Chapter 2 - Papéis misteriosos

Levantando rapidamente ele deixa os seus exames e o envelope em cima da mesa do médico e decide ir embora direto para a casa.

Tudo ao seu redor não fazia mais sentido, dentro do carro enquanto dirigia ele se sentia leve, tudo estava no automático. Os outros veículos e pessoas só passavam, em sua mente estava apenas um grande vazio.

Chegando em casa sua mulher vem o receber toda animada, mas ele passa como se nada tivesse ali. Ele decide ir direto para o quarto. Quando chega lá, cai como uma pedra na cama e apaga.

Assim foram passando as horas até que sua esposa chegasse no pé da cama com o celular nas mãos.

"Amor, amor, acorda."

"Agora não, me deixa dormir mulher."

"É o seu médico, ele quer falar com você."

"Agora não! Eu já conversei com ele tudo o que tinha de ser conversado…"

"Ok, depois vamos ter uma conversa."

Sua mulher com a cara emburrada, sai do quarto e continua conversando no telefone, ele sabia que o médico provavelmente queria falar do seu caso e do tratamento, mas ele só queria esquecer tudo isso. Queria acordar e ver que tudo tinha sido apenas um pesadelo. Ao fundo ainda escutava sua mulher, mas acabou caindo no sono novamente.

Para ele parecia que tinha passado poucos minutos, mas a luz solar do amanhecer já o incomodava. Não fazia sentido, ele acreditava. Porque ele tinha deitado às quatro da tarde, não teria como ele ter dormido tudo aquilo. Ele pegou o celular e olhou as horas, já eram 7:22 da manhã. 

"Não acredito que dormi tudo isso… Amor, amor."

Sua esposa deitada ao lado faz um resmungo incompreensível. Ela parecia bem irritada.

"Acho melhor deixar ela quieta."

Cochichou baixinho para não irritá-la.

Ele então levanta da cama de fininho e decide preparar um café da manhã para os dois. Ele sabia que a tinha tratado mal e isso pesou em sua consciência. Sua mulher era uma esposa maravilhosa para ele, não tinha o que reclamar. Tratá-la dessa forma, por pior que sejam as notícias, não era certo.

Ao chegar na cozinha ele vê seus exames e o envelope em cima da mesa. Com eles havia também um bilhete escrito à mão, aparentava ser da sua esposa. Nele estava escrito.

Caro Senhor irritadinho, o seu médico ligou para falar que você tinha esquecido seus exames. Eu avisei que você não queria falar naquele momento, ele disse que o entendia e me pediu para ter paciência com você (tá difícil viu?). Então ele se propôs a trazer para cá na saída do trabalho. E aqui está!

Espero que esteja mais calmo, porque ainda vamos ter aquela conversa!

Ele acabou soltando um sorriso bobo ao ler o bilhete, mas logo um ar de preocupação tomou conta dele. Só de imaginar que ainda teria de dar as notícias para sua esposa fazia gelar a sua espinha. Também sabia que ela provavelmente compreenderia o seu comportamento. Mas não conseguia imaginar se despedindo dela.

Pegou os exames na sua mão e começou a ver folha por folha. Realmente aquilo não tinha sido um sonho, após ver e rever todos os exames ele se lembrou do estranho que tinha invadido o consultório e já sabia do diagnóstico que o médico tinha lhe dado e começou a resmungar.

"Que cara mais maluco! Não se faz uma coisa dessa! Mas… Como ele sabia? Como ele sabia que eu tinha câncer e que eu iria morrer em 3 meses? Ele só pode ter escutado atrás da porta… Vim do futuro hahahaha, bobagem! Isso é impossível! Ele disse que eu acreditaria quando começasse a ler as cartas. Duvido!"

Pegou o envelope na mão, deu uma olhada demorada e o jogou novamente na mesa.

"Bobagem! Isso é impossível! Vou fazer o café que ganho mais."

Começou a colocar água na panela, mas logo não se conteve e foi correndo abrir o envelope. Quando ele abre se depara com muitas folhas presas por uma espécie de grampo na parte inferior dos papéis e fica as inspecionando. Vira os papéis de um lado para o outro enquanto murmura.

"Caramba, que tanto de folha! Para que isso tudo? Que proposta maluca aquele cara tem para mim? Vamos descobrir né?"

Quando ele para de girar os papéis ele se depara com um grande título na primeira folha Seus últimos relatos e sua missão.