Em uma estação de primavera, foi a primeira vez que a vi com aqueles lindos cabelos loiros que brilhavam tanto quanto as estrelas. Sem querer, esbarrei nela, fazendo suas coisas caírem. Então, comecei pedindo desculpas.
- Me desculpe! Você está bem? Quer ajuda?
Enquanto perguntava sem parar, depois de seis segundos de silêncio, ela finalmente decidiu me responder.
- Oh, tudo certo, não precisa se preocupar.
Ela respondeu de forma seca e tentou sair da conversa o mais rápido possível, mas eu não podia deixar aquela chance escapar.
- Certeza? Não quer ajuda para pegar suas coisas do chão?
Nesse momento, ela olhou para mim, deu um belo sorriso e respondeu:
- Se você quiser, pode.
Naquele instante, fiquei quieto por um tempo, ajudando-a a catar as coisas, porque aquele sorriso me encantou completamente. Era um sorriso que eu lembraria até o fim dos meus dias. Depois de quase terminarmos de recolher tudo, perguntei:
- Por que você está aqui a essa hora?
Esqueci de avisar vocês que estávamos em uma área perigosa, conhecida por sua alta taxa de sequestros. Já era noite, por volta de 19h37, pelo que me lembro bem. No começo, ela hesitou em responder, mas depois disse com um tom de voz um tanto suspeito:
- E-eu estou indo para a casa de um parente!
Respondi brevemente:
- Entendi. Tome cuidado ao vir aqui nesse horário, pois é perigoso. Qual o seu nome?
Querendo me aproximar mais dela, comecei a perguntar seu nome para que pudéssemos nos conhecer. Ela respondeu rapidamente:
- Eu sei, já ouvi muito sobre esse lugar: na TV, na escola, com amigos e parentes. Ah, meu nome é Annie. E o seu?
Annie. Um nome lindo para uma garota maravilhosa! Quero conhecê-la cada vez mais. Depois que ela perguntou, respondi:
- Annie, que nome lindo. Meu nome é Touka. Prazer em conhecê-la!
Depois de nos aproximarmos nesse curto período de tempo, Annie parecia mais à vontade para falar comigo. Ficava claro que ela estava se sentindo mais confortável, pois sua fala se tornou informal e calma. Ela estava me cativando, pensei.
Após alguns minutos conversando, mesmo já tendo recolhido tudo do chão, decidimos nos despedir, mas eu ainda tinha uma dúvida.
- Ei, Annie, você mora aqui perto ou estuda por aqui?
Annie respondeu rapidamente enquanto caminhava para casa:
- Sim! Eu estudo no colégio La Rosa. Mas agora tenho que ir porque está ficando tarde. Tchau, Touka! Boa noite!
Nesse momento, meu coração disparou. Ouvir meu nome sair da boca dela fez com que eu me apaixonasse ainda mais. Desde pequeno, sempre fui assim: todas as garotas por quem me apaixonei foram aquelas que mal conhecia. Porém, todas que se aproximavam acabavam indo embora, o que era bem triste. Mesmo assim, decidi arriscar novamente.
Voltando ao momento, gritei para ela com um sorriso no rosto:
- EU TAMBÉM ESTUDO NO MESMO COLÉGIO! BOA NOITE, ANNIE!
Pensando agora, será que incomodei algum vizinho? [Risos] Depois de chegar em casa, passei a noite inteira pensando nela. Era como se nada mais importasse. Minha mente só repetia: "Quero estar com ela" e "Será que ela tem namorado?". Apesar desse último pensamento, me sentia como se tivesse encontrado o amor da minha vida, como em filmes ou séries.
E já decidi! Vou tentar encontrá-la no colégio durante o recreio.
Depois de chegar em casa, meu ritual era tomar um banho e depois jogar ou assistir a algum anime. Mas, naquele momento, eu não queria fazer nenhuma dessas coisas. Só que, se eu não tomasse banho, minha mãe me mataria. Então, resolvi tomar banho mesmo.
Prefiro banho morno, mas sei que o melhor para o corpo é água fria. Por isso, na maioria das vezes, opto por banho frio. Isso ajuda tanto na pele quanto no cabelo. Para quem não sabe, gosto de me cuidar; mesmo que seja algo simples, como lavar o rosto, sinto-me revigorado, como se tivesse ganhado um prêmio.
Depois do banho, fui direto para a cama. Estava frio pra caramba, e eu ainda estava cansado, já que precisei andar oito quadras para chegar em casa. Mas valeu a pena. Droga... meu coração começou a bater forte novamente, e meu corpo esquentou. Por que não consigo parar de pensar nela?
Na manhã seguinte, acordei e percebi que tinha sonhado com Annie. Bem na hora em que ela ia me beijar, acordei e... fiquei beijando o travesseiro. Pensando bem, talvez fosse melhor eu não contar isso a ninguém.
Depois de acordar, faço o que qualquer pessoa normal faz: escovo os dentes (morro de medo de cáries), tomo café, tomo banho, me arrumo para o colégio e vou de ônibus. Agora, vocês devem estar se perguntando: "Mas você não disse que se cuida?" Sim, eu me cuido, mas sou um pouco lento para essas coisas. Não quero entrar em detalhes, porque ninguém gosta de ser humilhado na própria história, certo?
Ao chegar no colégio, fui direto para a sala. Não gosto de ficar no portão porque sempre está lotado. Quando entrei, encontrei meus três amigos: Nicolas, Vitor e Lucas. Parece pouco, mas eles são os verdadeiros.
Não vou mostrar a conversa de hoje porque eles passaram o dia inteiro falando sobre o que fizeram com suas namoradas.
Após as quatro primeiras aulas, o recreio começou. Como prometido, tentei encontrar Annie.
Pensei que, como ela parecia tímida, deveria começar procurando em lugares menos movimentados. Fui primeiro à biblioteca. Procurei, procurei, mas não encontrei. Então, decidi ir ao terraço. Olhei para a direita, nada. Para a esquerda, nada. Para a frente, também nada.
Parece que hoje não seria o dia... Até que me lembrei da lista de alunos por turma. Fui até a coordenação e procurei o nome dela. Descobri que ela era da turma 901. Com essa informação, fui direto até lá.
Sem pensar muito, entrei na sala e gritei:
- VOCÊS SABEM ONDE ESTÁ A ANNIE?
Sim, fiz exatamente isso. Pensando agora, parece coisa de maluco. Depois de várias respostas dizendo que ninguém sabia, uma garota de cabelos castanhos se aproximou e disse:
- E-eu sei. Ela está no gramado atrás do colégio.
- Ah, obrigado, garota dos cabelos castanhos!
Saí correndo o mais rápido que pude, afinal, só restavam seis minutos para o recreio acabar.
Quando cheguei perto do gramado, a vi. Seus cabelos loiros balançavam suavemente com o vento. Era como uma visão do céu. Corri até ela, sem hesitar.
- Então, aí está você!
Falei isso quase morrendo, puxando o ar com força.
- Touka, que bom te ver aqui. Por que você está aqui?
- Eu vim para falar com você.
- Falar o quê?
- Ah, nada demais, só conversar.
- Então, sente-se aqui ao meu lado.
Percebi que ela estava segurando um livro e perguntei:
- O que você está lendo?
- Um romance. E você, gosta de ler?
- Sim, mas costumo ler revistas, mangás e light novels.
- Que legal! Você está bem? Sua respiração está pesada.
- Estou, sim. É que corri o recreio inteiro procurando por você.
Ela ficou um pouco envergonhada e disse:
- Nossa, fez isso tudo só para me encontrar? Você é incrível! Mas, se está assim, a culpa é minha. Deite sua cabeça no meu colo.
- Não precisa, eu quis te procurar. Está tudo bem.
- Por favor, deite. Insisto!
- Tem certeza?
- Sim, por favor.
Naquele momento, tanto eu quanto ela estávamos envergonhados. Mas, ao mesmo tempo, parecia o melhor momento da minha vida.
Enquanto estava deitado, perguntei:
- Sobre o que é o livro?
- É sobre uma garota que encontra o amor da vida dela, mas eles se separam. Durante o resto da vida, ela tenta reencontrá-lo para reviver o romance.
- Uau, parece meio triste.
- É um pouco, mas reflete a realidade do nosso mundo.
- Concordo. Hoje em dia, as pessoas não se importam mais com o amor, só com desejos superficiais.
- É verdade, mas não há muito o que possamos fazer.
- Sim, mas é por isso que quero encontrar meu amor logo. E você?
- Também quero! Meu sonho é encontrar minha alma gêmea, namorar, casar, ter filhos e viver feliz com ele em um lugar tranquilo.
- Esse também é o meu sonho...
Antes que pudesse continuar, o sinal tocou. Então decidi pedir o número dela.
- Você pode me passar seu número?
- Claro!
Ela escreveu seu número em um papel e me entregou.
- Até logo, Annie!
- Até logo, Touka! Espero que nos encontremos amanhã.
E foi assim que eu encontrei o amor da minha vida..