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ARTHUR (português)

🇵🇹Gojira_3583
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Synopsis
Nós acompanhamos a historia de Arthur, um jovem de 15 anos, que vive em um m undo onde todos tem um poder unico, todos exceto ele, que nasceu com uma condição rara que o impede de usar mana. Mas quando dois intrusos invadem a sua casa e matam o seu pai, ele desperta um poder misterioso.

Table of contents

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Arthur2 hours ago
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Chapter 1 - Arthur

CAPITULO 1 – o inicio

A manhã na Escola começava sempre com o mesmo ritual barulhento. Alunos espalhavam-se pelos corredores em grupos, discutindo sobre os eventos do dia anterior ou rindo de algo que apenas eles achavam graça. Arthur caminhava em silêncio pelo meio do caos, a alça da mochila presa firmemente em sua mão, desviando habilmente dos outros como se fosse um estranho em uma cidade lotada.Ao entrar na sala de aula, ocupou sua habitual carteira no canto, próxima à janela. Não era a melhor posição para ouvir o professor, mas proporcionava uma vista do jardim da escola, onde as folhas balançavam ao vento de forma ritmada. Ele abriu o caderno antes mesmo do sinal tocar, rabiscando algo para evitar o olhar dos colegas que passavam por ele sem sequer notar sua presença. Quando o professor entrou, a sala rapidamente silenciou. O professor, um homem alto e de cabelos grisalhos, parou diante do quadro, onde desenhou um diagrama com giz colorido. Ele apontou para o centro do desenho, onde várias linhas convergiam.

— Vocês já sabem que todos nós temos um poder único. Mas por quê? A resposta está na mana e em como nossos cérebros lidam com ela.

Ele se virou para a turma, os olhos avaliando cada rosto.

 

— A mana é uma energia invisível que permeia o mundo. Plantas, animais, até as pedras, tudo é tocado por ela. Mas o que nos torna especiais é como o nosso cérebro processa essa energia. Pensem na mana como uma melodia universal. Cada um de vocês tem uma mente que interpreta essa melodia de um jeito único, criando um poder que só vocês possuem.

 

Um aluno no fundo levantou a mão.

 

— Então... nunca ninguém vai ter um poder igual ao meu?

 

O professor esboçou um sorriso satisfeito.

 

— Exatamente. O cérebro de cada um processa a mana de maneira diferente, quase como uma chave e uma fechadura. A forma como a mana interage com seu cérebro e define seu poder é única e só sua.

 

Ele virou-se novamente para o quadro e desenhou um pequeno boneco com um traço ágil.

 

— Agora, aqui está a parte que todos compartilham. Qualquer pessoa pode usar a mana para fortificar o corpo. É como respirar. É algo instintivo. Quando canalizamos a mana, podemos correr mais rápido, saltar mais alto ou suportar ferimentos que normalmente seriam fatais. Isso exige prática, mas o princípio é o mesmo para todos.

 

O professor se aproximou mais da turma, sua voz ganhando um tom mais sério.

 

— No entanto, lembrem-se de uma coisa: a quantidade de mana que vocês podem usar não é infinita. Se vocês se excederem, podem colapsar. Treinem, mas respeitem seus limites.

 

O sino soou pela segunda vez naquele dia, marcando o fim da aula. Alguns alunos anotaram o que o professor dissera e começaram a arrumar suas coisas, outros apenas refletiam sobre oque ele havia dito, já Arthur manteve-se em seu lugar, atento às palavras do professor, que caminhava pela sala de forma tranquila, mas com autoridade. "Todos temos um poder único." As palavras ecoavam em sua mente, reforçando a cruel ironia de sua situação: ele não tinha poder algum.

No intervalo, Arthur encontrou um banco afastado no pátio. Ali, sob a sombra de uma árvore, ele podia observar os grupos de alunos se reunindo para conversar e trocar piadas. Uma ou duas vezes, notou olhares rápidos em sua direção, seguidos de risadinhas abafadas. Talvez estivessem rindo de algo completamente diferente, mas o peso da dúvida era o suficiente para fazê-lo desejar que o intervalo acabasse logo. Na aula seguinte, uma atividade em grupo foi anunciada. O professor deu instruções claras e pediu que os alunos formassem duplas. Arthur esperou, mas ninguém o chamou. Ele não se moveu, fingindo revisar o enunciado enquanto os outros riam e se organizavam em torno dele. Quando o barulho cessou, era evidente que todos já estavam acomodados.

— Arthur, tudo bem se você trabalhar sozinho? — perguntou o professor, em um tom que tentava soar casual, mas que apenas chamou mais atenção para o momento.

 

Ele assentiu, evitando levantar os olhos. O coração batia pesado no peito, mas ele pegou seu lápis e começou a responder o exercício. As vozes animadas ao seu redor tornaram-se um pano de fundo distante.

Ao fim do dia, Arthur caminhou lentamente para fora da escola.

Ao sair pelos portões da escola, sentiu o familiar peso da solidão, mas não deixou transparecer. Guardou os pensamentos para si enquanto tomava o caminho de casa.

Ao chegar em casa, Arthur encontrou Kael, seu pai, na cozinha, organizando algumas coisas enquanto o esperava. O pai o recebeu com um sorriso.

 

— Como foi a escola?

 

— Normal — respondeu Arthur, encolhendo os ombros.

Kael observou seu filho por um momento, percebendo o tom distante na voz de Arthur. Ele sabia que o filho não gostava de falar muito sobre os desafios da escola, mas o pai sempre tentava perceber o que se passava por trás daquela fachada de calma. Deixou a tigela de frutas de lado e se aproximou, oferecendo um sorriso reconfortante.

— Você é muito parecido com o seu avô, sabia? — Kael disse, com um brilho nos olhos. — Sempre que ficava preocupado, ele tambem tentava esconder atrás de uma resposta curta. Mas eu conhecia bem o olhar dele. Você é igual.

Arthur levantou os olhos rapidamente, surpreso com o comentário. Não era comum Kael falar sobre a família dele. O avô de Arthur, um homem sério e reservado, não era uma figura presente em sua vida, mas sabia que ele tinha sido importante para Kael.

— Eu... não sabia. — Arthur franziu a testa, sentindo um misto de curiosidade e desconforto.

Kael riu suavemente, aquele tipo de riso que fazia a casa inteira parecer mais acolhedora.

— Seu avô também não gostava de demonstrar suas emoções. Era um homem forte, mas... no fundo, ele era mais sensível do que parecia. E você, Arthur, tem essa mesma força. Mas não precisa esconder tudo o tempo todo, filho. Às vezes, compartilhar é a forma mais forte de enfrentar o que nos aflige.

Arthur não soube o que responder de imediato. Ele sentia que o pai estava tentando tocar em algo mais profundo, mas ele não estava preparado para isso. Em vez de continuar a conversa, ficou em silêncio, olhando para a tigela de frutas na mesa, como se a resposta estivesse ali, esperando para ser descoberta.

Kael percebeu o silêncio de Arthur e, com um suspiro leve, deu um passo para o lado, abrindo um armário e pegando duas xícaras.

— Eu sei que a escola é difícil, Arthur. Todo esse negócio de mana, poderes... e as expectativas sobre o que você pode ou não fazer. Eu entendo que isso te sobrecarregue. Não precisa ser fácil, e ninguém espera que seja. Mas você não precisa carregar o mundo nos ombros sozinho.

Arthur olhou para o pai, as palavras de Kael soando como uma carga que ele não sabia como liberar. Ele queria falar sobre o que o estava afligindo, sobre como tudo parecia estar se acumulando em seu peito, mas, ao mesmo tempo, não queria preocupar Kael com seus medos. Seu pai tinha sempre a resposta certa, mas Arthur sentia que talvez agora não fosse tão simples assim.

— Eu sei... — Arthur murmurou, mas sua voz falhou por um momento. Ele forçou um sorriso, tentando suavizar o peso que sentia. — Só... só não sei se isso é normal, sabe? Ter essas coisas dentro de mim e não conseguir entender como lidar.

Kael olhou para ele com uma seriedade inesperada, como se o peso da conversa finalmente tivesse se estabelecido entre eles. Ele se aproximou e colocou a mão no ombro de Arthur, um gesto simples, mas com um significado profundo.

— O que você sente não precisa ser normal, Arthur. O que você sente é o que é. Não há certo ou errado nisso. Só... não se feche para mim. Você pode contar comigo, sempre.

Arthur olhou para o pai, seu peito apertando um pouco mais.

— Eu sei... — repetiu Arthur, mais suavemente, e desta vez não forçou o sorriso. — Só que... às vezes, sinto que não sou forte o suficiente.

Kael se inclinou um pouco para frente, como se estivesse compartilhando algo profundo, algo que ele soubera ao longo de sua vida.

— Força não é sobre não sentir medo, Arthur. Força é sobre continuar, mesmo quando o medo é grande demais. E você, meu filho, é a pessoa mais forte que eu conheço. Talvez só precise de um pouco mais de tempo para perceber.

Arthur ficou em silêncio, absorvendo as palavras do pai. Ele queria acreditar, mas a sensação de estar prestes a perder o controle, de estar se afundando em algo que não podia entender, tornava tudo mais difícil.

Kael deu um último olhar atento ao filho, como se soubesse que aquela conversa tinha sido mais do que apenas uma troca de palavras.

— Vai ficar tudo bem, Arthur. Você vai ver.

Arthur não respondeu imediatamente. Em vez disso, ele apenas olhou para o pai, tentando encontrar uma maneira de acreditar.

Arthur dirigiu-se para o seu quarto e mergulhou em seu mundo digital. Ele jogava, imerso na tela, quando um estrondo vindo da cozinha o despertou.

Ele saiu do quarto com o coração acelerado e se dirigiu para o local. Quando chegou, a cena o congelou: dois intrusos estavam no meio da cozinha, entre a mesa e o pai.

Um deles era alto e forte, com uma expressão de desdém. À medida que ele usava o seu poder, rochas começaram a surgir ao redor de seu corpo, cobrindo-lhe os braços e tronco e transformando-o gradualmente em uma figura poderosa, como um golem.

Ao seu lado, o outro intruso utilizava uma longa capa preta com capuz, alem disso, tambem exibia uma longa adaga negra pendurada na sua cintura.

Kael olhou com frieza para os dois homens, mantendo-se de pé entre eles e o filho.

 

— Que diabos vocês querem? — perguntou Kael, sua voz calma, mas com um tom que refletia a prontidão de quem sentia que uma luta estava prestes a começar.

 

O homem da capa deu uma risada baixa, provocadora.

 

— Ora, ora, Kael... não se faça de desentendido — disse ele, com um tom de voz sarcástico. — Nós so viemos para brincar um pouco contigo, mas veja pelo lado bom: pelo menos, você não terá que morrer sozinho.

 

O homem coberto de rochas rapidamente estalou os dedos e as pedras em torno de seus braços se solidificaram.

 

— Deixe de papo, vamos fazer isto rapido e ir embora — Ele deu alguns passos à frente, sua voz carregada de desprezo.

 

Kael não hesitou. Com um movimento rápido, ele ergueu as mãos e uma aura de energia intensa começou a envolver seu corpo. A batalha começou com uma explosão de movimentos. Kael lançou um feixe de energia direto contra o homem de capa, que desapareceu e surgiu atrás dele com um sorriso sarcástico, apunhalando Kael com sua adaga.

Kael desviou-se rapidamente evitando um golpe mortal, curou parte do ferimento e ergueu uma barreira de energia para se defender de um soco do golem, que havia avançado ao mesmo tempo. O impacto foi violento, a barreira estalando com o golpe de rochas.

Kael deu um passo para trás, medindo os movimentos dos adversários. Ele lançou uma sequência de rajadas de energia, que explodiram ao redor dos intrusos, empurrando-os para trás. O golem cambaleou por um instante, mas logo recuperou-se e avançou com fúria, desferindo uma sequência de socos que fizeram o chão rachar sob os pés de Kael.

O homem de capa aproveitou a distração, surgindo das costas de Kael e golpeando-o nova mente mas desta vez no ombro. Kael reagiu com uma explosão de energia, afastando o inimigo e ganhando algum espaço.

 

Mas os intrusos eram incansáveis. O golem golpeou novamente, e Kael sentiu os ossos do braço estremecerem sob o impacto, o corpo começando a dar sinais de cansaço. O homem de capa voltou a atacar e com um ataque veloz com a sua lâmina cortou o rosto de Kael, deixando um rastro de sangue. Kael curou-se rapidamente com a energia vital, mas sabia que estava se desgastando.

Kael tentou uma última investida, lançando um feixe concentrado que explodiu contra o rosto do golem, rachando a camada de rochas e deixando-o vulnerável. Mas o homem de capa aproveitou o momento e, com uma agilidade implacável, desferiu um chute que lançou Kael contra a parede, derrubando-o com violência. Kael tentou levantar-se, mas o homem de capa rapidamente apunhalou o coração de kael com sua adaga.

Com a visão turva, Kael teve tempo apenas de olhar uma última vez para Arthur, sussurrando algo inaudível antes de seus olhos se fecharem para sempre.

Arthur assistiu a tudo, sentindo-se esmagado pela impotência. O grito silencioso dentro dele tornou-se uma onda de calor avassaladora, uma fúria tão intensa que parecia incinerar-lhe a mente. E, antes que percebesse, a consciência foi arrancada de seu corpo.

Durante os minutos seguintes, Arthur não teve controle. Uma força avassaladora despertou em seu corpo e assumiu o controle completo, como uma entidade à parte. Com os olhos brilhando em um verde intenso, Arthur lançou-se contra o golem, movendo-se com uma velocidade inacreditavel. Ele desferiu um soco devastador que atravessou a camada de rochas, despedaçando a armadura do adversário, que mal teve tempo de reagir. O golem caiu, e Arthur avançou sobre ele com uma sequência de golpes, cada um mais brutal que o anterior, até que as rochas ao redor do corpo do intruso racharam e ele caiu, inerte e sem vida.

O homem de capa tentou fugir, mas Arthur o seguiu, movendo.se de forma exacerbadamente veloz para frente dele e atacou-o de várias direções, lançando golpes de energia que o desestabilizavam. O invasor tentou escapar, escondendo-se nas sombras, mas Arthur parecia prever cada movimento, atacando com uma precisão implacável. Quando o inimigo já não tinha mais para onde ir, Arthur disparou uma rajada de energia tão intensa que destruiu o chão sob o intruso, mas quando Arthur estava prestes a finalizar o segundo intruso o corpo dele parou, mesmo que a paragem tenha sido por apenas um infimo momento, o intruso conseguiu escapar.

Arthur havia voltado ao controle de seu corpo. Ele recuperou a consciência e sentiu-se perdido, vendo a destruição ao redor e o corpo do pai estirado no chão. Com medo do que tinha feito e incapaz de entender, fugiu da cena.

Arthur corria sem rumo, os pés descalços rasgando-se contra o asfalto áspero. O ar da noite fria parecia arranhar seus pulmões a cada inspiração apressada. Ele não sabia para onde ir, mas sabia do que fugia: do peso das sirenes que ainda ecoavam ao longe e das imagens cravadas em sua mente — corpos no chão, prédios desabando, fogo lambendo o céu.

Parou em um beco estreito, o peito arfando. Olhou para as mãos trémulas, completamente sujas de sangue. "O meu pai... e oque... oque eu fiz?" murmurou para si mesmo, com a voz quebrada.

"O que você fez?" A voz veio de dentro, fria e repleta de desprezo. "Você finalmente acordou. Foi isso que aconteceu."

Arthur cambaleou, os olhos arregalados procurando inutilmente por alguém ao redor. "Quem... quem está aí?!"

"Ah, que adorável. Você ainda não entendeu, não é? Sou eu. Seu poder. Ou, pelo menos, uma parte dele."

"Você está... na minha cabeça?" A pergunta saiu hesitante, como se fosse loucura dizê-la em voz alta.

"Pode-se dizer que sim" Respondeu a voz.

Arthur apertou as mãos contra as têmporas, como se pudesse sufocar a voz. "Eu... matei pessoas. Destruí tudo aquilo. Você fez isso."

"Sim, houve destruição e morte" admitiu o poder, sem emoção. "Mas foi necessário. Se não fosse eu você iria morrer, e eu fiz o que precisava para protegê-lo."

Arthur ergueu a cabeça, seu rosto marcado pelo desespero. "Proteger? Você destruiu metade da cidade!"

"E daí? Eles teriam feito o mesmo com você. Não percebe? Você é superior a todos eles. Eles não entendem o que você é. Eu, por outro lado, vejo o seu verdadeiro potencial."

"Superior? Potencial? Que tipo de monstro você é? Eu sou só alguem normal!" Arthur gritou, sua voz ecoando pelas paredes estreitas.

"Normal?" A voz soltou uma risada condescendente. "Você não é normal. Nunca foi."

Arthur fechou os olhos com força, tentando ignorar a voz, mas ela não parava. Ele ficou ali por horas, até que o frio o obrigou a se mover novamente.

A fome o corroía, mas ele não conseguia reunir coragem para se aproximar de ninguém. Vagando pelas ruas, Arthur mantinha-se nas sombras, longe de olhares curiosos. As imagens do pai caído no chão e das explosões ecoavam em sua mente como um filme interminável, misturando-se com a voz persistente de seu poder. "Você vai morrer assim, sabia?", provocou a voz. "Sem comida, sem descanso. O corpo precisa de combustível para sobreviver." Arthur ignorou a provocação, mas suas pernas fraquejavam. Encontrou abrigo sob uma marquise abandonada e ali ficou, tentando se aquecer com os braços ao redor do corpo. Os minutos transformavam-se em horas, e o som de passos ao longe fazia seu coração disparar. No segundo dia, a exaustão tornou-se insuportável. Em um momento de desespero, Arthur entrou em um mercado abandonado na periferia da cidade. Vasculhou prateleiras destruídas, encontrando apenas algumas latas de comida e quando estava prestes a sair ouviu vozes se aproximando.

"Tem alguém aí?"

O coração de Arthur disparou. Escondeu-se atrás de um balcão enquanto dois homens, entravam.

"Então criança, o que vai fazer agora? Vai fugir para sempre?" perguntou a voz, com um tom provocador.

Arthur ignorou enquanto procurava uma saida.

Ele mordeu o lábio, segurando a respiração enquanto os homens se aproximavam. Quando estavam a poucos metros, Arthur encontrou uma janela quebrada e correu, deixando cair uma das latas que havia pegado.

No terceiro dia, Arthur mal conseguia se manter de pé. Suas roupas estavam sujas, rasgadas, e ele tremia tanto que achava que não conseguiria dar mais um passo. Encontrou abrigo embaixo de uma ponte, onde se enrolou em papelões molhados.

A voz não o deixava. "Você não vai durar muito assim. Sem mim, você é só um garoto perdido. Por que não usa os meus poderes? Eu posso te ajudar."

"Você só traz destruição," Arthur respondeu, a voz quase um sussurro.

"E você acha que fugir vai consertar alguma coisa?"

Arthur fechou os olhos. Ele sabia que o poder estava certo em parte. Ele era patético. Mas não podia permitir que aquilo assumisse o controle novamente. Não podia.

Foi nesse estado que os sentinelas o encontraram, três dias depois. Ele não resistiu. Não havia mais forças para isso. Mas, para sua surpresa, as algemas não vieram. Ao invés disso, ouviram-no com calma. "Arthur, estamos aqui para ajudar. Vamos levá-lo para sua mãe."

Ele ouviu, confuso. "Minha mãe está morta..."

Mas os sentinelas não disseram mais nada. E, pela primeira vez em três dias, ele foi levado para longe daquele inferno.