Era meu irmão na maca, completamente ensanguentado. Corri até ele, desesperado. Virei-me para meu pai e disse para ele descansar, que eu iria com Sora, e então fui.
Sora quebrou três costelas, perdeu dois dentes e ainda fraturou o braço.
O médico me disse que eu deveria tentar falar com ele, pois ele não estava se comunicando.
— Sora?
Seus olhos se voltaram para mim.
— Você vai ficar bem, tá? O médico disse que é só uma questão de tempo, então não se preocupe. Eu vou resolver isso. Só... por favor, não faça isso de novo, não faça.
As lágrimas começaram a descer pelo meu rosto enquanto ele começava a chorar também.
— Desculpa... — Sua voz estava rouca, mas consegui ouvir a dor.
Sora precisou de cirurgia, o que fez a dívida aumentar. Minha cabeça começou a doer com a pressão. Em breve, não haveria sequer um lugar para minha mãe ficar. Eu deveria contar a verdade para meus irmãos mais novos, mas não sabia por onde começar. A dor na minha cabeça só aumentava.
Não sei quanto tempo passou, mas, quando abri os olhos, já estava no meu quarto.
— O que...? — Perguntei, confuso, mas logo as dúvidas se dissiparam.
Lucas entrou pela porta do meu quarto, sorrindo ao me ver bem.
— Que bom que acordou!
— E o Sora?
— Ele está bem, mas você desmaiou no hospital, cara.
— Entendi.
— Vou arranjar outro emprego para você. Um melhor que esse. Não precisa se preocupar. Eu tô aqui, tá?
Lucas foi quem me arranjou o trabalho atual. Ele conhecia o tio do Jaemin e, graças a isso, consegui um emprego com um bom salário.
— Salin-shi! — Me assustei ao ver Jun-Ho entrar no meu quarto. — Você acordou!
— Foi ele que te achou desmaiado e está aqui desde então.
Eu não estava louco. Min Jun-Ho estava realmente com lágrimas nos olhos.
— Ei, eu tô bem. — Disse em choque. Segurei o impulso de querer confortá-lo com minhas mãos. — Meu irmão é que está todo ferrado no hospital.
— Desculpa, eu achei que fosse te perder. Você não respondia quando eu te chamava. O médico te deu um calmante e disse que era melhor te levar para casa, que tudo isso estava te estressando. Ele falou que você precisa tentar se preocupar menos.
— Seu irmão vai ficar bem — Lucas me tranquilizou.
— Sim — Jun-Ho confirmou.
— Vocês dois se conhecem? — Perguntei, curioso, pois pareciam bem entrosados.
— Não. Nunca nos vimos antes — ambos disseram ao mesmo tempo.
Ri, me sentia confortável.
— Ok, Lucas, esse é Min Jun-Ho, meu perseguidor. Jun-Ho, esse é Lucas, meu melhor amigo.
Ambos se cumprimentaram com um aceno de cabeça. Decidi me levantar da cama, mas isso preocupou os dois.
— Eu estou bem. Obrigado.
Ao chegar na sala, percebi que o jantar estava pronto.
— Foi o Jun-Ho quem fez — Lucas respondeu antes que eu perguntasse.
— Sim, coma bem, Salin-shi. Eu já preciso ir. Qualquer coisa, me avisa. Vou te procurar de novo.
— Obrigado, mas não precisa. Pode seguir sua vida. — Ainda estava fresco em minha mente que ele desmaiou depois de me beijar, uma experiência que não queria repetir.
Assim que Jun-Ho saiu, Lucas me olhou com uma expressão de espanto.
— Por que o herdeiro da Goden fez comida para você? E ainda ficou preocupado quando percebeu que você não acordava? Isso é muito estranho, cara! Você tem literalmente um chefe de facção afim de você!
— Eu ainda não consegui processar tudo isso. Ele simplesmente apareceu e, sei lá... Acho ele muito atraente.
— Não deixa ele te usar.
— Na real, ele nem consegue. É uma pena, porque eu queria...
— Se controla, Salin! — Lucas disse, indignado.
— Sério! Ele me coloca num pedestal! Eu simplesmente adorei isso. Não ligo que ele seja filho de um agiota...
— Bem, não posso falar muito, por causa do Jaeho...
— Eu só queria que ele calasse minha boca e me beijasse. Mas ele não consegue e ainda passa mal.
— Você fala como se já tivesse acontecido muita coisa...
— Já rolou bastante, mas não de uma forma boa...
— O que quer dizer?
— Não importa, é só que, na primeira vez que nos beijamos, ele estava muito nervoso. Achei que fosse por ele estar beijando outro cara em público. Mas, na segunda vez, ele ainda estava nervoso, e mais tarde descobri que ele tem problemas com toques físicos íntimos... Isso porque, quando o agarrei e o beijei, ele desmaiou.
— C*ralho...
— Ver ele desmaiar foi assustador e, pra ser sincero, até decepcionante. E tipo, ele e o irmão não estavam nem aí. Foi só mais um desmaio para ele.
— Mas talvez, para ele, seja algo comum. Ele não te falou sobre isso quando dormiu na casa dele? E ainda te deu um fora, não foi? — Lucas começou a rir, e eu fiz um biquinho, já tinha até esquecido desse detalhe.
— Mas ele está louco por mim agora.
— Que diferença faz? Parece que ele não pode te tocar.
— Não dá pra ficar longe dele. Ele está em todo lugar.
— Entre Jun-Ho e Yoma, você tem muito azar, hein? E o JP ainda consegue ser o pior de todos.
— Seria bom se fosse só no amor, mas tô na merda em todas as áreas possíveis.
— Olha pelo lado bom, sou seu melhor amigo.