Após o confronto caótico com Mahito e o despertar de sua técnica amaldiçoada, Junpei foi levado para a base da Escola de Jujutsu, onde começou a recuperação tanto física quanto emocional. Sua raiva e sofrimento, contudo, não desapareceram de imediato. Ele passou seus dias em isolamento, evitando contato com outros alunos e tentando lidar com as novas habilidades que Mahito despertou nele.
Yuji, sempre persistente, continuou visitando-o diariamente, tentando fazê-lo ver que a violência e a vingança não eram o caminho para a cura de suas feridas. Junpei ouvia suas palavras, mas a dúvida ainda pairava em seu coração.
"Eu só queria ser... alguém," disse Junpei, olhando para sua raia azul translúcida, que ainda flutuava ao seu lado. "Mas tudo o que fiz foi me perder mais."
Yuji sentou-se ao seu lado, com um sorriso gentil.
"Você já é alguém, Junpei. Você é mais do que os abusos que sofreu. Só precisa acreditar nisso."
Junpei ficou em silêncio por um momento. Ele queria acreditar nas palavras de Yuji, mas algo dentro dele o impedia.
Apesar dos esforços de Yuji, Junpei estava em uma batalha interna. Ele não podia ignorar o poder que Mahito lhe dera — um poder que lhe dava controle sobre sua própria vida e a habilidade de se vingar de todos que o feriram. Cada vez que ele usava sua raia, sentia um prazer sombrio, como se estivesse tomando de volta o que lhe foi tirado. A tentação de seguir o caminho que Mahito lhe ofereceu era forte, mas ele sabia que havia algo errado nisso.
Em seus momentos mais solitários, Junpei olhava para sua raia, que parecia observar cada movimento seu com uma presença fria e calculista.
"Eu deveria usá-la. Eles merecem pagar," pensava ele, mas algo no fundo de sua mente começava a questionar a veracidade de suas próprias crenças.
Enquanto Junpei lutava com sua própria mente, uma nova ameaça começava a se formar nas sombras. Gojo, agora mais atento aos movimentos das maldições de nível especial, ficou sabendo através de suas fontes que algo se movia nas profundezas de Tokyo. As maldições de nível superior estavam se agrupando, e o equilíbrio estava começando a se desestabilizar. Além disso, as ações de Mahito com Junpei não passaram despercebidas.
"Isso vai explodir em breve," Gojo comentou com Nanami, observando o crescente poder de Mahito. "Temos que estar prontos. Essa tempestade será grande."
Keyon, que acompanhava as movimentações das maldições, sabia que algo muito mais sombrio estava à espreita. Ele sentiu que o poder de Mahito estava em ascensão, e o garoto Junpei, com sua técnica recém-despertada, poderia ser a chave para algo muito maior.
Após mais alguns dias de reflexões intensas, Junpei decidiu que precisava tomar uma decisão definitiva sobre seu futuro. Ele se afastou de Yuji, de Nanami e de todos na escola de Jujutsu, indo para um local isolado onde pudesse pensar sem pressões externas.
Enquanto meditava, sozinho com sua raia, ele sentiu uma presença. Quando olhou para frente, Mahito apareceu diante dele, sorrindo com seu típico ar enigmático.
"Você está lutando com suas emoções, Junpei. Eu entendo. Não é fácil escolher entre os sentimentos que você tem por aqueles que o humilharam e o poder que agora possui."
Junpei olhou fixamente para Mahito, seus olhos mostravam um conflito interno profundo.
"Eu... Eu não sei mais o que é certo," disse Junpei, a voz trêmula. "Você me deu poder, mas me sinto vazio. A raia... ela não me traz paz."
Mahito se aproximou lentamente.
"O poder que você tem é apenas o começo, Junpei. Mas se você quiser continuar como sempre foi, eu posso deixá-lo ir. A escolha é sua."
Neste momento, Junpei sentiu uma onda de confusão misturada com um pequeno alívio. Ele pensou em tudo o que Yuji lhe dissera, sobre não estar sozinho, sobre poder mudar sua vida, sobre não ser definido pelo ódio.
"Eu... eu escolho a paz. Não quero mais esse poder," declarou Junpei, sua voz firme. "Não quero mais ser o que você quer que eu seja."
Mahito, irritado, riu, mas sem rancor.
"Você está cometendo um erro, Junpei. Eu entendi o seu desejo, mas você está abrindo mão do que é realmente necessário."
Mahito desapareceu, mas deixou uma última palavra:
"Você ainda voltará, Junpei. Todos que se afastam de mim voltam."
Junpei não respondeu. Ele sentiu um alívio genuíno por ter feito sua escolha.
Junpei retornou para a Escola de Jujutsu, onde foi recebido com um olhar apreensivo, mas respeitoso por Yuji e Nanami. Eles sabiam que ele ainda estava lidando com suas próprias batalhas internas, mas estavam dispostos a apoiá-lo. Gojo, em uma conversa reservada com Keyon, fez uma observação sobre o futuro de Junpei.
"Ele pode ter escolhido a paz agora, mas não posso deixar de pensar que Mahito plantou uma semente. Será difícil impedir que ela cresça."
Keyon concordou.
"Sim, ele ainda tem um longo caminho pela frente. Mas não podemos deixá-lo sozinho em suas lutas."
Com isso, todos começaram a se preparar para o que estava por vir. O verdadeiro desafio estava ainda por vir. Uma tempestade de maldições estava se formando, e todos precisariam estar prontos para o confronto iminente.