A luz pálida do amanhecer iluminava as torres da Shibusen, refletindo a imponente presença da escola. Depois de dias exaustivos de treinamento, o grupo finalmente começava a sentir que estava alcançando algo sólido. Maka, Soul, Black☆Star, Tsubaki, Kid, Liz, Patty, Keyon e Cleo estavam focados em seus próprios ritmos. O treinamento havia levado cada um a explorar os limites de suas almas, tornando-os mais fortes, mais coordenados, e principalmente mais unidos.
Keyon, em particular, parecia diferente. A sincronia com Cleo não era apenas mais técnica; era visceral. Sua ressonância havia atingido um nível que fazia sua alma brilhar intensamente sempre que eles lutavam. A majohgari não era mais uma teoria ou algo distante — agora era um estado que ele e Cleo podiam acessar de forma consistente. Mas, mesmo com a confiança crescente, havia uma tensão no ar, uma sensação de que algo grande estava prestes a acontecer.
E então veio o chamado.
A mensagem chegou pouco antes do café da manhã, um pequeno envelope preto com o selo da Shibusen. Kid foi o primeiro a abrir a convocação. Sua expressão séria ao ler as palavras fez com que os outros imediatamente parassem o que estavam fazendo.
— É do Shinigami-sama, — disse Kid, sua voz carregada de urgência. — Ele quer que nos reunamos imediatamente na sala de conferências. Parece que é sobre Isolde.
Todos trocaram olhares rápidos antes de se apressarem para a sala central da Shibusen. Ao entrar, encontraram Shinigami-sama em pé, sua figura imponente projetando-se na sala iluminada apenas pela luz das janelas altas. O ar estava pesado com uma sensação de gravidade. Ao lado dele, Stein e Marie estavam presentes, ambos com expressões sérias. Até mesmo Spirit, geralmente descontraído, parecia preocupado.
— Ah, alunos, vocês chegaram! — disse Shinigami-sama, sua voz assumindo um tom raro de seriedade. — Temos informações importantes sobre Isolde e sua próxima movimentação.
Maka deu um passo à frente, seus olhos determinados.
— Ela está planejando outro ataque, não é?
Shinigami-sama assentiu lentamente.
— Exato. Parece que Isolde avançou em seu plano de expandir o Banquete Eterno. Recebemos relatos de que ela está se movendo para um novo local, e sua presença está trazendo caos para uma área inteira ao norte. A temperatura na região caiu drasticamente em poucos dias, e vários habitantes locais desapareceram.
Stein ajustou seus óculos, acrescentando:
— Não é só isso. Ela também parece ter reunido mais seguidores, incluindo algumas criaturas mágicas extremamente perigosas. Não podemos subestimá-la.
O grupo permaneceu em silêncio enquanto absorvia as informações. Maka apertou os punhos, sentindo a urgência da situação. Black☆Star, por sua vez, quebrou o silêncio com seu habitual entusiasmo.
— Isso é perfeito! Finalmente vamos mostrar a essa bruxa quem manda!
— Não seja impulsivo, Black☆Star, — disse Kid, cortando o entusiasmo do amigo. — Precisamos de uma estratégia sólida. Não podemos repetir os erros da última vez.
Keyon, que até então estava calado, finalmente falou, sua voz calma, mas firme.
— Onde exatamente ela está?
Marie respondeu rapidamente:
— Ela se moveu para uma antiga fortaleza nas Montanhas Brancas. É um lugar isolado, cercado por nevascas e terreno traiçoeiro. Está claro que ela escolheu esse local para ter vantagem em combate.
— Isso soa como uma armadilha, — disse Cleo, cruzando os braços. — Ela quer nos atrair para o território dela.
Shinigami-sama acenou afirmativamente.
— Sim, e é por isso que vocês precisam estar mais preparados do que nunca. Stein e Marie vão ajudar na formação da estratégia, mas, no final, será com vocês que a batalha será vencida.
Após a reunião, o grupo se dividiu para começar os preparativos. Stein forneceu mapas detalhados da área e explicou as condições que eles enfrentariam. Ventos cortantes, visibilidade reduzida e, é claro, o controle absoluto de Isolde sobre o ambiente ao seu redor.
Enquanto os outros estudavam o terreno, Keyon e Cleo estavam em uma das salas de prática, realizando os ajustes finais na majohgari. Cleo, em sua forma de arma, girava no ar com uma precisão mortal enquanto Keyon executava uma série de movimentos calculados. A conexão entre eles estava mais forte do que nunca, mas ambos sabiam que precisavam alcançar algo ainda maior.
— Keyon, você percebeu algo durante o nosso último treinamento? — perguntou Cleo, sua voz ecoando através da sala.
— O quê? — Ele parou por um momento, respirando fundo enquanto limpava o suor da testa.
— Durante a luta simulada contra a projeção de Isolde, houve um momento em que nossa ressonância quase quebrou. Foi quando você hesitou em atacar diretamente o ponto fraco dela.
Keyon ficou em silêncio, pensando nas palavras dela. Ela estava certa. Ele havia hesitado, não porque não soubesse o que fazer, mas porque ainda tinha medo de falhar.
— Eu vou superar isso, Cleo, — disse ele, sua voz cheia de determinação. — Não importa o que aconteça, eu não vou vacilar novamente.
Cleo sorriu, mesmo em sua forma de alabarda.
— Assim que se fala.
Dois dias depois, o grupo estava pronto para partir. Eles estavam equipados com tudo o que poderiam precisar — roupas reforçadas contra o frio, dispositivos mágicos para amplificar sua resistência e, mais importante, uma determinação inabalável. O clima estava tenso, mas havia uma confiança palpável no ar. Todos sabiam que esse confronto seria decisivo.
O grupo deixou a Shibusen ao amanhecer, embarcando em um transporte mágico que os levaria até as Montanhas Brancas. Durante o trajeto, Maka e Soul revisaram as estratégias, enquanto Kid organizava os papéis e coordenava os movimentos. Black☆Star, como de costume, estava animado, mas até ele parecia mais focado do que o normal.
Keyon, sentado ao lado de Cleo, olhou para o horizonte, onde as montanhas nevadas começavam a surgir. Ele apertou o cabo da alabarda com força, sentindo a familiar presença de Cleo. Ela falou baixinho, apenas para ele ouvir.
— Estamos prontos, Keyon. Desta vez, nós a enfrentaremos de igual para igual.
Ele assentiu, seu olhar determinado.
— Sim. E vamos vencer.
Quando o grupo chegou às Montanhas Brancas, o cenário era de tirar o fôlego. A neve cobria tudo, transformando o ambiente em um vasto deserto branco. No entanto, a beleza do lugar era perturbadora. O ar estava pesado, quase como se o próprio ambiente estivesse vivo, observando cada movimento deles.
Stein, que havia os acompanhado até a entrada da região, olhou para o grupo com seriedade.
— Lembrem-se, Isolde vai usar o terreno a seu favor. Não abaixem a guarda nem por um segundo.
O grupo assentiu e começou a caminhar em direção à fortaleza de Isolde. À medida que avançavam, as temperaturas despencavam, e o vento se tornava cada vez mais cruel. Mas nenhum deles hesitou. Eles sabiam o que estava em jogo.
Quando finalmente avistaram a fortaleza no topo de uma colina íngreme, cercada por tempestades de gelo, todos pararam por um momento, sentindo o peso do que estava por vir. Keyon apertou a alabarda em suas mãos, sentindo a energia de Cleo pulsar em resposta.
— Chegou a hora, — disse Maka, olhando para o grupo. — Vamos acabar com isso.
E com essas palavras, eles começaram a escalar a colina, prontos para enfrentar a bruxa gélida Isolde e tudo o que ela havia preparado.