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Ecos do Passado

🇧🇷HSantana
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Synopsis

Chapter 1 - Prelúdio da Ruína

"As nossas escolhas não influenciam somente o nosso futuro, mas também os futuros das pessoas que estão, de alguma forma, ligados a nós." - Rael Lin'Redwood

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Ano 4138, onze anos após a Noite da Neve Vermelha, no terceiro mês do Inverno o cenário era de puro caos: Crateras de todos tamanhos e formas, marcas de garras e sangue espalhados por uma ampla sala, iluminada por três grandes lustres pendurados em fileira próximos ao teto e com oito tochas distribuídas de maneira uniforme pelas paredes, entre seis grandes janelas retangulares em mosaico, que narravam uma história de séculos passados e que não podia mais ser interpretada, já que a grande maioria de seus vidros estavam destruídos assim como as luminárias, resultados da atual batalha.Envoltos por densa nuvem de poeira, se encontram as silhuetas de seis pessoas: Uma estava em pé em frente aos cinco restantes e destas cinco, duas garotas estavam gravemente feridas e um rapaz desacordado. Os que continuavam lúcidos, dois garotos, além de amparar as moças em seus braços, encaravam o ser adiante deles deixando evidente em seus rostos uma confusão de emoções que iam do mais profundo ódio ao mais terrível pavor, isto por terem presenciado o poder daquele homem.O dissipar da névoa trouxe consigo um silêncio enlouquecedor que após alguns minutos, que mais se pareceram horas, fora rompido por uma gargalhada carregada de sarcasmo e satisfação, que preencheu toda a ampla sala.— Não me diga que isso é tudo que você pode fazer? - Disse o homem dirigindo-se ao grupo de jovens à sua frente. — O seu pai durou por mais tempo antes morrer. Antes de eu matá-lo.- e mais uma gargalhada pode ser ouvida no lugar.— SEU MISERÁVEL! - Gritou, após um alto e raivoso rosnado, o primeiro rapaz que segurava em seus braços uma das moças que estavam desacordadas.— Eu vou te matar, vou ter o prazer de arrancar o seu coração com as minhas garras! – Movido pela crescente fúria ameaçou.Mais uma risada ecoou na sala essa, porém era carregada de sarcasmo e escárnio.— Não me faça rir garoto! Você não consegue nem ao menos permanecer em pé, como irá me matar? - Questionou o grande homem.— Você é uma vergonha para a sua raça, para seus amigos e principalmente... para o seu pai! No final de tudo você deveria me agradecer por ter arrancado a vida dele, porque eu tenho certeza de que ele estaria decepcionado ao ver o quão fraco o filhinho dele se tornou. - Desdenhou por fim.Aquelas palavras eram mais do que meras provocações, a real intenção por trás daquele discurso era simplesmente desestabilizar o inimigo. O que ele estava aplicando no momento era uma das várias táticas usadas em guerrilhas: atacando a moral do oponente. Entendam que quando a moral do exército está em alta, os soldados ficam mais sóbrios, mais cientes dos planos, das ordens e não são levados pelas emoções agindo de maneira racional. Mas quando ela está baixa o destino é único: Derrota. Desestabilizados, os guerreiros tendem a agir por impulso, sendo cegados pelo desespero e guiados pelo medo, tudo isso culminando ações que podem levá-los à morte. E aquelas palavras surtiram o efeito desejado, pois o jovem ao ouvi-las sentiu medo, sentiu o desespero por imaginar que fora dito fosse verdade.— EU VOU TE MATAR SEU MALDITO! - Esbravejou a todo, e em um ato totalmente impensado avançou contra o homem que o afligia.— NÃO RAEL! - Uma outra voz, ou melhor, grito, pode ser ouvido naquela sala. O outro rapaz que também segurava uma das moças em seus braços, que até então estava calado, se pronunciou em um momento bastante oportuno.— Fique fora disso Kai! Ninguém vai me impedir de acabar com esse maldito. Eu vou matar ele, custe o que custar. - Disse sem ao menos olhar para o seu companheiro que continuava a socorrer aquela que estava em seus braços.— Será que você não percebeu que é isso que ele realmente quer, que você o ataque igual a um louco? Rael! Para e escuta, cara. Olha para o pessoal, o Daniel, a Selen e a Akemi. Eles precisam de você! Eu já estou praticamente esgotado, a pouca energia que ainda tenho é para manter a Selen viva. Seja racional! - Vendo que mesmo com as suas palavras, Rael continuava decidido a atacar o homem. Deu a cartada final para que o seu desejo de sair daquele lugar fosse enfim realizado.— Rael olhe para a Akemi! Você não vivia dizendo que iria protegê-la independente do que acontecesse, agora veja como ela está: toda ferida, inconsciente e precisando imediatamente de um auxílio médico. E tudo isso por sua causa! Porque você decidiu agir como um maluco, sem ao menos se preocupar com o que iria acontecer. E qual foi o resultado disso foi? A Selen perder o braço, o Daniel está completamente esgotado e inconsciente, assim como a Akemi. - Falou tentado trazer Rael a lucidez e preocupado no bem-estar dos seus amigos.Percebendo que suas palavras começaram a fazer efeito, o jovem médico começou a sentir esperança de sobreviver aquele massacre, como ele mesmo chamava aquela luta, e poder socorrer seus amigos.Desde o início eu disse que essa luta era minha e de mais ninguém e não vou parar agora que esse maldito está na minha frente! - Proferiu Rael ao amigo.Mesmo surpreso com o que ouviu. Kai notou que o garoto não sustentava mais a intenção de atacar o homem, que agora observava com atenção à conversa dos dois, e que agora ao invés da irá que possuía há minutos, falava com a sua frieza habitual. Percebendo que as suas palavras estavam causando o efeito desejado se adiantou a dizer o que ele julgava ser decisivo para o término do martírio que se encontravam.— É você tem razão, sempre deixou isso claro, mas somos os seus amigos e amizade é isso! Cuidamos uns dos outros. Sempre foi assim! - Fez uma pausa proposital para que suas palavras fossem absorvidas e fizessem o impacto desejado.— E você será que tem feito sua parte? Será que você está cumprindo a promessa que você fez aos seus pais? E qual era mesmo essa promessa? - Perguntou Kai, com a certeza de que aquele problema já estava resolvido.Rael permaneceu por um curto período imóvel, meditando no argumento que seu companheiro de equipe usou para trazê-lo de volta a razão e após esses minutos de reflexão recomeçou a caminhar, porém o seu objetivo já não era o mesmo. Caminhava agora em direção ao grupo de amigos. Carregava em seu semblante tristeza e decepção, tais sentimentos ocasionados pela sua atitude impensada, motivada pela sua fome infindável de vingança.Parou em frente à uma moça de pele branca com longos cabelos pretos, inconsciente sobre uma grande poça de sangue, da qual era dona. Ele a pegou em seus braços, notando o quanto a sua temperatura estava fria, deixando a garota apoiada em seu braço esquerdo enquanto com o direito retirava uma parte do cabelo que encobria seu rosto. Revelando uma face pálida além do normal que possuía traços leves e contornos suaves. Ainda olhando para uma inconsciente a garota, respondeu à pergunta feita pelo seu amigo._ Que estaríamos juntos, um cuidado do outro. - Falou enquanto se dedicava a fazer uma leve caricia naquela que estava em seus braços.Onde eu estava com a cabeça para deixar que as coisas chegassem a esse ponto? E graças a minha estupidez os meus amigos estão em perigo. Fico pensando em como aquele dia pode me influência dessa maneira, arriscando tanto a minha vida como a de outras pessoas. Até onde estou disposto a ir para realizar a minha vingança? E o que estou disposto a perder para realizá - la? Se aquele nunca tivesse acontecido como será que eu estaria agora? Isso são perguntas que não poderei responder no momento, mas uma coisa eu sei: o que aconteceu independente do passado, nunca mais irá se repetir! - Pensou Rael.Continua...