O som ensurdecedor da multidão vibrava no chão, no ar, e no coração de Lena. Ela nunca pensou que estaria aqui: nos bastidores de um dos maiores shows do mundo, o ponto de encontro dos sete integrantes do grupo Aurora7, o fenômeno global que há anos dominava as paradas.
Lena era apenas uma jornalista freelancer quando recebeu a ligação de sua chefe. "Eles querem você. Exclusividade. Um mês acompanhando a turnê. Isso pode mudar sua carreira." Não foi uma pergunta, mas sim uma sentença.
Agora, cercada por um caos de maquiadores, produtores e seguranças, ela mal podia respirar. Não por causa do ambiente, mas pela presença dele: Kai, o vocalista principal, o rosto mais icônico da banda. Ele tinha aquele ar letal de perfeição – uma combinação impossível de doçura e perigo. O tipo de homem que parecia feito para destruir qualquer noção de autocontrole.
Lena sabia as regras:
Não invada o espaço pessoal deles.
Não peça fotos ou autógrafos.
Não se envolva.
Mas Kai a olhava de uma maneira que fazia essas regras parecerem piadas. Seus olhos sempre encontravam os dela na sala, como se fossem ímãs inevitáveis. O problema? Ela não estava sozinha em notar.
"Você está brincando com fogo," disse Jace, o gerente de turnê, ao vê-la na área reservada. "Esses meninos são intocáveis. E Kai…" Ele hesitou. "Ele é o mais perigoso."
Lena apenas sorriu. "Eu sou profissional."
Jace riu amargamente. "Você diz isso agora. Vamos ver quanto tempo dura."
Naquela noite, após o show, Lena foi enviada para o camarim do grupo. O ambiente era luxuoso, mas íntimo, repleto de móveis de couro escuro e iluminação baixa. Os sete membros estavam relaxados, desfeitos do brilho das câmeras. Lena tentava focar em suas anotações enquanto as risadas e provocações deles preenchiam o espaço.
Foi então que sentiu. Um calor na nuca, um arrepio que começou na espinha e se espalhou como fogo. Levantou os olhos e lá estava Kai, a poucos metros de distância, observando-a como um predador.
"Você sempre parece ocupada demais." A voz dele era grave, rouca, e carregava um sotaque sutil que tornava tudo pior.
Lena tentou responder, mas as palavras morreram em sua garganta quando ele se aproximou. Ele se inclinou, ficando perto demais, o perfume dele misturado com o suor do show ainda presente. "Você não acha que deveria relaxar um pouco? O que estamos escondendo nesse bloquinho, hein?"
Os outros membros estavam distraídos, mas Lena sentiu cada célula do corpo em alerta. "Estou trabalhando. Diferente de você, eu não tenho uma multidão gritando meu nome."
Kai sorriu, aquele sorriso lento e preguiçoso que fazia seu coração acelerar. Ele tocou no braço dela, apenas um segundo, mas foi o suficiente para eletrificar o ar entre os dois. "Você tem mais controle do que eu esperava," ele murmurou.
"E você tem menos do que eu imaginava."
Por um momento, o mundo sumiu. Era só o calor de seus corpos, a respiração pesada de Lena, e o olhar dele. Um olhar que prometia coisas que ela sabia serem erradas – perigosas.
E então ele se afastou, mas antes de sair do camarim, jogou um olhar por cima do ombro. "Boa noite, Lena."
Ela sabia duas coisas naquele momento:
Estava completamente perdida.
Isso não acabaria bem.