No início de Kianta, antes do tempo tal como o conhecemos, o universo era permeado por um caos primordial. As forças que governavam o cosmos eram imprevisíveis e desordenadas, refletindo o livre-arbítrio dos seres que habitavam o mundo. A humanidade, em sua forma primitiva, sempre existiu nesse cenário de desarmonia, lutando por territórios, recursos e até pela simples sobrevivência. O caos parecia ser o destino inevitável dos humanos, pois sua natureza era moldada pela constante busca por poder e controle.
Deus, observando o futuro com Sua visão infinita, previu o que aconteceria. Ele viu os humanos em constante conflito, destruindo-se uns aos outros por motivos triviais e, muitas vezes, incompreensíveis. Ele sabia que esse caminho levaria à extinção da humanidade, mas também compreendeu que a essência dos humanos residia no livre-arbítrio, na capacidade de escolher seus próprios caminhos. Por respeito a essa liberdade, Deus decidiu não intervir diretamente, mas criar algo que pudesse guiar a humanidade sem retirar sua autonomia.
Foi então, no ano 100 de Kianta, que Deus criou os Doze Dragões Universais. Esses dragões emergiram como manifestações das forças fundamentais do cosmos, cada um representando um aspecto essencial da existência: a Luz, o Fogo, a Terra, a Água, o Vento, as Sombras, o Tempo, a Mente, os Cristais, o Caos, os Sonhos e a Eternidade. Eles foram moldados não para governar os humanos, mas para equilibrar as forças que regiam Kianta, guiando a humanidade e protegendo-a da autodestruição.
A Ação dos Dragões e a Era de Harmonia
Embora poderosos, os dragões não eram deuses. Eles eram agentes do equilíbrio, com a missão de auxiliar os humanos sem impor sua vontade. Cada dragão habitava uma região específica de Kianta, onde sua essência influenciava a natureza ao redor. O Dragão da Terra trouxe estabilidade às montanhas e fertilidade aos campos; o Dragão do Fogo deu força e energia aos vulcões; o Dragão do Tempo trouxe ordem ao fluxo dos dias e das noites. Sua presença era sentida, mas suas ações eram sutis, respeitando o livre-arbítrio humano.
Com o surgimento dos dragões, Kianta entrou em uma era de relativa harmonia, que os humanos mais tarde chamariam de "A Era dos Dragões". Nessa época, vilas e cidades começaram a prosperar. Alguns povos viam os dragões como guias espirituais, enquanto outros os consideravam símbolos de poder e glória. Templos foram erguidos em homenagem a eles, e suas histórias começaram a ser contadas e preservadas, moldando as primeiras mitologias de Kianta.
O Dilema de Deus e a Promessa Final
Porém, com o passar dos séculos, Deus observou que, apesar do equilíbrio trazido pelos dragões, os humanos continuavam a travar guerras por ambição e orgulho. Os conflitos, embora menos frequentes, ainda surgiam de motivos fúteis e destrutivos. Os dragões, embora poderosos, não podiam forçar os humanos a escolherem o caminho da paz.
Deus percebeu que, ao criar os dragões, Ele havia influenciado o curso natural da humanidade. Embora Sua intenção fosse preservar a humanidade, Ele sabia que isso comprometia, em certa medida, o princípio do livre-arbítrio. Em um momento de reflexão profunda, Deus fez uma promessa: nunca mais interviria diretamente no destino de Kianta, a menos que algo ameaçasse o equilíbrio não apenas dos humanos, mas de toda a criação. Ele confiaria nos dragões e na humanidade para que encontrassem seu próprio caminho, mesmo que esse caminho fosse incerto.
O Advento do Conflito
Porém, a harmonia em Kianta era frágil. Conforme os humanos cresciam em número e ambição, muitos começaram a questionar a influência dos dragões. Alguns viam neles guardiões, mas outros os consideravam obstáculos para sua liberdade plena. Esses pensamentos plantaram as sementes de um grande conflito, que mudaria para sempre o destino do mundo.
E assim, Kianta caminhava para uma nova era. A batalha entre os humanos e os dragões estava prestes a começar, uma luta entre a busca pela liberdade e a preservação do equilíbrio. Os dragões, que antes eram venerados, passariam a ser vistos por muitos como inimigos. E o destino de Kianta seria moldado pelas escolhas de seus habitantes – escolhas que Deus, fiel à Sua promessa, observaria de longe, com a certeza de que o livre-arbítrio sempre seria a força mais poderosa do universo.