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Chapter 2 - lobo algemado

23h23 PM, "Texas City"

— Você veio? — Edgar não escondeu o seu contentamento.

Clara poderia vomitar se não fosse treinada para encenar o semblante envergonhado. A feição que o homem trazia no rosto lhe embrulha o seu estômago.

— Eu vim agradecer a você. Abby me deu o quarto da neta dela, irei pernoitar lá. Ah, um casal vai embora pela manhã e eu já reservei o quarto.

— Fico feliz — Edgar se encostou no portal da porta do chalé.

— Eu já vou indo, obrigado de novo, Edgar! — ela disse, virando e caminhando sentido à casa da dona da pousada.

O homem a seguiu e a segurou pelo braço. Clara se estremeceu de caso pensado, ele deu um passo atrás e coçou a cabeça, pretendendo acalmá-la.

— É... Tenho cerveja, gostaria de me fazer companhia? — ele olhava nervosamente.

Clara revirou os olhos enquanto sentia o olhar faminto do homem sobre suas costas.

— Eu e você sozinhos no seu chalé — ela se virou, encarando Edgar — não seria muito apropriado. — exibiu um olhar meio desnorteado.

— Oras vamos, prometo que não irá acontecer nada que não queira — enfatizou o homem segurou as mãos dela gentilmente.

"Promete é? Há há", a voz de Rodryg ressoou no comunicador, depois um barulho de lata de refrigerante sendo aberto foi ouvido.

"Senhor, proteja esse homem", Nóz choramingou.

— Senhor Edgar, conto com a sua palavra — pronunciou Clara, segurando firme a mão do homem.

Ele a arrastou para dentro do chalé, observando as costas largas do homem com uma expressão de tédio. logo sua mão foi solta, e Clara pôde vislumbrar o quarto, estava limpo e arrumado, o que a surpreendeu. Havia deduzido que encontraria uma tremenda bagunça, com bitucas de cigarros pelo chão e um cheiro forte de bebida alcoólica, mas, para sua surpresa, o ambiente cheirava muito bem. O criminoso semeava o caos após fugir das cenas dos crimes, o que não condizia com o que Clara encarava agora. Edgar pegou as garrafas no frigobar e estendeu uma a ela.

— Você bebe cerveja preta? — O suspeito iniciou uma conversa amigável. — Já saí com muitas jovens, não que eu queira me gabar, mas a maioria gostava de cerveja. Você, no entanto, não parece gostar. — Ele deu um sorriso torto.

— Eu não sou muito fã, já tomei cerveja na época do ensino médio, mas bebidas quentes são mais interessantes para mim. — Ela afirmou.

A espiã abriu a cerveja pressionando a manga da blusa sobre a tampa.

Rapidamente, ele se aproximou dela, puxou uma cadeira e a convidou para sentar-se. Em seguida, se acomodou e começou a falar sobre a bebida, que teria um sabor adocicado ao se acrescentar limão. Ela prestava atenção e demonstrava interesse com suas expressões; sorria ocasionalmente com sedução e ajeitava o cabelo.

Quando a cerveja terminou. Clara solicitou para usar o banheiro prontamente, ele se antecipou e a guiou até o lavabo em seu dormitório.

O ambiente estava impecavelmente arrumado. Edgar passou bem perto dela, ao lado da porta do lavabo, como se a farejasse. Clara tocou o colarinho de sua camisa, insinuando um beijo. Edgar, por sua vez, percorreu com as mãos os braços da mulher, que retribuía com um olhar envolvente e deu uma piscadela sutil.

Em seguida, relaxou o aperto no colarinho e deslizou as mãos pelo antebraço dele. Desvencilhando-se do firme aperto em seu próprio braço, ela rodopiou ao redor dele, acariciando as costas robustas de Edgar.

A dama, com pressa, agarrou ambas as mãos do cavalheiro, trazendo-as para trás.

— Você é masoquista? — Disse ele, girando a cabeça para encará-la.

— Há!

— Não combina com você — Edgar murmurou.

Ele sentiu algo envolver seu pulso, logo em seguida o clique das algemas foi percebido, Edgar remexeu os braços sem entender o que ocorreu.

— Senhor Edgar, ou devo dizer Oliver Ston? — ela falou e um tom de fúria. — Parece que o lobo está algemado.

— Sua Vadia, como me achou…

Clara chutou o homem ao chão, o virou e lhe desferiu um soco rápido, que resultou em um nariz quebrado. Ele sacudiu a cabeça zonzo, a espiã elevou seu dorso e o arrastou com dificuldade até a cadeira. O sentou, envolveu outra correia no pé dele, o prendendo na medeira do assento, puxou um celular do bolso e começou a citar os crimes como uma professora que dita um texto.

— Oliver Ston, você receberá voz de prisão dos meus amigos policiais sobre os crimes de estelionato, homicídio qualificado e estupro de vulnerável. — Clara disse.

— Eu não fiz nada disso. — Ele indagou com o semblante triste.

— Então, por que você não se apresentou na delegacia, você fugiu? Você fez, olha bem aqui. — Ela lhe mostrou vídeos de câmeras de segurança.

Em uma das filmagens, ele entrava na residência de uma família norte-americana de quatro pessoas, dois adultos, um adolescente e uma criança. Na outra gravação, Oliver aparece carregando a criança no colo e leva para região de mata próxima à casa das vítimas.

— Você é um monstro! Eu não interrogo, os suspeitos, que eu sou paga para captura, mas fiquei curiosa, senhor Oliver… O quê uma criança de 6 anos despertou em você? Você matou a mãe, o pai e o irmão mais velho dela, mas antes disso você a observava pelas redondezas da escola, como mostra nessa câmera de vigilância. Como um predador infantil, essa foi sua última vítima, eu tenho investigado você há três meses depois desse crime…

— Sua vadia… eu não fiz nada disso — o tom de voz do homem era hostil — Tenho o direito de não te responder se não quiser.

— Você me interrompeu, eu não quero mais saber — ela deu dois tapinhas no ombro de desse homem, sorriu, caminhou para a mesa e se sentou segurando o celular em frente ao rosto. — Digno de cinema, você estuprou e matou seis crianças, mais de vinte pessoas. Um assassino em série fodido.

Entrelaçou as pernas em uma pose majestosa. Clara começou a pronunciar os nomes de cada vítima, o homem ficava aos berros a insultando e era calado com socos no rosto. Instantes depois ele estava com o maxilar quebrado, gotejando sangue pela boca, e a espiã apontava uma Colt para o centro do rosto do criminoso.

— Eu queria matá-lo com minhas próprias mãos! — ela pronunciou. — Já estou muito suja com seu sangue.

"Agente, você não pode matar o cara", Nóz cochichou no comunicador.

— Ele vai morrer de qualquer forma — Clara reclamou em voz alta. — Por que eu não termino logo com isso? — ela engatilhou a Colt e encostou no rosto de Oliver — se você se arrepender desses pecados e ir para o céu, eu não quero estar no mesmo lugar que você!

Clara ouviu passos atrás de si, logo pôs o capuz do moletom cobrindo a cabeça.

— Agente! Coloque a arma no chão e saia de perto do criminoso — uma policial gritou em direção sua direção — o trabalho já foi entregue, o estado quer o depoimento dele. AFASTE-SE!

Clara olhou para o policial e fez um beicinho com os lábios, como uma criança repreendida pela mãe.

Logo em seguida, sorriu para a policial, jogou as chaves das algemas no chão próximas a Oliver e saiu do chalé sem dizer uma palavra.

— Esses agentes da URNOS são pessoas grosseiras e violentas, me deu calafrio. — Outro policial falou ao entrar no chalé, após ser examinado friamente pela espiã— esse é o homicida? ele tá diferente da foto.

O policial observou minuciosamente o rosto de Oliver que encontrava-se desmaiado.

— É, ele só pintou o cabelo, acho que vai precisar de uma cirurgia no rosto — disse a policial, balançando a cabeça negativamente — oh, porra!

— Aquela mulher fez isso? — O policial perguntou, apontando para o rosto do homem — acha que ele távivo?

— Anda logo! — A policial gritou.

— O que te deu mulher.

— Não aconteceu nada aqui, precisamos levar o suspeito sem que os repórteres lá fora vejam! — falou a policial, pegando as chaves do chão e jogando para o seu parceiro.

O outro policial concordou, tirando as algemas do pé do suspeito e o levando para a saída dos fundos da pousada.

(...)