A entrada da dungeon pairava diante deles como um vórtice sombrio, pulsando com uma aura ameaçadora. O portal brilhava com um tom esverdeado, emitindo uma leve distorção no ar ao redor. Keyon inspirou profundamente, sentindo o cheiro metálico e úmido característico das dungeons.
O grupo ao seu redor estava tenso. Não era para menos. Dungeons de rank B não eram brincadeira.
O líder do grupo, um caçador de rank B chamado Damian, ajustou as alças da armadura de couro reforçado e virou-se para todos. Ele tinha uma postura firme e olhos de quem já havia sobrevivido a muitas batalhas.
— Escutem bem. Esta dungeon é infestada de Birdmens. Criaturas humanoides aladas, com penas negras e garras afiadas. São extremamente ágeis e costumam atacar em enxames.
Keyon ouviu atentamente enquanto examinava os membros do grupo. Cinco caçadores rank B e quatro rank C.
Damian (Rank B - Tank): Um escudo largo e uma espada curta de aço negro. Fisicamente imponente, com cicatrizes nos braços.
Lana (Rank B - Maga de Fogo): Pequena, mas exalava confiança. Um bastão decorado com rubis brilhava em suas mãos.
Garrick (Rank B - DPS de Dupla Adaga): Movia-se com fluidez, seus olhos treinando cada possível ponto fraco.
Erik (Rank B - Arqueiro de Precisão): Um arco longo com runas douradas. Parecia focado em cada detalhe da dungeon.
Mikhael (Rank B - Suporte de Buffs e Debuffs): Uma figura calma, segurando um tomo de encantamentos.
Três caçadores de rank C (um espadachim, um arqueiro e um lutador corpo a corpo).
E Keyon.
"Se eles soubessem o que sou capaz de fazer agora…" Keyon pensou, ajustando sua capa escura. Ele se mantinha discreto, sem demonstrar todo seu poder.
A primeira regra de sua nova jornada: observar antes de revelar.
— Todos prontos? — perguntou Damian, olhando para cada um.
Houve murmúrios de confirmação.
— Então vamos.
E assim, eles entraram na dungeon.
O ar era espesso e carregado com um cheiro rançoso, um misto de carne podre e penas molhadas. O céu acima era uma escuridão perpétua, iluminado apenas por chamas azuladas que flutuavam em pedestais de pedra espalhados pelo cenário.
A paisagem parecia um vilarejo abandonado, mas os edifícios eram torres de pedra retorcidas, repletas de poleiros e ganchos pendurados.
— Fiquem atentos. Eles podem atacar de qualquer lugar. — alertou Erik, o arqueiro.
Keyon já podia sentir algo se movendo. Seus instintos estavam aguçados, sua pele formigava.
Então, veio o primeiro grito.
Um som estridente e gutural, seguido por um turbilhão de penas negras.
Os Birdmens tinham chegado.
— DEFENSIVA! — gritou Damian, erguendo seu escudo.
A primeira onda veio como uma tempestade. Criaturas humanoides com asas enormes, garras afiadas como lâminas e olhos brilhantes de fúria.
Eles se moviam rápido.
Lana foi a primeira a atacar. — Explosão Ígnea!
Uma bola de fogo incandescente rugiu pelo ar e explodiu entre os inimigos, jogando-os para longe. Mas os Birdmens eram ágeis demais. Alguns desviaram no último segundo e mergulharam sobre o grupo.
Damian bloqueou um ataque com seu escudo, enquanto Garrick deslizou para trás, girando suas adagas e cortando a garganta de um dos monstros que caiu no chão com um grito estrangulado.
Keyon se moveu.
Uma das criaturas tentou atacá-lo de cima. Errado.
— Espinhos de Sangue.
Com um simples pensamento, lâminas vermelhas emergiram do chão, perfurando o torso da criatura. O sangue dela escorreu pelas espadas carmesins.
Então, Keyon sentiu.
Um novo fluxo de energia. O sistema respondendo.
[Opção disponível: Converter Criatura Derrotada em Vampiro Subordinado?]
Os olhos de Keyon brilharam. Ele testaria isso agora.
— Converter.
O corpo do Birdman morto tremeu. O sangue que escorria começou a se mover sozinho, retornando para o cadáver. As penas se tornaram mais escuras, os olhos mortos brilharam em um vermelho profundo.
E então, ele se levantou.
Um Birdman Vampiro.
Os outros caçadores ficaram em choque.
— O quê?! — exclamou Lana.
O Birdman Vampiro abriu suas asas, mas em vez de atacar Keyon, virou-se contra os outros de sua espécie.
— Subordinado... ataque.
A criatura obedeceu imediatamente, avançando contra seus ex-companheiros.
O campo de batalha mudou completamente. O caos estava instaurado.
Mas Keyon ainda não tinha terminado.
Ele ergueu a mão.
— Lança Gélida!
Um cristal de gelo azul translúcido surgiu e disparou como um míssil, perfurando o peito de um Birdman no ar. Ele caiu, se debatendo, enquanto um fino véu de geada cobria suas penas.
Keyon se moveu entre os inimigos, usando tanto sangue quanto gelo em um balé mortal. Seus Espinhos de Sangue emergiam do solo, empalando criaturas, enquanto rajadas de gelo paralisavam aqueles que tentavam fugir.
Ele não precisava de velocidade absoluta. Ele controlava o campo.
Damian, ainda chocado com a visão do Birdman Vampiro lutando ao lado deles, rangeu os dentes.
— Keyon, o que foi isso?!
Keyon sorriu de canto, desviando de um golpe e cortando a garganta de um inimigo com uma lâmina de gelo.
— Apenas um pequeno truque meu.
Damian não teve tempo de perguntar mais nada. Os Birdmens estavam recuando.
A primeira onda havia sido esmagada.
O grupo respirava pesadamente. O chão estava coberto de sangue escuro e penas arrancadas.
— Isso foi intenso. — disse Erik, abaixando o arco.
— E estranho. — murmurou Lana. — Nunca vi um Birdman se virar contra os outros daquela maneira.
Keyon sabia que as perguntas viriam, mas ele precisava manter a cautela.
— Não importa agora. — disse ele. — Ainda temos um castelo cheio de inimigos pela frente.
Damian assentiu, parecendo incerto, mas resolveu não insistir.
O verdadeiro desafio ainda estava por vir.
E Keyon mal podia esperar para testar seus novos poderes contra o chefe da dungeon.