Chapter 7 - Luxúria

Egito - 12:17PM

O campo de batalha era um verdadeiro inferno em chamas. As dunas douradas do deserto pareciam derreter sob o calor extremo da luta, o céu carregado de energia divina e maligna, alternando entre clarões celestiais e sombras profundas. Uma tempestade de areia se formava ao redor, misturada com as faíscas de poder que voavam das armas de Uriel e Kazuhiko. No horizonte, anjos e caídos se enfrentavam em combates mortais, suas asas se chocando no ar com tanta força que criavam rajadas de vento cortantes. Cada movimento de batalha fazia o solo tremer, deixando fissuras profundas na terra.

Uriel rugia com uma intensidade que fazia o próprio ar vibrar.

Uriel:VENHA, MORTAL! VAMOS VER COMO VOCÊ SE SAI CONTRA MINHA FOICE DIVINA!

O corpo de Uriel ardia como uma estrela viva, sua silhueta envolta em chamas intensas que tornavam impossível encará-lo diretamente por muito tempo. Kazuhiko segurava sua espada divina com toda a força, o suor escorrendo por seu rosto enquanto sentia o calor de Uriel transformar o ambiente em um forno insuportável. Ele respirou fundo, permitindo que um sorriso calmo e quase desafiador aparecesse em seu rosto.

Kazuhiko:Venha.

A tranquilidade de Kazuhiko fez o sangue de Uriel ferver ainda mais. Com um rugido, o arcanjo avançou, cada passo fazendo o chão sob seus pés fumegar. A temperatura ao redor deles ultrapassava facilmente os 800 graus, e o calor parecia derreter até as partículas do ar. Quando Uriel golpeou com sua foice, o impacto foi devastador: a lâmina de Kazuhiko derreteu instantaneamente, e a foice cortou seu peito.

Kazuhiko recuou no último momento, impedindo que o golpe fosse fatal, mas ainda assim sentiu uma dor lancinante. Náuseas, tontura e uma queimação insuportável no peito começaram a consumir seu corpo, como se o veneno de Uriel já estivesse corroendo sua alma.

Uriel: — Que pena... Parece que sua espada conseguiu defender parte do golpe. Mas não por muito tempo.

Ele sorriu, seus olhos brilhando com malícia enquanto continuava:

— Conheço as fraquezas de cada arcanjo, e a sua está escancarada. Você, no corpo de Zadiel, é vítima do seu próprio ego. Meu veneno não é apenas físico; ele é onipresente quando reconheço as falhas de meu inimigo. E sua fraqueza é o que o levará à ruína.

Kazuhiko respirou fundo, tentando ignorar o tormento em seu corpo.

(Droga... Ele está certo. O veneno está prejudicando não só meu corpo, mas também a alma de Zadiel. Preciso acabar com isso rápido... Mas como vou me aproximar dele?)

Kokuei: (O veneno não tem cura se você não o conhece... Mas o que ele disse também é a chave para vencê-lo. Use o próprio conhecimento dele contra ele. Se adapte. Fortaleça sua alma até que ela o supere.)

Kazuhiko fechou os olhos por um momento, reconstruindo mentalmente sua espada derretida. Ele a envolveu com uma aura dourada, que parecia brilhar como um sol, e se preparou para contra-atacar.

Uriel observava com desdém.

Uriel:Você é rápido em aprender, mas meu veneno não é apenas isso.

Ele ergueu uma mão, e imediatamente o corpo de Kazuhiko começou a sofrer pequenas explosões internas. O mortal caiu de joelhos, sua respiração irregular e olhos arregalados de dor.

Uriel se aproximou, sua sombra ardente cobrindo Kazuhiko.

Uriel: — Você pode vestir uma casca divina, mas por dentro você ainda é mortal. Se eu quisesse, você já estaria morto. É patético que tenha iniciado esta guerra. Você nunca será capaz de vencer Miguel, muito menos a hierarquia celestial. Como você espera subir quando nem ao menos consegue me encostar, seu pedaço de aborto?!

Com um chute poderoso, Uriel lançou Kazuhiko para longe, fazendo-o rolar pelo chão. O calor do golpe queimou seu peito novamente, e ele mal conseguia respirar.

Do outro lado do campo, Azazel lutava ferozmente contra os elites de Castiel.

Azazel, ao ver Kazuhiko naquele estado, gritou furioso:

 Azazel:— Seu merda! É tudo isso que você tem?! Foi por sua causa que entramos nessa guerra! Não é o mesmo cara que eu vi lutar contra mim! Será que foi tudo sorte?! NÃO DESISTA AGORA, MOSTRE PRA ELE QUEM VOCÊ REALMENTE É!!

As palavras de Azazel atingiram Kazuhiko como uma onda de choque, sua mente sendo preenchida por uma mistura de ódio, motivação e determinação. Seus olhos começaram a brilhar, e uma explosão de aura roxa e rosada emanou dele, afastando Uriel momentaneamente.

Uriel:Parece que você ainda tem cartas na manga, mas não será suficiente.

Kazuhiko sorriu, sua energia crescendo a cada segundo. Sua armadura começou a se desintegrar, revelando uma marca brilhante em forma de heptagrama, junto com a "Gula" e a "Inveja" em suas costas. Agora a palavra "Luxúria" aparecia gravada com luz pulsante. Uma energia infinita tomou conta de Kazuhiko.

Ele se levantou, os punhos brilhando como dois sóis. Sua temperatura agora superava a de Uriel, fazendo o arcanjo recuar instintivamente.

Kazuhiko:Agora, Uriel, você não parece tão quente.

Os dois se encararam por um momento, antes de desaparecerem em um instante. O impacto de seus golpes sacudiu o deserto, criando tempestades de areia e luz. A cada soco, o chão rachava, e o céu parecia prestes a desmoronar. Kazuhiko socou Uriel no estômago com tanta força que ele cuspiu sangue de fogo. Mas Uriel, com a bênção de Rafael, regenerava-se rapidamente.

Uriel:Você não vai vencer—

Kazuhiko interrompeu:Calado.

A gravidade ao redor daquele campo de batalha parecia quase palpável, cada golpe entre os combatentes dobrava a pressão no ambiente, fazendo o solo rachar e o ar vibrar com energia. Mesmo à distância, Uriel sentia os efeitos daquele poder esmagador se intensificando—uma pressão crescente que parecia pesar principalmente sobre Kazuhiko.

Kazuhiko limpava o sangue no canto da boca e sorria com arrogância.

Kazuhiko: — Que engraçado... Agora é você quem parece fraco. Quer desistir enquanto pode?

Uriel rangeu os dentes, mas antes que pudesse responder, uma risada alta ecoou pelos céus. Miguel observava tudo de cima, flutuando como um rei que apreciava um espetáculo feito para ele. Sua voz cortava o ar, carregada de sarcasmo e uma estranha satisfação.

Miguel: — Ah... isso está me divertindo mais do que eu imaginava, nunca imaginei que um mero mortal fosse causar tanto conflito, talvez ele realmente seja uma ameaça para o mundo afinal. Mas agora chega. Não quero prolongar esse circo. Gabriel, chegou sua vez.

Ao lado de Miguel, Gabriel assentiu com seriedade. Miguel entregava à Gabriel uma flecha, que apesar de parecer uma simples flecha, ela pulsava de forma vibrante, como se ela tivesse alguma forma de vida, o mesmo pegava e com um movimento ágil, ele desceu do céu carregando um arco que parecia simples demais para o momento. Entretanto, ao encaixar a flecha, sua verdadeira natureza foi revelada: a flecha se tingiu de um preto absoluto, emanando uma aura que distorcia o espaço ao seu redor. As mãos de Gabriel começaram a sangrar, incapazes de suportar o peso espiritual daquela arma mortal.

Gabriel: — Sim, Senhor...

O arco de Gabriel reluziu no céu como um presságio de morte. Quando ele soltou a corda, o tempo pareceu parar, e o ar foi cortado por um grito ensurdecedor da flecha divina. Kazuhiko só teve tempo de sentir o impacto antes de ser jogado ao chão com uma força esmagadora.

Kazuhiko: — O quê...?!

Uriel aproveitou a abertura, rindo maldosamente.

Uriel: — Se distraiu, seu merda!

Com um movimento brutal, Uriel brandiu sua foice e cortou o ombro direito de Kazuhiko, deixando à mostra o osso ensanguentado. O sangue jorrou em todas as direções enquanto ele chutava Kazuhiko com força, lançando-o contra o solo em um impacto que abriu uma cratera gigantesca.

Kazuhiko: — Merda... meus ombros... E essa flecha?!

Quando tentou agarrar a flecha para removê-la, um choque avassalador percorreu seu corpo, queimando instantaneamente sua mão. Ele gritou em agonia.

Kazuhiko: — Porra! Que droga de flecha é essa?!

Dentro de sua mente, a voz de Kokuei ecoou, séria e tensa.

Kokuei: (Isso não é bom... Essa é a Flecha com a Bênção de Miguel. Dizem que qualquer um que for atingido por ela terá sua energia vital drenada até a morte. Mas, graças à Luxúria, sua energia é praticamente infinita... Ainda assim, eles miraram nos seus ombros para impedir que você use os punhos novamente. Eles sabem o que estão fazendo.)

Uriel pousou no chão lentamente, observando Kazuhiko com desdém.

Uriel: — Admito que não gostei de ter recebido ajuda, mas não posso negar que é bom ver você finalmente à beira da morte.

Kazuhiko respirava pesadamente, sentindo seu corpo vacilar. A voz de Kokuei novamente trouxe um conselho desesperado.

Kokuei: (Moleque! Usa sua energia molecular agora! Talvez, se você desintegrar o ombro atingido e reconstruí-lo, consiga se livrar da flecha.)

Kazuhiko: — Isso é insano... nem sei como fazer isso direito!

Kokuei: (Confia em mim! Apenas imagine que aquele ombro não existe mais!)

Kazuhiko rangeu os dentes, reunindo toda a concentração que tinha. Ele começou a manipular suas moléculas, desfazendo o ombro atingido. A flecha caiu na areia, mas, ao tocar o chão, criou um buraco que começou a se expandir rapidamente, como se fosse um portal devorador. Kazuhiko focou-se novamente, reestruturando as moléculas de seu ombro e regenerando-o por completo. Quando terminou, moveu o braço com um sorriso de vitória.

Kazuhiko: — Funcionou... caralho, funcionou mesmo!

Miguel observava tudo de longe, seu sorriso arrogante dando lugar a uma expressão de interesse genuíno.

Miguel: — Fascinante... Então você consegue até mesmo manipular suas moléculas. Mas, lamento informar, isso ainda não será suficiente para me entreter por muito tempo.

Kazuhiko se lançou contra Uriel com todas as forças. Uriel ergueu sua foice, criando um escudo de luz envolto em chamas douradas para se proteger.

Uriel: — Você nunca irá me vencer, mortal patético!

Kazuhiko: — Eu não vou apenas te vencer. Eu vou é te matar!

Com um controle absoluto sobre suas moléculas, Kazuhiko remodelou o seu braço perdido e atravessou o escudo de luz sem quebrá-lo, chegando tão perto de Uriel que pôde sentir o calor de sua respiração. Ele abriu a palma da mão e desencadeou uma explosão de nível nuclear a queima-roupa. A explosão engoliu o campo de batalha, destruindo tudo ao redor.

Uriel:NÃÃÃOOO!

Quando a fumaça começou a se dissipar, Azazel, que lutava ao longe, olhava com fúria e inveja.

Azazel: — Ele não usou isso contra mim... Maldito! Eu não vou deixar você me superar com esses truques novos!

Ele exterminava os últimos membros da elite adversária, enquanto Castiel, imóvel, mantinha os olhos fixos nele. Sem expressão alguma, Castiel desceu do céu, pousando com uma calma mortal. Ele segurava seu escudo gigantesco com uma mão e gritou, sua voz ecoando como trovão.

Castiel: — CHEGA DE JOGOS! EU VOU ARRANCAR CADA TRIPA SUA COM MINHAS PRÓPRIAS MÃOS!

No campo de batalha, os restos do corpo de Uriel estavam expostos. Suas pernas haviam desaparecido, e suas tripas pendiam grotescamente. Ele arfava, cuspindo sangue, mas ainda sorria.

Uriel: — Isso não acabou, seu pedaço de lixo humano, acha mesmo que mesmo se eu morresse, tu sairia vitorioso? hahaha!! você subestima os arcanjos, Miguel irá fazer você de pedaços em segundos...! Além do mais, com o Rafael ao nosso lado, somos invencíveis.

A 50 quilômetros dali, Rafael estava curando os aliados de Miguel com seu poder divino. Enquanto isso, ele murmurava para si mesmo.

Rafael: — Espero que estejam bem... Estou sentindo muitas baixas... Miguel disse que seria fácil...

De repente, uma figura sombria surgiu atrás dele, perfurando seu peito com uma lâmina cruel. Rafael tossiu sangue, virando o rosto para tentar ver o atacante.

Rafael: — Quem... é você...?

???: — Apenas um caçador de anjos. Agora, durma, Rafael.

Com um golpe preciso, a figura o fez perder a consciência e se voltou para observar a guerra à distância. Seu olhar estava fixo em Kazuhiko.

???: — Aposto que isso ainda não é o suficiente para você, não é, filho?

Fim do Capítulo.