Lágrimas caíam como chuva dos olhos de Sarah.
A mão ferida foi elevada diante dos olhos de Heitor.
Ela havia corrido para o hospital para ser tratada e voltou sem demora, tudo para surpreender Aurora em flagrante.
Mas jamais imaginou se deparar com essa cena.
Heitor estava ciente de que Aurora havia perdido o bebê e, mesmo assim, a tratava com tanto carinho. Será que seu plano meticulosamente elaborado havia falhado?
Enquanto chorava, Sarah tentou se aproximar de Heitor.
Mas, antes que conseguisse chegar perto, Heitor afastou Aurora, protegendo ela.
Ele olhou friamente para Sarah, sua voz desprovida de qualquer emoção.
- Ela esteve comigo o tempo todo. Como teria te machucado?
Ao ouvir isso, Sarah ficou chocada.
Olhou para Heitor, incrédula, com os olhos transbordando lágrimas:
- Aurora me feriu quando estava no banheiro, Heitor. Estou dizendo a verdade. Se não acredita, pode verificar as câmeras.
Heitor então solicitou a um dos atendentes:
- Me traga as gravações.
Dez minutos depois, o gerente do bar veio pessoalmente se desculpar:
- Presidente Heitor, a câmera daquele banheiro estava quebrada, não registrou nada.
Sarah estava prestes a explodir.
Ela apontou para Aurora e disse, com fervor:
- Foi Aurora, com certeza. Ela feriu minha mão e depois destruiu a gravação, assim como fez na empresa.
Aurora apenas sorriu discretamente:
- Srta. Sarah, você realmente acha que eu usaria o mesmo método duas vezes?
- Você... Heitor, foi ela quem machucou minha mão. Você tem que acreditar em mim.
Heitor olhou para ela com um olhar um tanto sombrio:
- Só acredito em provas. Além disso, ela estava comigo o tempo todo. Como poderia ter te ferido? Da próxima vez que tentar armar uma cilada, encontre uma desculpa melhor. - Dito isso, ele se afastou, levando Aurora consigo.
Sarah ficou furiosa, pisando forte no chão.
Ela havia planejado uma revanche, determinada a fazer Aurora pagar.
Mas, sem as gravações e com Heitor fornecendo um álibi para Aurora, como conseguiria?
Aquela mulher... Como havia enfeitiçado Heitor a esse ponto?
Ela jurou que não deixaria isso passar!
Heitor conduziu Aurora, querendo voltar ao seu quarto privado.
Não haviam andado muito quando Aurora se soltou.
- Presidente Heitor, meu pai ainda está no hospital esperando por meus cuidados. Preciso ir agora.
Heitor a puxou de volta, franzindo a testa ao olhá-la:
- Depois de toda a ajuda que te dei, vai embora assim? Entre e se sente um pouco. Eu te levo de volta ao hospital depois.
- Não vou! Eu, essa ave, não me misturo bem com vocês, humanos. - Dito isso, ela se virou e partiu sem olhar para trás.
Heitor observou sua silhueta teimosa desaparecer, não podendo evitar de esboçar um sorriso.
"Essa mulher é um pouco arrogante por causa do favoritismo. Foi só uma brincadeira da minha parte, e ela levou tão a sério. Parece que precisa de uma lição", pensou ele.
...
Aurora saiu correndo do bar, se sentindo completamente gelada.
Caminhando sem destino, chegou inconscientemente ao sanatório.
Parou sob um poste de luz, observando a pequena mansão francesa no quintal.
Todas as memórias de sete anos atrás a inundaram de repente.
Foi aqui que ela viu Heitor despedaçado pela primeira vez, e foi aqui que o acompanhou a sair das sombras.
Naquela época, ela ingenuamente acreditava que Heitor era um presente de Deus para ela.
Eram a redenção um do outro.
E também a luz mais brilhante na vida um do outro.
Portanto, quando Heitor a salvou, arriscando sua própria vida três anos atrás, ela prometeu silenciosamente em seu coração.
De agora em diante, amaria esse homem profundamente.
Mas jamais imaginou que o sentimento que considerava mais precioso seria visto por Heitor como um jogo de luxúria, não de coração.
Aurora caminhou até um bordo, olhando para cima, para a copa densa e frondosa.
Toda a felicidade que tinha aqui era como uma faca perfurando seu coração.
Ela não queria continuar sofrendo assim; queria esquecer tudo sobre este lugar.
Aurora retirou dois anéis de seu pescoço, lágrimas quentes caíram sobre eles.
Ela deu um sorriso amargo.
Se abaixando, cavou um buraco sob o bordo e enterrou os anéis ali.
Olhando para os dois anéis quietos na terra, vendo os batimentos cardíacos de duas pessoas gravados neles, os ombros de Aurora não paravam de tremer.
...
Aurora ficou ocupada entre o hospital e a empresa por vários dias.
A condição de seu pai finalmente se estabilizou, e a empresa começou a se recuperar lentamente.
Ela planejava convidar Igor e Marina para sair à noite, mas logo que saiu com o carro, viu uma senhora idosa cambaleante vindo em direção ao seu veículo.
Aurora pisou no freio bruscamente, assustada.
O carro parou, e a senhora caiu exatamente ao lado da roda do carro.
A primeira reação de Aurora foi pensar que era uma tentativa de fraude.
Estava prestes a pegar o celular para ligar para a polícia, quando viu a senhora deitada no chão, gemendo.
Não pôde evitar sentir compaixão.
Saiu do carro, se agachou ao lado da senhora idosa e perguntou com preocupação:
- Vovó, a senhora está bem? Precisa que eu chame uma ambulância?
A senhora idosa, sentada no chão, olhou para ela assustada, sem dizer uma palavra.
Uma pessoa ao lado tentou aconselhar com boas intenções:
- Moça, melhor não se envolver, pode ser uma fraude. Seu carro nem a tocou, como ela poderia ter caído?
Aurora não se convenceu:
- Tenho uma câmera no carro; mesmo que seja uma tentativa de fraude, temos provas. Vamos primeiro ao hospital, não podemos deixar alguém dessa idade ser assustado a ponto de desenvolver outros problemas.
Aurora ignorou os conselhos dos espectadores e levou a senhora idosa ao hospital para um exame completo.
Descobriram que era apenas um arranhão leve e a pressão arterial estava um pouco alta, mas nada grave.
Comprou comida e bebida para a senhora idosa, consolando ela com voz suave por um bom tempo.
- Vovó, agora que está tudo bem, pode me dar o telefone da sua família?
A senhora idosa olhou para o rosto bonito e gentil de Aurora, lentamente voltou a si e finalmente começou a falar.
- Menina, causei tanto transtorno a você, como posso agradecer?
Aurora viu que a senhora idosa começou a falar e imediatamente suspirou aliviada.
Disse sorrindo:
- Contanto que a senhora esteja bem, não há necessidade de agradecimentos.
- Mas como não? Ouvi você falando ao telefone sobre as dificuldades da sua empresa. Então, olha, não tenho muito a oferecer, mas deixe meu neto dar alguns grandes contratos para a sua empresa. Ele é o dono de um grande grupo, de verdade, não estou mentindo.
Aurora sorriu e ofereceu um copo de água morna para a senhora idosa.
- Agradeço o seu gesto, mas os problemas da empresa resolvo por mim mesma. Só me dê o telefone da sua família, que faço eles virem buscá-la.
- Isso não pode ser, sou uma pessoa que sabe ser grata. Tenho que fazer meu neto ajudar você. Ah, até agora ele ainda está solteiro, é bem-apessoado, tem muitos bens, só que tem um temperamento não muito bom. Se você não se importar, pode tentar conquistá-lo, e todo o patrimônio dele será seu. - A senhora idosa dizia isso enquanto ligava para o neto.
Meia hora depois, Aurora estava esperando com a senhora idosa em uma cafeteria perto do hospital.
O que ela não esperava era encontrar um homem com quem estava mais do que familiarizada.