Neferpitou não sentiu dor ao morrer. Quando Gon esmagou seu crânio com toda sua fúria, a última coisa que pensou foi no Rei. Seus instintos, seu amor devotado ao Rei Meruem, dissolveram-se em uma escuridão que parecia eterna. Porém, a eternidade teve um fim.
Ela acordou.
O ar era diferente — pesado, denso com o cheiro de sangue e luxúria. Sua pele arrepiou-se ao sentir a terra úmida sob suas patas, mas havia algo errado. Não estava na NGL, não estava em nenhum lugar conhecido. Seus olhos dourados, ainda felinos, miraram o horizonte. Um castelo negro erguia-se como uma cicatriz contra o céu, e gritos distantes ecoavam na brisa.
Neferpitou percebeu que algo estava errado com seu corpo. Ainda tinha sua cauda e orelhas felinas, mas sua aparência parecia mais humana, mais... vulnerável. Ela não precisava de muito para perceber que renasceu. O que era aquilo? Um castigo? Uma segunda chance?
Ela sorriu.
Se este mundo a trouxe de volta, irei viver por mim mesma Não havia Rei aqui, mas talvez ela pudesse se tornar uma soberana. Um rugido escapou de seus lábios, reverberando pelas árvores ao redor. Se este era o mundo de seu renascimento, ela o moldaria à sua imagem.
O castelo negro parecia chamá-la, e, com cada passo que dava, as memórias de sua antiga vida tornavam-se mais claras. O cheiro da batalha, o gosto do sangue, o poder de controlar a vida e a morte com suas mãos... Sim, ela ainda era Neferpitou, a fiel guardiã real, mas desta vez, ela lutaria apenas por si mesma.
Dentro das muralhas sombrias, ela encontrou a decadência do universo de Kuroinu: homens e mulheres escravizados, criaturas terríveis, e um caos que parecia governar todos os cantos. Neferpitou não ficou assustada — ela sentiu-se em casa. Mas para tomar o controle, precisaria começar de baixo.
Com um sorriso afiado, ela se aproximou do salão principal, onde os líderes deste mundo tramavam suas ambições.
— Um mundo tão... caótico. — Sua voz ecoou, doce, mas ameaçadora. — Acho que vou me divertir aqui.
Neferpitou caminhava pelas sombrias muralhas do castelo negro, seus olhos dourados brilhando como os de um predador na escuridão. Os corredores estavam cheios de gritos abafados e sussurros de medo, mas nada disso abalava sua determinação. Ela era uma intrusa naquele mundo, mas não por muito tempo.
Ao chegar ao salão principal, encontrou uma assembleia de figuras grotescas: mercenários, lordes corrompidos e criaturas que pareciam saídas de um pesadelo. Todos viraram-se para encará-la, suas expressões variando entre confusão e desprezo.
— Quem ousa interromper nosso reunião? — perguntou um homem robusto, sua armadura manchada de sangue seco.
Neferpitou inclinou a cabeça, um sorriso perigoso curvando seus lábios.
— ousadia não meu caro eu chamo isso dominação . — Sua voz era suave, quase sedutora, mas carregava uma ameaça latente.
Um dos guerreiros se levantou, rindo.
— E o que uma garota perdida acha que pode fazer aqui? Este lugar pertence a nós.
Antes que ele terminasse a frase, Pitou moveu-se com uma velocidade sobrenatural. Em um instante, suas garras — afiadas como lâminas — estavam enterradas no pescoço do homem. Com um movimento rápido, ela o lançou contra a parede, o impacto ecoando pelo salão.
— Esse erro foi o último dele. — Ela se virou para os outros, limpando o sangue de suas garras em seu braço. — Alguém mais quer questionar minha presença?
O salao ficou em silêncio
— Este mundo está cheio de tolos que acham que o caos é sinônimo de poder. Eu vim para mostrar que estão errados. Vocês podem me seguir... ou ser destruídos.
Um dos lordes, mais velho e visivelmente cauteloso, deu um passo à frente.
— E por que deveríamos seguir você?
Neferpitou aproximou-se lentamente, até estar a centímetros do homem. Ela inclinou-se, e perfurou sem peito