O mar estava agitado, as ondas rugiam como feras selvagens, e o vento carregava o cheiro salgado de aventura. No horizonte, uma ilha surgiu, envolta em uma bruma espectral que brilhava sob a luz pálida do sol. Era a Ilha das Sombras, um lugar que poucos ousavam pisar. Para Aster Gerard, também conhecido como o Camaleão de Odisseia, aquilo era apenas mais um desafio em sua busca por poder e glória.
— Você tem certeza disso, Aster? — perguntou Aura Banshira, a Maléfica, sua fiel companheira e uma estrategista implacável. Seus olhos dourados brilhavam com um misto de cautela e curiosidade. — Décima sétima ilha essa semana. Estamos ficando sem suprimentos.
Aster sorriu, ajeitando o chapéu de abas largas que ocultava parte de seu rosto. Sua alcunha não era à toa; ele era um mestre em se adaptar a qualquer situação, um talento que o levou à vitória no lendário torneio Road to Level UP, onde conquistou o poder de manipular sua própria essência, camuflando-se não apenas fisicamente, mas emocionalmente.
— Claro que tenho, Aura. Essa ilha... é diferente. Tem algo aqui, eu sinto. — Ele apontou para a entrada de uma caverna, onde um brilho azulado pulsava como um coração vivo. — E o que será que tem atrás disso, hein?
Aura revirou os olhos, mas não conseguiu esconder o sorriso que surgiu em seus lábios. Apesar de toda a prudência que cultivava, o entusiasmo de Aster sempre a contagiava.
Os dois desceram do pequeno barco e caminharam pela praia repleta de pedras negras. O silêncio era opressor, quebrado apenas pelo som de seus passos e pelo ocasional assobio do vento. Aster segurava firmemente sua espada curva, uma lembrança dos dias em que lutava para sobreviver entre os piratas. Aura, por sua vez, carregava duas adagas cruzadas nas costas, sua arma de escolha.
— Você acha que vamos encontrar algum Desastre aqui? — perguntou Aura, a voz quase um sussurro.
— Espero que não, mas se encontrarmos... — Ele fez uma pausa, voltando-se para ela com um sorriso confiante. — Será uma boa história para contar.
Ao entrarem na caverna, o brilho azulado intensificou-se. Aster sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Ele sabia que aquele lugar era especial. O ar parecia mais denso, carregado de energia, e cada passo ressoava como se o lugar estivesse vivo.
No centro da câmara, uma estranha estrutura se erguia. Era um altar, com runas antigas que pulsavam em um ritmo cadenciado. Ao lado, uma pedra flutuava, cercada por uma aura ébônea. Aura se aproximou, os olhos fixos na estranha pedra.
— Isso é uma Dungeon Core? — ela perguntou, os dedos quase tocando a superfície da pedra.
Antes que Aster pudesse responder, um rugido profundo ecoou pela caverna. O chão tremeu, e o altar começou a brilhar ainda mais forte. Das sombras, uma criatura colossal emergiu. Tinha a forma de um lobo gigantesco, com olhos que brilhavam como carvões em brasa e presas que pareciam capazes de atravessar qualquer metal.
— Parece que encontramos nossa resposta. — Aster disse, sacando sua espada e assumindo uma posição de combate. — Hora de mostrar por que me chamam de Camaleão de Odisseia.
Aura sorriu, desembainhando suas adagas.
— Vamos ver se você ainda consegue me impressionar, Camaleão.
O monstro rugiu novamente, e os dois correram para enfrentar seu destino. Aster esquivou de um golpe feroz, sua espada emitindo um brilho púrpura enquanto ele canalizava sua energia. Aura atacou com precisão, suas adagas cortando o flanco da criatura, mas o lobo reagiu com um movimento ágil, jogando-a contra a parede.
— Aura! — Aster gritou, desviando-se de outro ataque antes de saltar e cravar sua espada na criatura. Um rugido ensurdecedor ecoou quando o lobo o derrubou no chão.
Subitamente, um tiro ecoou pela caverna. Aster sentiu uma dor lancinante em seu braço esquerdo. Atordoado, ele olhou para a entrada da caverna. Sir Loki estava ali, segurando uma espingarda.
— Vamos ver do que você é feito, garoto — disse Loki, seus olhos brilhando com um misto de desafio e curiosidade.
A dor no braço parecia despertar algo dentro de Aster. Sua respiração acelerou, e seus olhos brilharam intensamente. O lobo aproveitou a distração e atacou novamente, mas Aster rolou para o lado, sua espada emanando uma aura ainda mais intensa.
— Você quer ver o meu limite? Então observe! — rugiu Aster, levantando-se com um salto.
Com uma explosão de energia, ele utilizou sua técnica mais poderosa: Rajada de Odisseia Suprema. A energia liberada era tão intensa que a caverna tremia. Aster desferiu um golpe que atravessou o lobo, destruindo-o completamente em uma explosão de luz.
Loki observava, satisfeito, enquanto abaixava a espingarda.
— Interessante... parece que você ainda tem muito a mostrar, Camaleão.
Aura, recuperando-se, aproximou-se de Aster, preocupada com o ferimento em seu braço. Mas ele apenas sorriu, limpando o sangue de sua espada.
— Continuo inteiro — disse ele. — Vamos ver o que mais essa ilha tem a oferecer.
Sir Loki aproximou-se, encarando Aster com seriedade.
— Antes que prossigamos, há algo que você precisa saber. — Sua voz ecoou pela caverna, carregada de gravidade. — Um homem chamado Vasco está conquistando Dungeons em várias ilhas. Ele não está apenas reunindo poder; está criando um exército. E muito em breve, Sir Thor irá convocá-lo para o Ragnarok.
Aster estreitou os olhos, intrigado.
— Ragnarok? O torneio de piratas?
Loki assentiu, um sorriso enigmático surgindo em seus lábios.
— Prepare-se, garoto. O verdadeiro jogo está apenas começando.