. Era feito de um material desconhecido, e sua superfície parecia refletir imagens grotescas de seres fundidos e distorcidos. Era como se contivesse um fragmento da própria essência da corrupção.
"Se isso veio do monólito, então pode ser a chave para entendermos o que está acontecendo," disse Mantis, a voz firme, mas com uma pontada de hesitação.
Kaido bufou. "Ou pode ser uma armadilha. Lembra do último 'artefato' que encontramos? Não quero que ninguém vire um monstro por curiosidade."
Apesar das tensões, Mollusk pegou um pedaço de tecido de sua bolsa e cuidadosamente envolveu o cristal. "Seja o que for, precisamos levar isso de volta à universidade. O Reitor precisa ver isso. Ele saberá o que fazer."
Enquanto o grupo se preparava para partir, um som distante ecoou da floresta – um ruído baixo, quase como um grito abafado. Era impossível dizer se era humano ou algo mais.
"Estamos sendo seguidos," disse Mantis, já levantando suas foices.
Astra olhou para os outros com seriedade. "Precisamos sair daqui agora. Algo me diz que esse cristal não vai ficar sem guardiões por muito tempo."
Sem mais palavras, o grupo começou sua retirada, deixando para trás o campo de batalha, o monólito destruído e as criaturas que haviam perecido. No entanto, todos sabiam que aquela missão era apenas o início de algo muito maior – algo que colocaria não apenas o Vale de Ébanon em perigo, mas talvez o próprio equilíbrio do mundo.
O retorno à Universidade Primeva foi silencioso, mas pesado. Enquanto cruzavam os corredores de pedra adornados com relíquias de eras passadas, os membros do grupo mal trocavam palavras, cada um perdido em seus próprios pensamentos. A visão do Imugi, o cristal de sangue e a revelação das inscrições estavam gravados em suas mentes.
Quando chegaram à sala do Reitor, as grandes portas duplas se abriram com um ranger profundo. O Oráculo do Abismo, com sua presença imponente, já os aguardava atrás de sua mesa de madeira maciça. Seus olhos escuros e penetrantes, que pareciam ver além do que qualquer ser comum poderia compreender, passaram por cada um dos quatro, estudando-os cuidadosamente.
"Relatem." Sua voz, profunda como o oceano, ecoou pela sala.
Mollusk foi o primeiro a falar, detalhando as descobertas no Vale de Ébanon: o monólito corrupto, o Imugi, e, principalmente, as marcas na carne do monólito que indicavam que alguém da universidade estava envolvido. Ele retirou o cristal envolto em tecido, colocando-o com cuidado sobre a mesa do Reitor.
O Oráculo se inclinou para frente, observando o cristal com atenção. Por um momento, o ambiente pareceu mais frio, como se uma sombra invisível tivesse atravessado a sala.
"Vocês fizeram bem em salvar o vale," disse ele, sua voz baixa, mas cheia de peso. "Mas isso... isso é apenas o início."
Os quatro trocaram olhares rápidos. Astra deu um passo à frente. "Reitor, o que exatamente é isso? E o que significam as inscrições no monólito?"
O Oráculo ergueu a cabeça, sua expressão grave. "O cristal que trouxeram é um fragmento de uma força maior, uma corrupção que foi desencadeada deliberadamente. As marcas que vocês viram... confirmam minhas suspeitas. Alguém da universidade – talvez mais de um – está conspirando para liberar o Complex de suas amarras naturais, transformando-o em uma arma de extinção eterna."
"O quê!?" exclamou Kaido, os punhos cerrados. "Você está dizendo que estamos lutando contra um traidor? Aqui? Entre nós?"
"Mais do que um traidor, Kaido," respondeu o Reitor, de tom sombrio. "Estamos lidando com uma ameaça que entende nossa força e nossas fraquezas. Alguém que conhece nossa estrutura, nossos recursos, e que está disposto a sacrificar tudo para alcançar seus objetivos. O que vocês enfrentaram no vale foi apenas um prelúdio de uma guerra maior."
Um silêncio carregado tomou conta da sala. Mesmo Mantis, normalmente a mais contida, não conseguiu esconder a preocupação em seu olhar.
"E o que fazemos agora?" perguntou Astra, a voz determinada, embora com uma leve hesitação.
O Oráculo ergueu-se, sua figura gigantesca projetando uma sombra imponente sobre o grupo. "Vocês devem se preparar. O que virá testará não apenas suas habilidades, mas também seus laços como equipe. Confiem uns nos outros, porque a força de vocês não está apenas em seus poderes individuais, mas na união que formaram."
As palavras do Diretor ecoaram na mente dos quatro enquanto deixavam a sala. A missão os havia mudado. Kaido, normalmente impetuoso, parecia mais reflexivo. Mollusk estava perdido em pensamentos, provavelmente tentando conectar as peças do quebra-cabeça. Mantis afiava suas foices com movimentos metódicos, como se estivesse preparado para o que estava por vir. E Astra olhou para seus companheiros, percebendo que eles já não eram apenas colegas de missão – eram uma verdadeira equipe.
Naquele momento, uma coisa ficou clara para todos: o mundo estava à beira de uma batalha que mudaria tudo. E, juntos, eles fariam o possível para proteger o que restava.