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As Flores.. A semente que gerou meu amor...

Sarcenack
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Synopsis
Após descobrir a traição do marido, Sarcenack ganhou uma misteriosa semente de um garotinho.. planta-la em seu jardim seria uma boa ideia?
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Chapter 1 - Capítulo 1: O Jardim

O Jardim...

Há meses, meu casamento se encontrava à beira do colapso. No início, era um mar de rosas, um amor aparentemente indestrutível. Contudo, após cinco anos, o comportamento de meu marido, Matthew, mudou drasticamente. Tornou-se distante, indiferente, grosseiro e apático, um completo estranho ao homem que conheci. Nossa intimidade se resumia a momentos esporádicos, ditados exclusivamente por seu desejo. Além disso, os gastos mensais dispararam: compras em boutiques de luxo, perfumes importados, jantares em restaurantes sofisticados.

Matthew passava o dia fora, alegando excesso de trabalho, horas extras para manter nosso padrão de vida. Gastava horas ao celular, conversando com sabe-se lá quem; chegou a trocar a senha. Em suas roupas, frequentemente, um perfume feminino diferente dos meus. Durante esses anos, tentamos várias vezes ter um filho, sem sucesso. Submetemos ambos a exames, que não revelaram nenhuma anormalidade. A frustração era imensa. Em uma discussão, ele chegou a sugerir que o problema era comigo, que eu era "uma árvore seca que não gerava frutos". Aquilo me feriu profundamente. Sempre desejei ter filhos, uma menina, idealmente, mas sem preconceitos.

Minha amiga Lauren sempre me apoiou. Somos amigas há anos, confidentes em tudo. Considero-a mais próxima que minha própria família. Naquele dia, após uma discussão acalorada com Matthew, ele saiu de casa furioso. Liguei para Lauren, mas ela alegou estar doente e não queria me preocupar. Não achei estranho, afinal, todos adoecem.

Liguei para outra amiga, Jackie, que chegou imediatamente.

"Amiga, você precisa terminar isso. Graças a Deus você não depende dele financeiramente. Peça o divórcio e se livre disso."

Ela enxugava minhas lágrimas. Em cada discussão, eu me tornava uma pétala frágil no inverno, soluçando sem parar. A ideia do divórcio e a evidência da infidelidade de Matthew me assombravam, mas uma parte de mim ainda resistia à ideia de um fim tão definitivo.

"Mas se eu me separar, o que direi às pessoas? Como explicarei a traição sem parecer incapaz?"

"Deus, pare de pensar assim! Você não precisa viver para agradar os outros. Faça o que é melhor para você."

Naquele momento, invejei a autoconfiança e a capacidade de Jackie de lidar com as consequências de suas decisões. Eu não conseguia ser assim, tão forte.

O dia se passou, minha amiga se despediu, me dando força e coragem. A noite chegou, o céu escurecia em tons amarelados e avermelhados, enquanto o sol se punha. Na cozinha, sobre o balcão, estavam os comprimidos de fertilidade que tomava diariamente. Ainda havia esperança, a crença de que as coisas mudariam.

Tomei os comprimidos amargos. Uma brisa suave entrava pela janela aberta. Olhei para o meu jardim, um projeto frustrado. Nenhuma planta parecia se enraizar ali. Senti uma tristeza profunda. Queria um jardim bonito, algo típico.

Desviei o olhar para a entrada e vi meu vizinho, o Sr. Roberto, um juiz aposentado, orgulhoso de seu exuberante jardim. Sua influência e os boatos sobre sua severidade o tornavam temido na vizinhança. Dizem que já mandou prender um homem por seu cachorro fazer necessidades na calçada. Eu, no entanto, nunca tive problemas com ele; ao contrário, sempre foi gentil e me dava dicas de jardinagem.

Lembro-me de uma vez em que estava plantando rosas brancas e pretas e ouvi o Sr. Roberto repreender um estudante que acidentalmente pisou em sua grama. Achei sua reação exagerada, mas não dei muita importância.

Meu jardim era uma sombra dos outros da vizinhança. Suspirei, fechei a janela e as cortinas, preparei um lanche de nuggets, molho e refrigerante de goiaba, meu favorito. Na sala, assisti filmes até a madrugada. Só percebi a hora quando Matthew entrou, às 2h40 da manhã. Ainda chateada, não dei muita atenção.

"Por que ainda está acordada? E por que tanta besteira na sala?"

Ele me questionou como se nada tivesse acontecido. Senti o cheiro de álcool e perfume feminino. Meu coração doeu, mas engoli a dor.

"Não consegui dormir. Assistir filmes pareceu uma boa ideia."

Seu olhar me penetrou. Vi sua camisa entreaberta, botões faltando, marcas de batom no peito. As lágrimas arderam nos meus olhos. A infidelidade se confirmou. Afastei-me quando ele se aproximou, o cheiro de álcool me causando náuseas.

"Matthew, por favor, saia de cima. Está pesado."

"Não... Estou bem aqui..."

Embriagado. Empurrei-o, subi as escadas, lavei o rosto com água fria. Odeio o cheiro de álcool. Voltei ao quarto e lá estava ele. Como? Tirei meu colar e brincos, deitei-me na cama, longe dele. O cheiro me enjoava. Virei-me, cobrindo o rosto com o edredom. Minhas lágrimas escorriam enquanto eu processava a traição. Adormeci.

Na manhã seguinte, ele havia partido. As memórias da noite anterior me atingiram. Arrumei o quarto, tomei banho. Minha mente estava abatida. Vesti-me, desci as escadas, preparei café. Abri a janela e vi meu jardim... todo pisoteado, flores quebradas.

"Mas que diabos...? Quem fez isso?"

Tomei meu café. Vesti meu avental de jardineiro, peguei minhas ferramentas e fui ao quintal. Enquanto arrumava, ouvi o Sr. Roberto gritando com o garoto novamente, mas desta vez havia mais vozes.

"Olha meu gramado, moleque! Quantas vezes vou ter que repetir? Tirem os pés do meu jardim!"

Levantei-me e vi o garoto, Vector, e um grupo de crianças com potes e chapéus de papel em forma de árvores.

"Bom dia, Sra. Sarcenack!"

"Bom dia, Vector. E quem são esses?"

"Meus convidados para uma feira de agricultura. Vamos semear sementes."

"Onde vão plantar?"

"Na estufa da faculdade do tio Vector."

Um menino mostrou suas sementes: laranjas, rosas, melancias, pêssegos e uma semente grande e amarela, circular e lisa.

"Espero que todas nasçam bonitas e saudáveis!"

O menino me ofereceu uma semente. Escolhi a semente amarela. Ele me entregou um papel com instruções escritas por uma criança:

1. Escolha um local bonito, ensolarado e fresco.

2. Cave um buraco de um palmo, adicione açúcar se quiser.

3. Coloque a semente, adicione três gotas de sangue e três lágrimas (essencial).

4. Cubra com terra, adicione mais três gotas de sangue e pedaços de unha da mão esquerda.

5. Adicione uma colher de água.

Não acreditei. Seria apenas uma brincadeira infantil?