Toda a família real foi levada pelos mercenários: Hélia, Jadita, Unises e seu comandante, o Rei Dalton, e Fall, com Kira ao lado da mulher de cabelos loiros.
Ninguém sabia de onde havia saído aquela mulher linda, de aparência elegante, apesar da armadura de combate que estava trajando em todo o seu corpo.
Mas o que todos sabiam é que ela tinha salvado a vida de Kira e seria eternamente recompensada por isso. Kira jamais poderia imaginar que algo como isso fosse ocorrer em sua vida; ela sempre se virava sozinha e nunca precisou de ajuda de ninguém.
Demorou algumas horas correndo a cavalo em direção ao acampamento dos mercenários, que não ficava muito longe das muralhas do Reino do Fogo. Agora, o vice-líder pretendia fazer uma negociação com as outras nações em troca da família real e exigiria algo de muito valor.
— Quanto você quer para nos devolver ao nosso reino? — Kira pergunta, bastante embravecida.
— Nada mais, nada menos que trezentas mil moedas de ouro pelo rei da Terra e seu filho amado… — Ele diz, dando gargalhadas — mas vocês, da família do Fogo, sairão bem mais caros! Queremos quinhentas mil moedas de ouro por cada membro. Infelizmente, a sua irmãzinha não estava entre vocês; se não, iria ganhar bem mais.
— Os outros reinos jamais pagarão essa quantia absurda pela gente. Houve uma traição contra o Reino da Terra, e isso gerou uma instabilidade entre as famílias reais. Ninguém agora vai querer se envolver em assuntos de outros reinos! — Kira fala com seriedade no rosto.
— Fiquei sabendo sobre a traição e fiquei mais surpreso quando o Imperador Heigor nos enviou uma mensagem, informando sobre a oportunidade de sequestrar a família do Fogo. Eu ri de morrer quando soube — dando mais gargalhadas, ele continua — e não podia desperdiçar essa chance única em séculos!
— Nobre homem, apesar da situação atual do meu reino, tenho certeza de que temos o suficiente para pagá-lo pela nossa soltura. Se libertar o meu filho Fall, ele poderá reunir a quantidade necessária e entregá-la ao senhor em breve. Basta confiar em minhas palavras! — Conta Dalton, com tristeza em seus olhos. Ele temia pela destruição do seu exército e não sabia se o seu povo tinha sido poupado.
— Interessante a sua proposta. Sei o quanto o senhor é um dos reis mais nobres entre todos, então aceitarei o seu pedido. Homens? Podem libertar o príncipe da Terra — ele fala, tomando alguns goles de vinho puro e adocicado — já a senhorita princesa Kira, quero castigá-la pessoalmente pelo que fez aos meus homens e pela sua audácia contra mim!
— Se você tocar em mim, vai se arrepender de ter nascido! — Kira diz, rangendo os dentes para o homem.
Enquanto isso acontecia no acampamento dos mercenários, a tensão era grande nos reinos da Terra e da Planta. O vice-líder prestou atenção nas roupas de Jadita, que eram verdes, pois cada uma das seis nações tinha uma cor representando os elementos: o Reino do Fogo era vermelho, o Reino da Água, azul, o Reino do Trovão, amarelo, o Reino da Planta, verde, o Reino da Terra, preto, e o Reino do Vento, branco.
Assim que o homem olhou para Jadita, já passou pela sua mente a possibilidade daquela jovem ser a dominadora escolhida, mas não podia ter certeza. Então, lhe veio uma ideia em sua cabeça: pedir mais dinheiro por ela ao rei Redbad; se não, lhe entregaria a outras nações para fazer o que quisessem com ela.
— Qual o seu nome, minha jovem? Seus olhos são lindos. Creio que você seja do Reino da Planta, não é mesmo? Seria engraçado se você fosse a dominadora tão aguardada por todos...
— Sim, eu sou do Reino da Planta. Mas não sou a dominadora! — Enquanto Jadita falava, o homem ficou observando atentamente seus olhos e percebeu que ela falava a verdade. Mas, mesmo assim, iria fazer o seu plano de riqueza.
Não demorou muito para que a carta chegasse até as mãos de Redbad. Ele leu atentamente e ficou perplexo, pensando na possibilidade de Jadita ser a dominadora. Então, pediu ajuda a Ociban, que ainda estava em seu reino, e enviou uma carta ao rei Tok, do Reino do Trovão, pedindo ajuda para negociar com os mercenários.
As coisas estavam ficando críticas nas terras dos seis reinos, e os sentimentos que alguns estavam sentindo nas mudanças naquelas terras estavam acontecendo uma atrás da outra.
O desespero estava sendo instaurado entre os povos de cada reino. As informações chegavam aos ouvidos dos guardas, se passavam pelos criados e, então, chegavam aos ouvidos da população. Muitos ficaram agitados, querendo respostas e proteção por parte da realeza.
Alguns estavam até tentando invadir o castelo para impedir o Rei Redbad de matar o dominador, pois muitos viam que ele poderia salvá-los da iminente destruição que estava por vir.
Mas, aos poucos, os soldados estavam conseguindo conter a multidão. Era difícil, mas foram usados chicotes e alguns foram presos nas masmorras, uma forma de punição para quem desobedecesse ou fosse rebelde, indo contra o rei.
Apesar das tensões em cada reino, havia um sentimento igual compartilhado por todos: a proximidade do despertamento do espírito da Planta. A maioria sentia que isso estava para acontecer e que ninguém, dessa vez, iria conseguir impedir, muito menos a realeza.
Depois de cinco dias desde a prisão das famílias reais, estavam reunidos no campo de batalha, na linha de frente, a cavalaria do Reino da Planta, que era a sua especialidade militar. Essa cavalaria também podia ser dividida em três conjuntos: cavaleiros lanceiros, cavaleiros de infantaria e cavaleiros de arquearia.
Com esses três conjuntos, o Reino da Planta era conhecido como tendo o melhor exército para uma pequena guerra, pois eles podiam se dividir em duas frentes: a cavalaria de lanceiros na linha de frente, com uma segunda linha de cavaleiros flecheiros atrás. Assim, teriam tanto um ataque quanto uma defesa ao mesmo tempo no campo de batalha. Mas, sabendo que isso não poderia durar muito tempo, pois era uma desvantagem o exército ser dividido dessa forma, era uma boa decisão para um determinado tempo de conflito, mas não daria certo se fosse por muito tempo.
No total, estava estimado que havia no campo de batalha dezessete mil, setecentos e setenta e sete cavalos, com armaduras divididas em várias linhas na linha de frente.
Logo atrás da cavalaria, estavam presentes cento e noventa e quatro mil arqueiros, preparados para disparar flechas flamejantes.
E atrás dos arqueiros havia, no total, duzentos e quarenta mil machadeiros, para defender os arqueiros. Todos reunidos e prontos para darem suas vidas e salvar as famílias reais em nome das terras dos seis reinos.
Era a primeira vez em séculos que os povos presenciaram a união de três reinos lutando pela mesma causa e objetivo. Simplesmente espetacular essa união inesperada vinda por partes da realeza.
Antes dessa união, o Rei Tok recebe a carta com o pedido de ajuda, entregue pelas mãos de sua querida mãe.
— Tok, meu filho querido, recebemos uma carta pedindo a nossa ajuda para uma negociação com os mercenários. Veja!
— Como?! Uma negociação... — Tok lê a carta e fica abismado com a notícia.
Sua mãe tinha uns trinta e sete anos de idade, mas ainda tinha uma beleza estonteante. Deixava Cristelme, a mãe de Raina, com muita inveja; elas duas não se davam muito bem, apesar de raramente se encontrarem.
Tok tinha vinte e seis anos, era muito jovem, ainda mais como rei. Sua mãe ainda era rainha, mas, como as leis das dinastias diziam, o trono não podia ficar sem um rei. Então, Tok foi logo colocado no trono para governar, sendo coroado cedo.
— Mãe, a senhora é a grande rainha Hilda do Reino do Trovão. Por favor, me dê permissão para ajudá-los! Eu preciso fazer isso, não posso ficar aqui parado.
— Mas é claro, meu menino lindo! Você já está mais do que pronto para governar o nosso exército poderoso. Creia em você mesmo e seja forte para suportar o peso da responsabilidade. Só assim você se tornará um grande rei como foi o seu pai.
— Obrigado por confiar em mim, mãe!
Tok, juntamente com Raina e Fall, eram os únicos que ainda tinham pais vivos; os outros, infelizmente, o destino tinha tomado. Uma particularidade do Reino da Água é que seu exército era composto exclusivamente de mulheres; não era permitido que nenhum homem fosse treinado em suas terras, uma lei estabelecida pela rainha Cristelme, e Ociban teve que aceitar. Essa decisão era a única coisa que Raina gostava em sua mãe e apoiava. Ela enxergava que isso tornava a nação da Água especial de uma forma diferente, fazendo com que as pessoas vissem que as mulheres tinham o mesmo nível de importância que os homens e que não podiam ser desprezadas por motivos fúteis e machistas.
Já no Reino da Terra, o seu exército era composto de homens com idade a partir de trinta anos. Era exigido isso, pois para manusear e manipular um machado, necessitava-se de muita força e resistência, que só homens acima dos trinta tinham capacidade. Já os jovens dos vinte até os vinte e nove trabalhavam na segurança do palácio e do castelo, também nas muralhas e aos arredores dos campos.
Com tudo isso apresentado, estava claro aos nossos olhos que esses três exércitos tinham habilidades únicas, o que os tornava extremamente perigosos no campo de batalha. O rumo das guerras poderia mudar totalmente se eles se unissem por um longo período de tempo.
— Quem são vocês?! — Pergunta o vice-líder dos mercenários aos reis.
— Sou o Rei Tok da nação do Trovão. Vim acertar os termos da nossa negociação, e esta ao meu lado é a princesa da Água!
Rindo fortemente para os dois, o vice-líder começa a falar os seus termos, e Tok, com Raina, ficam espantados com a quantia enorme de ouro exigida.