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Chapter 2 - Esse Mundo Me Odeia Por Acaso?

Seu corpo caiu no chão. Gilgamesh percebeu apenas naquele momento que o corpo da criança não poderia suportar tamanho poder.

"Merda, eu exagerei!" Com sua forma astral, Gilgamesh podia ver tudo que acontecia ao redor. Ele estava ficando ansioso. Logo, Magos iriam rastreá-lo e mata-lo novamente.

Vários caminhões, carros de polícia e ambulâncias chegaram ao porto acompanhados de jornalistas. Os policiais isolaram toda a área, tratando-a como um aparente ataque terrorista. Observando, Gilgamesh viu que algumas das crianças no contêiner ainda estavam vivas. Ele temia que alguns deles pudessem ter despertado também, sobrecarregados pela pura Quintessência de seu Despertar, havia uma possibilidade muito alta disso acontecer, mas não havia como ter certeza agora. Ele era apenas um Avatar sem poder, e sua recente semi-onipotência se foi.

O estranho era... Estando nessa forma astral, em teoria ele não poderia sentir nada, ao mesmo tempo, uma onda de náusea o dominou. Ele não poderia ser um Avatar. Um Avatar era um ser separado. Então, o que estava acontecendo?

"Não pode ser!"

A verdade é difícil de engolir. Nenhuma das vezes que ele reencarnou isso aconteceu, então por que foi diferente desta vez?

Ele era realmente um Avatar!

"Não... Este corpo não aguenta um Avatar tão poderoso. Eu vou..."

Mesmo como Avatar, ele quase desmaiou. Para ser preciso, ele quebrou. Cada pedaço do seu ser se quebrou em fragmentos, como se ele fosse feito de vidro, a morte estava perto. Se isso acontecesse, se o Avatar de um Mago morresse, ele nunca mais seria um Mago. Ele não poderia mais reencarnar. Ele se tornaria mundano!

Ele sentiu seus pedaços quebrados sendo sugados por um vórtice para o Reino do Paradoxo. Este mundo não queria que ele existisse, então iria regurgitá-lo de volta às profundezas da Realidade até que pudesse destruí-lo.

"Eu não posso deixar isso acontecer!"

Com pura força de vontade, ele se forçou a resistir ao Vórtice de Paradoxo evitando ser sugado para dentro, esforçando-se para se fundir com seu novo corpo. Mas a quantidade de força necessária para alcançar este feito extraordinário, para desafiar a própria realidade, não foi uma tarefa fácil. Ele não teve tempo de calcular ou manobrar com cuidado, então em vez de apenas voar até o corpo do menino, aquele que Gilgamesh habitou nos últimos seis anos, ele também tentou controlar suas centenas de milhares de pedaços. Ao fazer isso, ele inadvertidamente se fundiu com muitas das outras crianças, trabalhadores, policiais e enfermeiras que cercavam seu corpo. À medida que estendia sua essência, ele se sentia entrelaçado com suas vidas, extraindo força delas. No entanto, à medida que seu poder aumentava, ele não conseguia mais manter essa conexão. Os restos de seu ser, a maior parte de seu eu mágico fragmentado, foram lançados à deriva, espalhados pela vastidão do universo, perdidos entre os reinos conhecidos e desconhecidos da Realidade.

"Merda…"

Gilgamesh gritou internamente. Ele havia perdido 95% de si mesmo. Apenas 5% do seu ser permaneceu com seu corpo reencarnado. Ele teve que Despertar muitas pessoas para escapar dessa situação com o menor dano possível. Ele não conseguia nem controlar sua direção neste estado. A pior parte, sem dúvida, é que ele era um Avatar.

Ele não reencarnou nesse garoto. Ele nem possuiria esse corpo mais tarde. Não, ele era o guia do menino, guiando-o em seu caminho para se tornar um Mago. Ele nunca seria um mago.

'Que situação... Eu fiz alguma coisa na vida passada?'

...

Alguns dias depois, num hospital, o corpo de Gilgamesh, a criança sem nome acordou.

"Enfermeira! Um deles acordou!" Um policial chamou uma enfermeira, que correu até a cama da criança.

"Deixe-me ver como ele está."

A enfermeira garantiu que a criança estava bem antes de perguntar seu nome. Ele não o tinha. Não lembrava de ninguém o chamando por alguma coisa, e apesar de que alguns dias atrás, ele poderia até se identificar com esse tal de Gilgamesh, ele também sabia que não era esse Gilgamesh, então foi o que disse à enfermeira:

"Eu não sei." Respondeu o garoto.

A polícia não pediu informações ao menino sobre o incidente. Uma criança que não conseguia nem lembrar o próprio nome não poderia oferecer respostas. Parecia inútil pedir detalhes no momento.

Enquanto isso, todas as crianças sobreviventes foram entrevistadas para ver se sabiam de alguma coisa, mas parecia que elas também não tinham ideia de suas identidades ou do que havia acontecido.

"Isso certamente é sem precedentes. Todos eles têm amnésia?"

"Como isso é possível?"

"Não podemos pressioná-los a nos contar tudo. Eles estavam sendo traficados. Só Deus sabe o que foi feito com eles e pelo o que passaram."

"Isso não ajuda a polícia."

"Encontramos os pais de algumas crianças. Eles podem ir para casa, mas alguns deles precisarão ser enviados para um orfanato".

'Então eu apaguei as memórias deles também? Ou talvez o Despertar unido ao trauma excessivo os fez desejar não lembrar mais o que sofreram. De qualquer jeito, posso dizer que estou com sorte' Gilgamesh observou o garoto de perto. Ele não tinha o que fazer como um Avatar além de acompanha-lo.

Houve muita discussão em torno das crianças.

'Estou em um hospital?' O menino pensou. Os adultos não estavam na sala, mas a discussão ainda era audível.

Um homem passou pela porta, vestindo terno e chapéu. Seu cabelo era branco e ele tinha uma barba impressionante. Ele lançou um olhar calmo e avaliador sobre o quarto antes de pousar o olhar no menino sem nome, que estava sentado em silêncio na cama do hospital. Com um aceno educado, ele se aproximou, seus sapatos engraxados batendo suavemente no chão.

"Boa noite", ele cumprimentou, sua voz profunda e comedida. "Eu sou o Senhor Borba e estou aqui para levá-lo a um novo lugar, um lugar onde você estará seguro e bem cuidado."

O menino olhou para ele com os olhos arregalados, mas sua expressão era ilegível. Ele não disse nada, apenas olhou para aquela figura engraçada. Sr. Borba parecia imperturbável; estava habituado ao silêncio das crianças que tinham visto coisas demais, envoltas em choque e confusão. Com um gesto, convidou o menino a se levantar da cama, e ela o fez. Outras crianças na enfermaria observaram em silêncio enquanto as enfermeiras entravam para ajudar a recolher os seus poucos pertences – a maioria pequenas sacolas contendo roupas fornecidas pelo hospital e alguns brinquedos

Uma a uma, as crianças fizeram fila, cada uma acompanhada por uma enfermeira ou cuidadora. Sr. Borba dirigiu-se a eles em tom calmo e tranquilizador.

"Eu sei que isso pode parecer estranho. Mas fique tranquilo, você será cuidado e em breve encontrará um novo lar."

Saíram todos juntos, numa procissão solene pelos corredores esterilizados do hospital, iluminados pelas fracas luzes da noite. Do lado de fora, uma van colorida que mais parecia um transporte escolar com seus detalhes referenciando muitas caricaturas da cultura pop, cada uma marcada com a logo de um orfanato, o Orfanato de Hermes. As crianças foram conduzidas silenciosamente para dentro do veículo, o ar frio da noite aumentando a misteriosa quietude que os seguia.

Sr. Borba certificou-se de que cada criança estava acomodada, lançando um olhar atento para cada uma delas, como se avaliasse seus fardos silenciosos. Finalmente, ele assumiu o volante, acompanhado de duas enfermeiras e um funcionário público que cuidava dos direitos das crianças, ele ligou o motor que tremeu com um ronco baixo. O comboio saiu do hospital.

'Esse mundo me odeia por acaso?', pensou o Avatar Gilgamesh. Esse Sr. Borba não era nada menos que um Mago.

'Eles já me encontraram, mas… parece que ainda não descobriram minha identidade. Talvez tenha a ver com o fato de minha consciência não estar dentro do corpo do garoto? E as outras crianças que despertei no porto? Será que como um Avatar eles não conseguem me rastrear? Talvez fosse essa a minha intenção na minha vida passada?'

A verdade é que Gilgamesh não conseguia entrar em contato com as outras partes de si mesmo. Só havia nada que ele poderia fazer além de reuni-los novamente. Mas fazer isso... não estava em suas mãos; estava nas mãos desta criança. Ele teria que nutri-lo e educá-lo cuidadosamente, mas talvez isso fosse impossível com outro Mago envolvido.

'Vou adiar me revelar a ele até que eu possa pensar em alguma coisa.'