Ster acordou com uma sensação estranha, como se o mundo ao redor estivesse um pouco deslocado. A luz suave da manhã entrava pela janela do seu quarto, mas o cheiro de algo doce e fresco persistia no ar, como se ela ainda estivesse sonhando. A fragrância de flores que ela não conseguia identificar parecia estar grudada em suas roupas, mas, quando olhou ao redor, não havia nenhum buquê ou jardim que pudesse justificar aquilo.
Levou a mão ao rosto, sentindo a tensão de um cansaço que não conseguia explicar. Nos últimos dias, ela não conseguira descansar. O trabalho, os compromissos diários e a solidão a consumiam. Mesmo o café da manhã, uma simples xícara de café e uma fatia de pão, parecia pesar mais do que o normal.
Mas algo estava errado. Ela não conseguia parar de pensar no sonho da noite passada. O campo dourado, a névoa que se formava ao seu redor e aquela voz suave que a chamava pelo nome. Ster... Ela tinha ouvido claramente, e isso a deixou inquieta durante o resto da manhã.
O dia passou lentamente. Ela tentava se concentrar no trabalho, mas a sensação de estar sendo observada aumentava a cada hora. Às vezes, ela sentia olhares, mas, quando virava para confirmar, as pessoas pareciam alheias, como se nada estivesse acontecendo.
No meio da tarde, durante uma pausa para o café, ela percebeu algo ainda mais estranho. O relógio da parede do escritório estava parado, marcando 11h42, como se houvesse congelado no tempo. Ela levantou-se e caminhou até ele, mas antes que pudesse tocá-lo, o celular no seu bolso vibrou. Era uma mensagem: "Você está perto."
Ster sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Quem havia enviado isso? E por que estava tão familiar?
Mais tarde, no caminho para casa, ela tentou se concentrar nas ruas familiares, mas, ao passar por uma vitrine, notou um reflexo de si mesma que a fez parar. Ela estava olhando fixamente para o vidro, mas, ao lado de sua imagem, havia uma sombra sutil que não estava lá antes.
Ela tentou ignorar, mas, quando entrou em seu apartamento, o reflexo persistia em sua mente. Não conseguia explicar, mas algo estava se desdobrando em sua vida. Algo que ela não podia ver, mas que sentia.
À noite, quando se deitou na cama, o cansaço a tomou de forma implacável. Mas, assim que fechou os olhos, o campo dourado apareceu novamente. Ela estava lá, com a névoa envolvendo seus pés. Mas agora, ela podia ver melhor a figura, que estava mais próxima, quase ao alcance da sua mão.
— Ster... — a voz chamou de novo, suave e distante. — Você é a última.
O medo tomou conta dela, mas ela não conseguia se mover. A névoa parecia engolir tudo ao seu redor. A figura a tocou com uma mão fria e, em um sussurro baixo, disse: "Você não está sozinha."
Ster acordou de repente, o coração batendo forte, e a sensação de estar observada ainda pesava sobre ela. O relógio ao lado da cama estava parado, exatamente como no escritório. Ela não sabia o que significava, mas sabia que sua vida estava prestes a mudar.