Capítulo 14: Coração em Conflito
Assim que entrou no quarto, Laura sentiu o peso do dia cair sobre seus ombros. Encostou-se na porta fechada, respirando fundo enquanto tentava conter as lágrimas que ameaçavam escapar. Caminhou até a cama e sentou-se na beirada, os olhos fixos no chão.
— O que eu estou fazendo? — sussurrou para si mesma, como se pudesse encontrar uma resposta na solidão do quarto.
A confusão dentro de si era quase insuportável. Sabia que amava Daniel, embora ele fosse apenas uma sombra em sua memória. A dor de não lembrar seu rosto, sua voz, nem os momentos que compartilharam juntos a dilacerava. Ao mesmo tempo, havia Ethan. Ele era intenso, encantador, e despertava nela uma mistura perigosa de desejo e raiva. Mas confiar nele parecia impossível, especialmente depois de tudo o que acontecera.
"Ele só quer uma conquista", pensou, balançando a cabeça, como se tentasse afastar a imagem do beijo. Mas o calor daquele momento ainda queimava em sua pele.
Levantou-se, impaciente, e começou a andar de um lado para o outro. As emoções estavam transbordando, e ela precisava de alguém com quem conversar. Sem pensar duas vezes, pegou o celular e ligou para Isabela.
— Laura? — Isabela atendeu no segundo toque, a voz carregada de preocupação.
— Isa... — Laura começou, mas a voz embargada a fez parar.
— O que foi? Você tá bem? — Isabela insistiu, agora mais alerta.
— Não... não tô. Eu não sei mais o que fazer.
Laura deixou o corpo cair novamente na cama, as lágrimas finalmente caindo. Entre soluços, contou tudo para a amiga: o beijo de Ethan, a lembrança repentina de Daniel que a fez recuar, e a sensação de estar presa em uma teia de sentimentos que não conseguia controlar.
— Eu me sinto perdida, Isa. Não sei o que pensar, o que sentir. Por que ele fez isso?
— Calma, amiga — Isabela disse, com um tom de voz tranquilizador. — Me conta tudo com calma. O que exatamente aconteceu?
Laura respirou fundo e tentou organizar os pensamentos antes de começar a falar novamente.
— Ele me beijou... — disse, a voz ainda trêmula. — Foi... foi tão intenso, Isa. Eu resisti no começo, mas depois... eu me entreguei. Só que, de repente, a imagem de Daniel veio à minha mente. Foi como se eu o sentisse ali, entre nós dois.
— E você se afastou? — Isabela perguntou, curiosa.
— Sim. Pedi pra ir embora. Não consegui continuar.
Houve um breve silêncio do outro lado da linha antes de Isabela responder.
— Laura, isso tudo é muito confuso, eu sei. Mas... o que você sente pelo Ethan?
— Eu... não sei. Ele mexe comigo, Isa. Mas não confio nele. Ainda mais com toda aquela história da Carla. Ele é tão imprevisível.
— E o Daniel? — Isabela perguntou, com cuidado.
Laura fechou os olhos, tentando organizar seus pensamentos.
— Eu sei que o amava, Isa. Mas é como tentar segurar fumaça. Não consigo lembrar dele, mas a dor de não tê-lo aqui é tão real quanto o que sinto pelo Ethan.
Isabela suspirou do outro lado.
— Amiga, você já pensou que talvez precise dar uma chance ao Ethan? Não tô dizendo pra você esquecer o Daniel, mas... talvez conversar com o Ethan te ajude a entender o que ele realmente quer.
— E se ele só quiser brincar comigo? E se eu acabar me machucando mais?
— Olha, Laura, pelo que você me contou, ele parece bem mais envolvido do que só brincando. E, sinceramente, fugir não vai resolver nada. Você precisa encarar isso de frente.
Laura ficou em silêncio, refletindo sobre as palavras da amiga.
— Você acha que eu devo conversar com ele?
— Sim. Mas só quando você estiver pronta. Não se pressione, amiga.
Laura respirou fundo, sentindo-se um pouco mais calma.
— Obrigada, Isa. Você sempre sabe o que dizer.
— Claro, Laurinha. Agora tenta descansar, tá bom? Não deixa isso te consumir.
— Vou tentar.
Depois de desligar, Laura deitou-se novamente na cama. Sentia-se mais tranquila, mas ainda havia uma inquietação em seu coração. Pegou o celular e, quase sem querer, abriu a última mensagem de Ethan.
"Laura, sinto muito por hoje. Não queria te deixar desconfortável. Espero que possamos conversar em breve. Me perdoe, por favor."
Ela leu a mensagem várias vezes, tentando decifrar suas intenções. Ele parecia sincero, mas era difícil ignorar suas dúvidas.
Guardou o celular na mesa de cabeceira e fechou os olhos. As palavras de Isabela ecoavam em sua mente: "Você precisa encarar isso de frente."
Ainda assim, o medo de se machucar a fazia hesitar. Enquanto o sono finalmente a envolvia, Laura decidiu que precisava de tempo. O que quer que fosse, ela resolveria em seu próprio ritmo