Unises até que estava mandando um pouco bem na dança, mas ainda havia muito o que melhorar, coisa que Jadita não se importava; poder apenas estar dançando com ele já a deixava feliz e satisfeita.
Todos começaram a parar de dançar quando prestaram atenção nos guardas correndo pelo meio do salão de baile, desesperados para falar com o rei.
Alguns imaginaram que poderia ser algum outro reino que estivesse atacando, pois poderia haver uma guerra de qualquer um dos lados a qualquer momento. Mesmo sabendo disso, alguns ainda esperavam uma paz duradoura, então pensaram que eram apenas forasteiros incomodando o reino.
— O que será que aconteceu? — Pensativa, Jadita pergunta a Unises, preocupada.
— Eu não faço ideia, espero que não seja nada grave.
— Com licença, meu jovem, como se chama? — Um homem alto e com uma pose empoderada pergunta a Unises.
— Me chamo Unises, algum problema?
— Não, apenas acho você parecido demais com uma pessoa que conheci há muito tempo atrás. Por acaso você conhece um soldado chamado Rhan?
— Sim, é o nome do meu pai. Mas ele faleceu assim que nasci; ainda não descobri por qual motivo.
— Hum... quantos anos você tem?
— Dezenove, meu senhor. Faço vinte no primeiro dia do primeiro mês do próximo ano.
— Interessante, mas você já passou pelo teste do dominador quando nasceu?
— Sim, felizmente não fui o escolhido — Unises fala, ficando bastante nervoso.
— Acredito em você. Bem... tenho um convite a lhe fazer: gostaria de fazer parte da guarda real do Reino da Terra? Seu pai foi um ótimo soldado; creio que você também será. Além do mais, você deve ganhar uma boa quantia por estar trabalhando na cozinha real, não é mesmo? Poderia ganhar muito mais sendo soldado.
— Bom, eu não aceitaria, pois o meu pai não teve um fim muito bom. Mas no momento estou precisando de qualquer quantia para ajudar o meu pai adotivo, então aceito!
— Ótimo! Se estiver pronto, logo cedo partiremos em seguida para o Reino do Fogo.
— Uma viagem? Por qual motivo? — Unises pergunta, curioso com o evento.
— Não sabe? Todos os novos recrutas passam pelo treinamento no quartel do Reino do Fogo; a princesa Kira é a instrutora dos soldados.
— Ah, entendi! Estarei acordado logo cedo, não se preocupe! Muito obrigado!
— Foi um prazer conhecê-lo. Aliás, bela dama você tem ao seu lado. Com licença.
— Nossa, Unises! Você agora vai ser um soldado? Que incrível! — Jadita fala, bastante contente com a notícia. — Vem comigo, quero te apresentar à minha irmã para você conhecê-la.
— Sua irmã? — Pergunta, um pouco curioso em conhecer alguém da sua família.
— Com licença, gente. Hélia? Quero te apresentar o meu companheiro, Unises.
— Nossa, então é você quem salvou a minha querida irmã! Muito obrigada por isso, você foi muito corajoso! — Hélia fala, apertando as mãos de Unises.
— Prazer, Hélia! Prazer em conhecê-lo, príncipe Don!
— Prazer, rapaz. Cuide muito bem da irmã de Hélia, senão você terá que se entender comigo, entendeu? — Don expressa com um sorriso falso em seus lábios.
— Sem problemas, não faria nada de mal a ela — Unises já estava nervoso; depois disso, ficou mais ainda e com um pouco de medo de ser preso a qualquer momento.
— Bem, com licença, preciso saber o que houve com aquela correria dos soldados. Até breve, Hélia.
— Até! Foi um prazer conhecê-lo; mudou a minha noite para melhor, obrigada! — Hélia diz com um leve sorriso.
— Vocês dois mandaram bem na dança; estava ali apenas observando tudo — Jadita sorriu, fazendo cócegas em sua irmã.
— Unises? Finalmente ouviu os meus conselhos. Terminei agora o meu serviço; será que podemos ir para casa agora? Estou cansado e exausto.
— Tá, vamos. Jadita? Eu tenho que ir agora, mas foi muito bom dançar com você. Espero vê-la outro dia.
— Tá bom, tchau! Nos encontraremos novamente em breve.
A correria dos soldados era urgente; provavelmente os rebeldes já estavam nas muralhas tentando entrar na cidade oeste e matar cidadãos do Reino da Planta, e o rei Redbad não poderia permitir algo como isso. Ele amava o seu povo e sempre desejava que tudo de bom acontecesse com eles.
Ao contrário dos outros reis e rainhas que não se importavam tanto assim com o seu povo, por exemplo, o rei Ociban e a rainha Cristelme do Reino da Água. Eles dois não ligavam muito para a situação dos povos de suas cidades. Cada reino era dividido em cinco cidades: a cidade norte, sul, leste e oeste, e por último a cidade-capital, que ficava no centro do reino e onde também ficava o grande castelo principal da realeza.
Naquele dia em especial, todos estavam reunidos no castelo da cidade oeste do Reino da Planta, e o rei Redbad poderia tomar alguma decisão rápida em relação aos ataques recentes naquela região.
Mas antes que os soldados adentrassem na sala de reunião, os reis do Reino da Água chegaram para conversar em particular com Redbad sobre um assunto bastante intrigante.
— Prazer, rainha Cristelme, rei Ociban — Redbad fala, fazendo uma reverência para eles dois.
— Deixemos os modos para outra hora, rei Redbad. Temos um assunto urgente para conversar com o senhor! — Ociban fala com autoridade e firmeza em sua voz.
— Pois não, do que se trata?
— Deixe que eu fale primeiro, meu amor. Bem, Redbad, queremos formar uma aliança entre os nossos reinos e pedimos a sua ajuda para dominarmos os outros reinos! — Cristelme fala com maldade em seus olhos.
— Uma aliança? Para dominar os outros reinos? — Redbad fica perplexo com a proposta e senta na cadeira da sua mesa.
— Bom, para declararmos a nossa união definitiva, queremos que se case com a nossa filha Raina, e será crucial que, assim que vocês formem a aliança, façam com urgência um herdeiro para os dois tronos! — Conta Cristelme com um largo sorriso em seu rosto e toda animada.
— Mamãe! Não acredito que levou a sério colocar esses seus planos em ação. Fazer a aliança com o Reino da Planta eu ainda aceitaria, mas uma guerra? Isso eu não concordo! — Raina fala aos gritos contra a sua mãe.
— Princesa da Água, é um prazer conhecê-la pessoalmente. Já tinha ouvido falar da sua tamanha beleza, mas não esperava que fosse tanto assim. Me perdoe o elogio, estou realmente encantado — conta Redbad, se levantando rápido da cadeira e fazendo uma reverência para a princesa.
— Eu dispenso os seus elogios, a não ser que não esteja disposto a concordar com os termos dos meus pais! — Diz Raina, bastante nervosa e com raiva.
— Desculpe, senhorita Raina, mas terei que aceitar a proposta dos seus pais. Já faz um tempo que venho pensando sobre esse assunto importante. Por séculos, os seis reinos brigaram entre si para ser o dominador supremo dos outros cinco reinos, mas dessa vez temos a oportunidade de unir duas nações com um único propósito: declarar uma paz infindável de uma era de harmonia com uma união definitiva entre dois reinos!
— Não acredito que seja assim. Ouvi histórias sobre você, que era um homem digno e de respeito, que se importava mais com o seu povo do que consigo mesmo, mas os meus olhos só podem ver desgraça em sua vida! — Raina sai correndo da sala em lágrimas.
— Ela vai entender algum dia, Redbad. Nossa filha sempre foi assim, muito emotiva e sentimental. Culpa do Ociban por tê-la mimado tanto durante os seus primeiros anos de vida.
— Eu compreendo perfeitamente, rainha Cristelme. Será que podemos marcar o casamento?
— Com licença, rei Redbad, temos informações importantes sobre um possível ataque que está acontecendo neste exato momento na muralha oeste do reino!
— Rebeldes? — Pergunta Redbad, com a certeza do motivo da ocasião.
— Sim, meu rei. Rebeldes vindo de todos os lados. Ouvimos rumores de que estão atacando por repreensão, a falta de atenção nos suprimentos dos forasteiros ao redor das muralhas. A situação parece grave.
— Chame o comandante. Irei resolver com ele esse problema. Se os senhores puderem me esperar aqui enquanto resolvo isso, ficarei grato.
— Claro, entendemos a situação. Pode ir! — Ociban diz com uma expressão séria.
Uma coisa era certa: Redbad tinha falado a verdade quando disse que estava na hora de duas nações se unirem para mudar o destino das terras dos seis reinos.
Há alguns séculos, o Reino do Vento conseguiu vencer várias vezes os outros cinco reinos, e não foi à toa que ele se tornou o reino mais forte atualmente entre os seis.
Por ser o reino mais forte entre todos, existiam três reis e três rainhas, que se tornaram três imperadores e três imperatrizes, transformando o reino em um grande império. Foi dessa forma que eles juntos conseguiram deixar o império mais poderoso e com uma aparência mais amedrontadora à vista dos outros cinco reinos.
Isso aconteceu, pois no reinado de Adgor, que era o atual rei na época do Reino do Vento, acabou tendo três filhos gêmeos, que ele chamou de Heigor, Raygor e Soygor. Desde pequeno, Adgor incentivou seus filhos a criarem uma liderança forte e poderosa quando eles três se tornassem os herdeiros do trono. Só assim eles conseguiriam manter o respeito e a autoridade sobre os outros reinos.
E essa ideia acabou dando certo durante os anos; nenhum outro reino ousava criar intrigas contra o Reino do Vento, mesmo que fosse algum pequeno incômodo; eles evitavam a qualquer custo.
Isso demonstrava o quanto os reis e rainhas estavam cegos em relação ao império que foi formado. Se eles cinco se unissem, conseguiriam sem problemas destruir o Reino do Vento.
Mas isso era impossível de acontecer, pois fazia muito tempo que os reinos não faziam aliança um com o outro, até esse dado momento dessa proposta por parte do Reino da Água. Isso sim poderia mudar o rumo das terras dos seis reinos.
Apesar do forte Império do Vento continuar prosperando todos os dias, houve acontecimentos inesperados dentro dele. Por exemplo, o Imperador Soygor decidiu abdicar do seu trono e levar consigo metade do povo e metade do exército para construir em outro lugar um forte império que seria apenas seu, um desejo que ele conseguiu colocar em prática. Heigor e Raygor não o impediram; Heigor, na verdade, até aprovou e gostou muito da proposta, pois desejava governar sozinho o Império do Vento.
Já Raygor não se importava muito com essa decisão de Soygor, mas ficou triste por saber que seu irmão, de quem mais gostava, iria embora, pois Raygor tinha muitas intrigas com Heigor; os dois não se davam muito bem um com o outro.
Depois que Soygor foi embora, não demorou muito para que Raygor morresse. Na verdade, ninguém soube até hoje o seu paradeiro ou o que, na verdade, aconteceu com ele; só sabem que sumiu e nunca mais apareceu. Heigor não ficou triste com isso; foi uma oportunidade para que ele colocasse seus planos de dominação em prática. Infelizmente, o mal jazia naquelas terras profundamente, quando seria o fim…